Sweeney Todd


Vou dizer de imediato que não sou um grande seguidor do trabalho de Johnny Depp. Sim, eu assisti à Edward Mãos-de-Tesoura (e quem não assistiu?) e à Fantástica Fábrica de Chocolate (e amei sua interpretação de Willy Wonka, mesmo que meio assustador às vezes), mas não acompanho seus trabalhos com freqüência, não sou fã. E, sim, pertenço a esse planeta, mas nunca vi Os Piratas do Caribe (verei, verei).
Acho que se o filme não fosse um musical, não me interessaria a ver; não digo que não gostaria se o visse, mas não teria a curiosidade que tive de assisti-lo. Era uma peça da Broadway, tinha tudo para ser bom.
Teve uma certa qualidade que me lembrou à Phantom of the Opera (não, não tem nada a ver um com o outro), mas como em Phantom, gostei muito de ver músicas sendo reprisadas, por vezes apenas seus trechos, e principalmente em situações totalmente diferentes, inovadoras.
E as músicas em geral foram magníficas. Gostei muito de ouvir “I feel you, Johanna”, cantada pelo marinheiro na rua do juiz, e principalmente, gostei da maneira como a música tomou uma outra tonalidade quando cantada por ele e por Sweeney enquanto matava seguidas vítimas. Achei um clima meio pesado (mesmo que o sangue tenha sido bem artificial) todas aquelas mortes e aquela música que tanto me encantou numa cena dessas. Por isso ficou tão interessante.
Helena Bonham Carter foi esplêndida em seu papel. Me lembrou a Belatriz em alguns momentos. Alan Rickman me fazia pensar em Snape (e ver “Rabicho” trabalhando para “Snape” foi interessante), mas tudo bem, esse não foi um filme de Harry Potter (mesmo com tantos atores de HP assim).
Foi um filme tão escuro, tão sombrio, que se pode dizer quase em preto-e-branco (com exceção do sangue claro demais para ser sangue), que a atmosfera transmitida foi bem sombria. O filme teve sucesso nisso. Mas vocês não concordam comigo que aquela cena no meio do filme, em que a personagem de Helena imagina o futuro (a praia e tudo o mais), pareceu meio deslocada? Parecia muita cor, muita coisa para aquele filme, simplesmente não se encaixou. Acho que foi uma cena bem sucedida, porque eles transmitiram essa sensação de que essa atmosfera colorida e feliz não tinha nada a ver com Sweeney Todd. Foi bem pensado.

[CONTÉM SPOILERS]
Já sabia que as tortas seriam de carne humana, mas mesmo assim, achei meio horripilante ver as pessoas comendo aquelas tortas. Achei muito mais nojento do que a cena em que há baratas por cima das massas e tudo o mais. Inclusive não achei tão nojento no fim, quando o garotinho acha um dedo em sua torta, só achei ruim mesmo ver a cidade amando as tortas e imaginar do que elas eram feitas. Foi até meio cômica a cena em que os dois decidem usar os corpos como carne para torta, imaginando quem matariam e as vantagens de cada corpo. Terrível, mas cômico.
O final me surpreendeu. Talvez eu tenha sido inocente a não perceber para onde tudo caminhava, mas tudo bem. Johanna com o marinheiro foi bem encantador (e achei que o marinheiro fosse ser morto por Sweeney, ainda bem que não aconteceu). Gostei da maneira como o garotinho (não lembro o nome dele) queria proteger a personagem de Helena, mas me partiu o coração vê-la prendendo-o (ainda bem que ele era inteligente). Achei que Sweeney acabaria por matar a própria filha, e felizmente não aconteceu. Era aí que eu devia ter me dado conta, mas não me dei. Foi chocante ver que no fim, Lucy estava viva, e quem a matou foi Sweeney. A morte da companheira de Todd foi a mais forte de todas. E fiquei surpreso com a maneira como o garoto aprendeu depressa e matou Sweeney.

Achei um fim bem dramático, melancólico, triste mesmo. Mas GENIAL. Sei lá, fiquei contente com o resultado do filme, achei um filme muito bem produzido, amei as músicas, e é, com certeza, um que verei mais muitas vezes (e farei amigos meus assistirem). Bem, resumindo, valeu a pena.

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