E “As Duas Torres” se uniram...
Finalmente assisti às “Duas Torres” nessa minha versão estendida. Mais uma vez fiquei com meus olhinhos brilhando, de boca aberta (espero que eu não tenha babado, mas que seja, eu estava sozinho mesmo). Mas esse filme me pareceu ainda mais lindo de se ver agora. Simplesmente amei As Duas Torres. Bem, eu disse que tinha um carinho super especial por “Sociedade”, e ainda tenho, mas aqui vemos o fim da inocência, vemos que nada é fácil, e que não é a história de um hobbit carregando um anel, mas toda a história de um povo, de um mundo inteiro. É demais. O segundo volume de uma trilogia muitas vezes é contado como o mais fraco; não que ele seja fraco, mas algumas pessoas não entendem o fato de não ter começo nem fim. E o que seria de O Senhor dos Anéis, sem As Duas Torres? É, nada. Mas realmente, o filme não tem começo, meio e fim. Acaba ainda mais bruscamente que A Sociedade do Anel, e já começa com tudo, porque a história já está encaminhada, não existe introdução; em um filme convencional, começa no que estaria acontecendo no mínimo em uma hora de filme. E é por isso que o Senhor dos Anéis é tão bom! Mas que seja. E temos a oportunidade de assistir 42 minutos de cenas adicionais, que transformam o filme em um filme de (sem contar os créditos) 3h34min! É, eu sei. Incrível! Dessa vez o estilo de narrativa da história é muito diferente, com a separação da Sociedade e a união das Duas Torres (Isengard e Gondor). Temos vários caminhos diferentes, várias histórias para acompanhar ao mesmo tempo. Chegamos a ficar meia hora sem nem ver o Frodo; porque, como eu disse, a história não é sobre ele, ele é apenas uma parte dela. Então fica muito mais fácil de se acompanhar para aqueles que já leram. E nessa mudança de narrativa, além de termos vários caminhos diferentes, vemos caminhos e aventuras talvez mais fortes que em “Sociedade”, afinal a história está caminhando para o seu final. É tudo muito incrível.
Começamos o filme ouvindo mais uma vez a frase “You shall not pass!”, por Gandalf, e o grito de Frodo quando Gandalf cai. Acho que rever a cena é triste mais uma vez, já deixa o filme com um tom melancólico, mas dessa vez acompanhamos a descida do mago, não a partida da Sociedade; e vemos Sam e Frodo (que estava tendo um pesadelo), e é maravilhoso ouvir Sam dizer “O que foi, Sr. Frodo?”; ouvir “Mr. Frodo” faz você saber que está assistindo Senhor dos Anéis, é demais. E uma cena excluída que temos agora, é do temperinho que Sam trouxe para um “frango assado”; a relação de Sam e Frodo fica bonita novamente, e a frase de Frodo “é especial. É um pedacinho de casa” é tocante. Já vemos que a coisa não vai ser leve quando Frodo vê o olho de Sauron sem nem ao menos tocar no Anel, e a fala de que “está ficando mais pesado”. Mas é bonito ver Sam tentando animá-lo (“Com você o tempo nunca fecha, não é, Sam?”).
A relação estabelecida entre Gollum, Sam e Frodo foi bem trabalhada. Logo de cara vemos Sam revoltado contra ele, e Frodo com pena. E isso se explora ao longo do filme com perfeição. Vemos Gollum discutindo com Sméagol, que ficou ótimo, e Frodo sofrendo cada vez mais. Uma conversa entre Frodo e Gollum ficou ótima e muito explicativa, quando Frodo diz que ele já foi não muito diferente de um hobbit. Ou seja, Frodo entende o poder que o Anel exerceu sobre a criatura mais que Sam, além de temer ficar como ele, é por isso que ele o compreende. Além do mais, Frodo quer acreditar que Gollum tem cura, para poder se convencer de que tudo acabará bem para ele também. É uma situação bem difícil e muito bem explorada, além de muito bem interpretada. Mais uma vez Elijah está de parabéns.
Pippin finalmente provou que tinha sim inteligência para participar de tal demanda (quem não se lembra da ótima cena em Valfenda, na formação da Sociedade do Anel, quando há uma piadinha sobre isso?), no momento em que tirou o broche que ganhou em Lothlórien e o soltou para que Aragorn os encontrassem. Mais tarde de novo, quando pede para que Barbárvore vá para o Sul, no fim do filme, mas isso é para frente, para frente.
Bem, só um pequeno comentário perdido aqui: a musiquinha que toca em vários momentos (muito mais na Sociedade que aqui) me lembra muito a música de De Volta Para o Futuro. Mas era só um comentário, vamos prosseguir.
É legal ver o trio formado por Aragorn, Legolas e Gimli, sem contar que eles estão muito diferentes do primeiro filme. Parecem mais maduros, presos numa corrida mais desesperada, com Gimli na parte cômica, Legolas e seus dons élficos, e Aragorn e seus dons de guardião; tudo parece muito mais sério. A partir do momento em que eles se juntam à Rohan, o trio quase se desfaz, pois há muita gente, há muita história, mas eu gosto muito desses três. No momento em que o trio é cercado, ainda no começo, é muito bom ver Legolas defendendo Gimli (sem contar que a introdução é ótima, com a ameaça de “cortaria sua cabeça, se ela estivesse mais acima do solo).
A cena em que o trio pensa que os hobbits morreram é triste. A frustração de Aragorn é bem feita. Mas é incrível ver Aragorn interpretando a história do que houve, apenas analisando o chão. A cena em que ele narra o que aconteceu, em paralelo com a cena real, ficou linda.
Sobre os ents. Ficaram bons, realmente deram aquele tom de que para eles tudo é devagar. Só não gostei dessa história se estender pelo filme todo. Mas ver Pippin com medo, no início, foi encantador. E ouvimos citações ao “Mago Branco”, e Merry e Pippin chegam a vê-lo, mas ainda não é contado para nós que se trata de Gandalf. Mas bem, se você leu, você sabe.
Sobre os Pântanos Mortos. A cena me encantou, me deixou fascinado. Achei bem produzida, teve um tom carregado, ao mesmo tempo que melancólico. Principalmente o momento em que o corpo abre o olho embaixo da água e Frodo cai. Toda a cena foi ótima.
A volta dos Nazgûl foi ótima. Aqueles que não leram, que não são fãs, provavelmente nem lembravam mais deles, mas pessoas como eu estavam ansiosas para vê-los novamente. Eu estava. É legal ver Frodo sentir dor no ferimento, apenas pela presença deles (e rever parcialmente a cena em que Frodo coloca o anel no primeiro filme, e é ferido); a montaria alada, diga-se de passagem, é muito mais bonita e muito mais amedrontadora que os cavalos. E mais uma vez Sam impede Frodo de cometer a burrice de colocar o anel.
E uma das cenas mais esperadas, definitivamente. Legolas diz que “O Mago Branco se aproxima”, e então eles planejam destruí-lo, antes que ele tenha a oportunidade de dizer algo e enfeitiçá-los. Então a maneira como ele impede é demais. Ver que o Mago Branco é Gandalf é fascinante. Definitivamente, meus olhos brilharam. É uma cena linda, e dá uma paz ver Gandalf ainda vivo. É bom ver sua história, e como o tempo pareceu muito mais longo para ele, sendo que ele mal se lembrava que era chamado de Gandalf, o Cinzento. Temos então, pela primeira vez, seu novo nome: “Gandalf, o Branco”. A conversa de Gandalf e Aragorn (como sempre) foi ótima, e foi bonito ver o mago satisfeito por Sam ter acompanhado Frodo em sua jornada. Temos então a chegada ao Portão Negro, e ver Sam e Frodo sob a capa élfica de Lothlórien foi lindo.
Em Fangorn temos uma cena engraçada, novamente, entre Merry e Pippin, um certo alívio ao filme. E podemos ver cor mais uma vez na tela, algo como Valfenda na “Sociedade”.
Falando sobre Théoden e Gríma, ambos estavam ótimos. Gandalf entrando com o cajado para falar com o rei foi mais engraçado no livro, pois ele se fez mais de coitadinho, mas tudo bem. A cena em que o mago libera o rei do poder de Saruman, que o está possuindo ficou incrivelmente bem feita e linda de se ver. Foi meio forte, mas muito, muito legal. E então temos o funeral de Théodred, excluído na versão para os cinemas, mas é interessante ver o sofrimento de Théoden.
Vemos a primeira discussão entre Sam e Frodo por causa de Gollum. Foi uma cena forte e muito triste. É verdade quando dizem que uma palavra magoa mais do que qualquer coisa. Naquela cena vemos que eles não precisam se agredir, mas apenas as palavras ditas fazem a cena ser pesada. Mas é bonito ver que Sam está preocupado com Frodo, porque ele sabe que o Anel o está dominando, ele tenta alertá-lo disso, então entendemos o lado de Sam. Mas não tem como não entender o lado de Frodo, em todo o seu sofrimento, em seu conflito interno, com medo de virar algo como Gollum. Ver Gollum discutindo com Sméagol também é meio triste, afinal você nota que Sméagol não é ruim, e ele quer o bem de Frodo, quem o influencia é Gollum; então se torna triste ver a discussão, ver Sméagol como um prisioneiro, como se ele não tivesse alternativa. Mais que nunca você sofre com Frodo nesse filme; você não sofre como sofreu em “Sociedade”, porque o perigo parece ainda mais profundo dessa vez, e a maneira como você pensa que “o maior inimigo está dentro da gente” é bem trabalhada. Frodo está no seu limite, com o poder do Anel crescendo sobre ele, sua insegurança, sua aflição, tudo; como disse, Elijah Wood merece os parabéns por sua interpretação, mais uma vez, ótimo como Frodo, e nos convencendo de que tudo é difícil. Temos então uma cena linda com os olifantes e a chegada dos homens de Faramir, capturando os dois hobbits. Nesse momento estamos em 106 minutos de filme, e chegamos ao fim do disco 1.
Nossa, vou dizer que achei muito engraçado o diálogo de Aragorn e Éowyn, no qual ele revela ter 87 anos. Após isso vemos muito de Arwen e da história dos dois. Temos a possível morte de Aragorn, e é bonito ver a tristeza do anão e do elfo, o salvamento dele é legal. Triste foi a fala de Elrond para a filha, sobre como Aragorn morreria e ela passaria a eternidade sofrendo por isso e tal. Arwen chorando foi muito emocionante, e então temos a partida dos elfos. Como falei da outra vez, Lothlórien tem um ar muito diferente do de Valfenda, mas escuro, com menos cor; e nesse filme, Valfenda ficou muito parecida com Lothlórien. Apenas um comentário.
Voltando ao Frodo; toda a história com Faramir foi legal. Eu estava ansioso por ver Faramir, afinal gosto mais dele do que gostava de Boromir. Boromir era legal, mas Faramir é demais. Talvez eu goste dele por toda a história de ser desprezado pelo pai (que é bem explorada no filme, nos transmite bem a sensação ruim), mas Boromir o defendendo dá a ele certo crédito, claro. Faramir era mais companheiro dos hobbits no livro, talvez por isso eu goste tanto dele, porque no filme ele pensa em levar o Anel para Gondor até o último momento, já no livro ele muda de idéia mais rapidamente e ajuda Frodo e Sam. Foi muito legal quando Frodo se apresentou, e apresentou Sam, daí Faramir pergunta “Seu guarda-costas?” e Sam diz “Seu jardineiro”, foi ótimo, mas poderia ter sido “Seu amigo” ou sei lá. Mas que seja. Também é boa a resposta de Frodo à pergunta se ele era amigo de Boromir: “Sim, da minha parte”. Ótima.
Sméagol estava tão engraçadinho no Lago Proibido, que foi muito triste Frodo ajudar Faramir a capturá-lo, afinal ele acreditava no “mestre” e achava que ele fosse seu amigo. É compreensível que ele queira se vingar. É muito triste ver Sméagol chorando quando Faramir o interroga, e é interessante ver o retorno de Gollum, que finalmente tinha ido embora na última discussão.
Temos então o Nazgûl mais uma vez, e Frodo quase colocando o Anel na sua frente, impedido novamente por Sam. Cena totalmente inventada, mas interessante. Mas é nessa hora que Frodo tira a espada e quase o ataca. É uma cena pesada e extremamente triste. Sam dizendo “Sou eu. O seu Sam. Você não reconhece o seu Sam?” foi comovente. Sean Astin é um dos meus atores preferidos, porque acho que ele interpreta o personagem de Sam com extrema perfeição, e sempre me deixa emocionado. Depois desse diálogo, Elijah Wood também tem seu momento, no qual sofremos novamente com Frodo, pelo peso e dificuldade que carrega. A narração de Sam sobre as “histórias” foi linda, e quando Frodo pergunta “a que podemos nos agarrar?”, ele responde “Ao bem que há nesse mundo, e pelo qual vale a pena lutar”. É uma cena tão linda, que até mesmo Gollum fica comovido.
A Batalha de Helm foi a primeira grande batalha de O Senhor dos Anéis; Legolas contra Gimli na contagem de mortos foi muito engraçada. Ao final, temos a contagem de 42 para Legolas, e 43 para Gimli; então é super engraçado quando Legolas atira uma flecha em um já morto, dizendo que foi 43, e Gimli reage, falando que ele já estava morto. Toda a cena foi bem engraçada. Gostei bastante da hora em que o anão pede a Aragorn para que ele o jogue, pois em Moria ele pulou, dizendo que “ninguém arremessa um anão”, na “Sociedade”. É legal como mesmo nesse momento, ele diz “não conte ao elfo”. A relação Gimli-Legolas ficou muito boa nesse filme.
Contagem final (Gimli x Legolas) |
Gandalf acabou tendo uma participação pequena nesse filme, mas sua chegada com Éomer e os Rohirrim não teria o mesmo impacto que teve se o tivéssemos visto durante todo o filme, então está perdoado. É ótima a fala de que “A Batalha pelo Abismo de Helm está acabada. Mas a Guerra pela Terra-Média apenas começou”.
Com a história dos ents se desenvolvendo por todo o filme, vemos pouco Merry e Pippin, mas gostei das sacadas inteligentes de Pippin, e da maneira como Merry se portou mais sério nesse filme. Achei muito boa a cena em que os dois encontram a despensa de Saruman. Depois de tudo o que passaram, eles mereciam uma recompensa. Pena que Sam e Frodo não pudessem ter o mesmo.
Temos a passagem do livro em que Sam se pergunta se um dia eles estarão em canções e contos. “ ‘Vamos ouvir sobre Frodo e o Anel?’. Aí dirão: ‘Sim! É uma das minhas histórias favoritas’!”, e Frodo o chamando de “Samwise, o Bravo”. É uma cena bem bonita, principalmente Frodo dizendo “Frodo não teria chegado longe sem o Sam”, e o Sam todo envergonhado, pedindo para que ele não zombasse porque ele estava falando sério, ao que Frodo responde “Eu também estava”. Foi bem bonita, e mais uma vez temos uma cena comovente entre Sam e Frodo no fim do filme.
Temos a batalha final entre Gollum e Sméagol, na qual ele decide o plano que deveria estar no fim desse filme, mas não está. Em “Sociedade” adiantaram o início de “As Duas Torres”, e aqui cortaram os últimos capítulos do livro, que ficou para o “Retorno do Rei”. Faltou coisas como a conversa de Saruman e Gandalf, Pippin (eu acho que é ele, perdoem-me se estiver errado) com a Palantír, a traição de Gollum, quase morte de Frodo e seu seqüestro…
Coisas importante, e eu julgo que o final seria mais interessante se fosse como no livro, pois o seqüestro de Frodo (a princípio morto) deixaria um clima estranho e de suspense para o fim do filme, seria legal, mas fazer o quê? Bem, eu gostei do filme, e você não se cansa dele, independentemente do seu tamanho. É um ótimo filme, que vale a pena assistir várias vezes. Agora ainda tenho “O Retorno do Rei” na versão estendida, com mais de quatro horas.
Olá, amigo. Foi uma surpresa encontrar teu blogger na net. Estou postando toda a trilogia dos Senhor dos Aneis. Gostei do seu texto. Um abraço...
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