A Viagem do Peregrino da Alvorada
É, finalmente minha cidade ganhou um cinema em 3D. E a estréia foi com “A Viagem do Peregrino da Alvorada”. Bem, o filme ficou ótimo nessa versão, é a única coisa que posso dizer. Assisti ao filme pela segunda vez, e quase morri de felicidade ao ver a primeira legenda aparecer na tela. Na primeira vez em que assisti, o filme era dublado. Mal acreditei quando essa versão foi legendada. Quase achei que fosse um erro ou sei lá o quê. E eu curti muito mais o filme na versão original; afinal, a versão original é sempre melhor (odeio filmes dublados), mas que seja.
Essa história nos traz novamente Lúcia e Edmundo Pevensie, em mais uma visita à Nárnia, e dessa vez acompanhados por seu primo chato e reclamão, Eustáquio. Foi o meu livro favorito na época em que li As Crônicas de Nárnia. Faz tanto tempo, que muita coisa eu nem me lembro mais, mas lembro-me de que era meu livro favorito. Dessa vez, a ida para Nárnia se dá através de um quadro (inclusive, a cena ficou muito bonita de se ver no filme), e os irmãos e o primo se vêem a bordo do Peregrino da Alvorada, três anos depois da partida dos quatro Pevensie, no fim de Príncipe Caspian. Portanto, encontramos agora um Rei Caspian X, numa Nárnia que em apenas três anos vive em paz. “Mas se não há guerras para lutar, por que estamos aqui?”, diz Edmundo. E é aí que somos introduzidos à história dessa nova película: recuperar os sete fidalgos perdidos de Nárnia, amigos de Caspian IX. O filme traz uma (muitas) pequena modificação, ao apresentar a “fumaça verde”, para a qual pessoas são oferecidas em sacrifício na primeira ilha (a dos mercadores de escravos), e que vem da Ilha Negra, contra a qual os fidalgos lutaram e contra a qual a tripulação do Peregrino lutará dessa vez.
Ilha dos Mercadores de escravos |
Bem, o filme teve essa pequena modificação no roteiro, fugindo um pouco do original, mas ainda assim é um filme muito bom. Em questão de fidelidade ao livro, nem de longe é tão fiel quanto O leão, a feiticeira e o guarda-roupa, mas sem dúvida é mais fiel que Príncipe Caspian.
É simplesmente delicioso rever Lúcia e Edmundo. E nem chegamos realmente a sentir saudades de Suzana e Pedro; não que eles não façam falta, mas vemos Suzana em mais de um momento durante o filme (e Pedro apenas uma vez). Will Pouter foi magnífico no papel de Eustáquio, e certamente merece destaque; conseguiu ser muito parecido com o que eu imaginei ao ler o livro. Suas brigas com Ripchip, e suas caretas em momentos certos foi incrível.
A chegada em Nárnia, e a recepção de Caspian a Lúcia e Edmundo foi bonita. Georgie Henley e Skandar Keynes (Lúcia e Edmundo, respectivamente) estão ótimos reprisando seus papéis; Eustáquio mais novo que os irmãos ficou interessante, e importante para mostrar o desprezo recíproco entre ele e Edmundo; Lúcia sempre a defensora, mas não importa. Mais bonito de tudo foi ver a relação estabelecida entre Caspian e os irmãos, principalmente no fim do filme, quando ele os chama de família, seguido pelo abraço em Edmundo (e claro, depois Lúcia pula em seu pescoço, muito Lucy). A cena em que Caspian e Edmundo duelam, no navio, foi bonita; eu amo lutas de espadas, e foi legal o elogio de Caspain. Um pouco diferente, a briga dos dois na ilha da água que transforma tudo em ouro foi muito bem feita. Acho que eles quiseram deixar muito evidente o quanto os dois se gostavam, consideravam um ao outro, para que essa cena tivesse um impacto maior.
Cena na ilha |
A ilha dos Tontópodes foi demais. Eu amava demais aquela passagem no livro, então não podia deixar de curtir essa cena no filme. Acontece que ela ficou bem divertida, com os Tontos tentando assustar os narnianos, e de repente aparecendo e mostrando suas formas reais. Foi simplesmente incrível. Já Lúcia teve seus momentos nessa ilha (ela olhar meio assombrada para a porta aberta no meio do nada foi meio desnecessário, afinal ela já entrou num guarda-roupa para ir para outro mundo, do que ela está reclamando?). Quando ela lê o livro (cena da neve foi boa), quando ela se vê como Suzana. Foi uma das ilhas mais divertidas.
A cena em que Lúcia faz nevar |
Lúcia não perde sua oportunidade de gritar “Edmundo!”. Desde o primeiro filme, a mesma coisa. “A Cadeira de Prata” não vai ser a mesma coisa sem isso. Mas dessa vez Lúcia teve uma pequena variação: pôde gritar “Estáquio!” (e, em uma escala menor, “Gael!”). Foi muito interessante ver o desenvolvimento dos personagens que conhecemos desde o primeiro volume; foi bom ver Edmundo tentando entrar para o exército, e a maneira como ele diz ser um rei, a que Lúcia responde “não nesse mundo” foi muito Príncipe Caspian e me lembrou à Suzana. Lúcia cada vez querendo ser mais como a irmã foi fantástico; tivemos dicas de que isso viria a acontecer desde o começo, como quando ela pergunta a Caspian se “nesses três anos, você já encontrou uma rainha?” (ele responde que “não à altura da sua irmã”). Em vários momentos elas realmente ficaram parecidas, mas acho que foi apenas um truque, proposital. A cena em que “Lúcia não existe” foi legal, mas meio estranha, e a fala de Aslam sobre não menosprezar seu próprio valor foi tão boa quanto qualquer fala de Aslam, que está mais lindo a cada filme, diga-se de passagem. Mas fiquei bravo em não ver Aslam como um cordeiro no fim do filme. Muito triste. Porque a cena teria mais impacto. No livro, a cena me marcou mais que tudo, acho a cena mais bonita de todas as Crônicas; não que não tenha sido bonita no filme, mas se ele fosse mostrado como cordeiro, definitivamente seria mais impactante.
Toda a cena da Ilha Negra foi incrível. Amei a maneira como a fumaça verde se comportou (mesmo que ache forçada essa história de colocar a Feiticeira Branca em todo filme – eles devem estar loucos para filmar O Sobrinho do Mago); na hora em que o Lorde diz para eles não pensarem, que a fumaça tomaria a força de seus medos, e Edmundo diz “desculpa”, juro que pensei que ele tinha imaginado a Feiticeira, mas ficou interessante ser a serpente (que por sinal, estava linda e muito bem feita).
Partida de Ripchip |
O filme teve um final melancólico, pelo menos a meu ver. Acho que toda vez que eu assistir ao Peregrino, será como BTTF3. Não foi tão triste a partida de Suzana e Pedro no anterior, talvez porque soubéssemos que ainda tínhamos Lúcia e Edmundo, mas foi realmente triste a despedida deles. Edmundo ainda estava mais conformado, mas Lúcia é a que mais ama Nárnia, a que mais crê em Aslam, então foi tudo muito bonito. E, sim, triste.
De certa maneira, o próximo filme já ficou encaminhado. Temos, na hora da partida, a pergunta de Eustáquio: “Eu voltarei?” e a resposta de Aslam “Nárnia ainda pode precisar de você”. Sendo assim, fica claro o retorno desse personagem (mesmo que o que mais me fazia gostar dele era seu jeito chato e implicante, que se foi, mas fazer o quê?); e no fim, após a volta, ouvimos a mãe de Mísero gritar “Jill Pole veio visitá-lo”. Para quem não sabe, em A Cadeira de Prata, quem vai para Nárnia é Eustáquio e Jill.
Bem, resumindo. Foi lindo ver o “navio indo embora”, Lúcia chorando ao fechar a porta (sua despedida final à Nárnia), e a fala de Eustáquio de que se falou muito em Nárnia nos dias que se passaram, e quando os primos foram embora, ele realmente sentiu sua falta. Bem, ainda se falará muito em Nárnia, certamente. Ainda se falará muito em Lúcia, mesmo que ela não apareça até A Última Batalha. Só tenho medo de o próximo filme não conseguir uma bilheteria suficiente, devido à falta de personagens tão queridos. Vamos torcer para que dê tudo certo, e A Cadeira de Prata SEJA um sucesso; ainda estou ansioso por O Sobrinho do Mago, e especialmente O Cavalo e seu Menino (que, até ser feito, pode conter os atores originais para interpretar os irmãos Pevensie durante a época de ouro de Nárnia).
Em outro post eu falo detalhadamente sobre o filme, minhas cenas preferidas e tudo o mais.
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