Singin’ in the Rain
Cantando na Chuva é um clássico. Acho que não há quem discorde disso. Você pode não gostar de musicais, ou não entender muito disso (ou ambos, não gostar PORQUE não entende, mas que seja), mas é difícil quem não conheça a cena de Gene Kelly cantando na chuva. É uma das cenas mais memoráveis do cinema (não falo apenas de musicais).
Foi classificado como primeiro lugar na lista de 25 maiores musicais do cinema americano, apresentada em 2006 pelo American Film Institute. Para mim não está em uma posição assim tão alta, mas com certeza é um filme que vale a pena assistir.
A cena inicial contendo Gene Kelly, Donand O’Connor e Debbie Reynolds com suas capinhas de chuva, seus guarda-chuvas e um trecho de “Singin’ in the Rain” já te deixa de olhos brilhando. Quer dizer, me deixou de olhos brilhando. Uma introdução perfeita.
O filme foi feito em 1952, e eu ri quando notei que o filme era de época. O que estou tentando falar é que em 1952, o filme já era de época, pois a história se passa em 1927, e trata do surgimento do cinema falado. Antes, o cinema mudo era um sucesso, mas com o lançamento do primeiro filme com fala, os espectadores tornaram-se mais exigentes. Cantando na Chuva nos traz uma visão de como não foi fácil a transição de cinema mudo para falado. Não era a mesma coisa produzir um e produzir outro.
Nesse contexto, somos apresentados a Debbie Reynolds interpretando Kathy, uma atriz de teatro. É muito interessante (tudo se passa ainda antes do lançamento do filme falado) vê-la desafiando Gene, dizendo que ele não é um ator de verdade, porque ele “não possui falas”. Agora um pouco de minha opinião: não muito tempo atrás, li um texto do livro “A Memória Vegetal” de Umberto Eco, e em uma parte ele mostrava o medo errôneo de um personagem (desculpem, não me lembro o nome) de que com o surgimento da escrita, a arquitetura deixaria de ser útil, pois antes ela era usada para guardar a história. Bem, e o que isso tem a ver com o filme? Eu explico. Acontece que eu pensei a mesma coisa durante o filme; como astros do teatro se sentiram na época do lançamento do cinema falado, sendo que eles acreditavam ser tão melhores que os artistas de cinema por possuírem falas? Quer dizer, se agora o cinema tinha voz, o teatro não era mais necessário? Graças a Deus, isso nunca aconteceu. Cinema e teatro são duas linguagens extremamente diferentes, cada uma com sua emoção (tá, eu prefiro o teatro, mas não importa).
Uma coisa que notei também durante o filme foi que os musicais de antigamente valorizavam bastante a dança. Não mais do que se valoriza hoje, não é o que estou dizendo, mas apenas de maneira diferente. Hoje em dia vemos grandes coreografias, ou cenas sem coreografia, porque a música em si não precisa de mais absolutamente nada. Já em 1952, notamos aqueles passinhos clássicos, várias e várias vezes durante o filme. Bem, é uma questão de época. Musicais passaram um tempo por baixo, voltaram com tudo, mas nem sempre é a mesma coisa. Não estou criticando. Prefiro o novo estilo.
E não posso terminar sem falar da cena de “Singin’ in the Rain”; aquilo é para assistir e ficar na memória mesmo. Acontece logo que Don (Gene) deixa a casa de Kathy; me disseram: “é assim, o amor faz a gente cantar na chuva”. É bonito ver a felicidade do personagem, a simplicidade com que ele canta. Ele nos transmite uma paz, uma emoção, meio difícil de explicar. Você consegue acreditar que o personagem está feliz de verdade. Uma cena memorável.
E agora, só sobre mais uma musiquinha, prometo. “Good Morning”, música cantada pelos três protagonistas, não é uma cena tão famosa quanto a anterior, mas com certeza vai ficar na minha memória. A felicidade de um estar ao lado do outro, o sentimento de amizade que eles conseguem transmitir, os planejamentos para o filme musical a sair. Tudo, tudo naquela cena tem um quê que te deixa contente. Uma cena graciosa, realmente.
Consegui rir com algumas cenas do filme. Consegui sorrir após um número musical. Acho que é isso que se espera de um musical, não é? Gênero: comédia musical; então está tudo bem, porque eu não me emocionei (não foi como Moulin Rouge, ou The Phantom of the Opera, e aqui estou eu falando deles de novo), mas mesmo assim o filme valeu a pena. Para quem é fã de musical, precisa assistir a Cantando na Chuva. Afinal, é um clássico dos musicais.
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