It’s only us... It’s only this… – Rent
Para deixar bem claro. Essa postagem é sobre o filme de 2005, e não sobre a fantástica peça de teatro, que ficou doze anos em cartaz na Broadway; sobre a peça, já escrevi o que pensava, e quem quiser, pode conferir através desse link [How do you measure a year in the life?]. E agora sobre o filme, boa leitura.
Rent, o filme, foi lançado em 23 de novembro de 2005 (e infelizmente, não posso dizer que o conferi no cinema), e conta com grande parte do elenco original da Broadway reprisando seus papéis. Dentre os 8 personagens centrais, 6 voltam para seus papéis, após quase dez anos (eles estrearam na Broadway em 1996); Anthony Rapp volta como Mark Cohen, nosso cineasta preferido; Adam Pascal retorna a seu papel de Roger Davis, compositor; Jesse L. Martin como Tom Collins e Wilson Jermaine Heredia como Angel, drag queen encantadora; Idina Menzel, a controversa Maureen Johnson; e por fim, Taye Diggs como Benjamin Coffin III; os dois papéis restantes, de Mimi Márquez e Joanne Jefferson foram preenchidos por Rosario Dawson e Tracie Thoms, respectivamente; uma curiosidade é que Tracie Thoms acabou sendo a atriz que interpretou Joanne na Broadway mais tarde, e é ela que podemos ver na versão filmada, da última noite da peça.
Com direção de Chris Columbus (que não o conhece de Harry Potter?) e seis dos oito principais atores sendo diretamente da Broadway, não tinha como esperar pouca coisa do filme, tinha? Eu estava tão ansioso, tão nervoso, que até era perigoso não gostar do filme. Mas eu AMEI O FILME. Isso sim foi uma adaptação; uma ÓTIMA adaptação, porque o espírito da peça não se perdeu, a fidelidade em relação à história e à ordem das músicas é brilhante, então só posso dizer que a peça foi muito bem transcrita para o cinema (coisa que nunca poderei dizer de Hairspray, mas bola para frente).
Logo no começo, notamos uma pequena diferença, pois o filme já se inicia com Seasons of Love, mas não é nada grave. Afinal, foi o único jeito de colocar os atores um ao lado do outro cantando a música tema do espetáculo, da mesma maneira como eles fazem na peça. Não tinha como essa cena rolar depois de toda a agitação de La Vie Bohème. Então foi uma bela homenagem, só é triste que quem não é familiarizado com a história ainda não saiba quem é quem. Então vemos o logo exatamente como na peça (dá para ver que existe um amor e um respeito à obra original. Incrível).
Não sei se é por causa de meu grande amor à Rent ou que é, mas eu já me emocionei, apenas em ver Mark com sua câmera; ou talvez seja o trabalho incrível de Anthony Rapp, ótimo ator, o eterno Mark, sei lá. Mesmo que eu soubesse de tudo, eu me emocionei, me arrepiei com cada cena, especialmente com o final do filme. Ouvir Rent e depois presenciar Angel sem sua roupa de mulher foi interessante, coisa que nunca tínhamos visto na peça.
Apenas um comentário solto: quando Mark fala Touché, me lembrei de Sawyer, é impossível não lembrar. Acho que qualquer um que diga isso me fará lembrar de Sawyer e de Lost. Ai… que série.
Prosseguindo. One Song Glory ficou ainda mais emocionante que na peça, graças aos flashbacks, impossíveis no espetáculo. Trabalho muito bem-feito, e de certa maneira ficou mais claro o que aconteceu com April (e emocionou bastante); Light My Candle é uma que fica na cabeça, e a parte da bunda ficou extremamente engraçada; eu ainda rio quando assisto, porque ficou mesmo ótima, e a expressão no rosto de Adam foi impagável.
Light My Candle |
Vibrei demais em ver que os recados da mãe de Mark continuam no filme (mesmo que vê-la deixando os recados, na peça, fosse muito mais engraçado), e o comentário de Mark sobre “às vezes me perguntou porque ainda vivo aqui; daí eles me ligam e eu me lembro” foi ótimo.
Tango: Maureen ficou incrível, cômica, perfeita. Assim como na peça, conseguiram fazer o público rir; Mark, como sempre, está dando show. Gostei bastante de ver Maureen já nessa cena, dançando de vermelho enquanto todos dançam de preto (gente, é a Maureen, vocês queriam o quê?). Tudo bem que ela não devia aparecer ainda, mas isso não interfere em nada na história da peça (a não ser, é claro, na surpresa de vê-la na apresentação).
Acho que no filme, mais ainda que na peça, o tema da AIDS estava com força total; as cenas do Apoio à Vida foram todas emocionantes, e foi em uma delas que ouvimos pela primeira vez a famosa frase No Day but Today e Will I lose my dignity?
Mimi e Roger, sempre encantadores. Mimi ficou menos sensual em Out Tonight que na peça, mas tudo graças à variedade de cenas que o filme pode oferecer; começou como na peça, mas quando ela deixou o trabalho, estava com sua roupa normal; de certa maneira, isso tirou um pouco do ar sempre sensual e quase vulgar da personagem, que pareceu ligeiramente mais inocente no filme. LIGEIRAMENTE. A versão de Another Day também arrasou, ainda mais com a expressão de Mimi no final, enquanto Collins, Angel e Mark ajudam a acabar a música, além de podermos ouvir mais uma vez a frase No Day but Today.
As citações à Santa Fé, e sobre abrir um restaurante lá foram menos freqüentes no filme, mas tudo bem, nada demais. A música Santa Fe ficou interessante, e I’ll Cover You ficou tão emocionante quanto nos palcos (mas o que a gente queria, se os dois já foram os atores que os interpretaram originalmente, em 1996?).
Quanto à entrada oficial de Maureen ao filme, no seu show. Sinceramente? Eu gostei mais de seu show no filme do que na peça, mas provavelmente há quem discorde. Mas, de qualquer maneira, ficou bem parecido mesmo. É simplesmente hilário, mesmo que seja uma frase simples, uma música normal, ouvi-la cantar Only thing to do is jump over the moon. Dessa vez tivemos uma platéia de atores para mugir... nossa função na cena acabou. E o fim do protesto achei mais agitado que na peça. Nada que prejudique o filme, claro.
La Vie Bohème merece muitos comentários, mas eu nem sei como colocar aqui, porque é difícil explicar o que eu sinto toda vez que a vejo, que a ouço; começando, a entrada no bar não foi cantada como na peça, infelizmente, porque era engraçado, mas as falas permaneceram muito fiéis à letra da música, então tudo bem. As falas Hey mister, she’s my sister e Sisters? We’re close são geniais. La Vie Bohème tem uma energia incrível, totalmente inexplicável, que acho que só amando mesmo, só vendo para entender; essa música tem a capacidade de me fazer sorrir em qualquer momento, por pior que eu esteja, é perfeita.
I Should Tell You ficou muito bonita, e emocionante; além de romanticamente cômica. Quando voltamos ao bar, temos toda a agitação de volta, com a finalização de La Vie Bohème; o bordão final (que encerra o primeiro ato na peça) de VIVA LA VIE BOHÈME! continua ótimo e de certa maneira emocionante, e não tinha como uma cena dessa não ser aplaudida; por isso, os outros freqüentadores do bar no filme, fazem as honras e aplaudem nossa equipe de atores preferida.
Viva La Vie Bohème! |
Achei que a música não estaria ali, mas ali estava uma nova versão de Seasons of Love, só foi uma pena que a música de Ano Novo não esteja no filme, porque eu gostava dela. Mas fazer o quê? Nem tudo é perfeito, e Rent já chegou muito perto da perfeição.
Vemos mais claramente Mark conseguindo o emprego com Alexi, com a ajuda de Joanne, e é bonita a relação que se instala entre os dois, mesmo com toda a história de Maureen, porque eles conseguem se tornar amigos, mesmo que ele ainda sofra um pouco pela ex.
Take Me or Leave Me é uma das minhas cenas preferidas, por que o que foi aquilo? Eu entendo Joanne até o fim, e acho que ela tem razão, mas a cena é perfeitamente cômica, sem contar que as duas atrizes são ótimas e têm vozes perfeitas. Foi muito mais agitado sendo no noivado, ainda mais com a andança delas e todos os outros seguindo para ver como a história terminava (detalhe para Mimi como “líder do bando”).
Without You é uma música bonita, de letra maravilhosa, e emocionante na peça; mas no filme, mais do que nunca, a cena me deixou triste; de uma maneira incrível, eles colocaram toda a tristeza em uma só música, que ficou meio pesada, mas muito linda. Ver a situação de Mimi e a preocupação de Roger foi triste, até porque Roger também sofreu com tudo aquilo, não tem como negar. Quanto à Angel, vemos ele morrendo, o que não acontece na peça, e o que só deixa tudo ainda mais triste. Collins chorando por ele é comovente. Toda a cena foi triste, e depois temos o velório, que foi bonito, mas acho que ainda nem tão triste quanto a cena anterior.
Já I’ll Cover Yor (Reprise) ficou bonita, ainda mais quando todos na igreja juntaram suas vozes à de Collins e decidiram cantar com ele; eu fiquei arrepiado com a cena, e parabenizo o trabalho de cada ator, tanto aqueles que estão reprisando seus papéis quanto os novatos. Todos merecem aplausos. Ainda pudemos ouvir a famosa frase de Five hundred twenty-five thousand six hundred minutes.
A cena do cemitério foi bonita e muito bem-feita. De certa maneira, deu uma aliviada no filme, mas nos deixou bem claro o problema que todos estão passando, como Mimi e Roger, Maureen e Joanne, foi tudo muito bom. E para mim, a cena está mais do que perfeita, é uma das melhores do filme, sem dúvida alguma, Goodbye Love.
What You Own, como vocês devem lembrar (Música da Semana) é uma música de que gosto bastante. Diferentemente da peça, Roger e Mark não estão juntos a música inteira, o que só a tornou ainda mais bela, porque o momento em que os dois se reencontram no terraço e terminam a música juntos, finalizando com um abraço foi verdadeiramente emocionante.
Considero a chegada de Mimi mais dramática que na peça, mas a cena está de parabéns, porque foi ao mesmo tempo triste, emocionante e muito bonita. A música de Roger (Your Eyes) é linda, e a parte meio cômica da peça foi cortada, o que funcionou perfeitamente no filme, porque não quebrou o clima da cena. A cena ficou perfeita, com um Finale incrível, perfeito, e tocante. Fiquei arrepiado por alguns minutos após o fim do filme.
No other Road, no other Way
Assistam a esse filme, que não tem como se arrepender. Se você é fã de musicais, você já deve ter assistido. Se ainda não assistiu, você vai amar. E para quem não é fã, preste atenção nessa história fabulosa, e você vai ver que é muito bom. Um dos melhores filmes que eu já, com toda a certeza.
Abaixo algo sobre as cenas excluídas que estão nos extras do DVD, vou falar um pouco de cada uma:
My cat fell – é uma cena ótima, fala sobre a morte da Akita, e é legal ver Angel quase confessando o assassinato da cadela; a maneira como cada um ri após isso é demais, e devia estar no filme.
Halloween – a música do Mark, no cemitério, que certamente não devia ficar de fora, porque mostra o sofrimento e a tristeza do personagem, além de ajudar-nos a entender melhor nosso cineasta preferido. Bonita e triste.
Goodbye Love – mais do que qualquer outra, não devia ter sido excluída, pela quantidade de informação que contém. Além de ter feito muita falta. No começo, vemos Benjamin pagando o funeral de Angel e a famosa frase como na peça “você acabou de pagar pelo funeral da pessoa que matou sua cadela”; amei essa parte na peça, e ela está aqui gravada, mas tirada do filme. Mas isso não é tudo, porque presenciamos uma pequena discussão entre Mark e Roger antes de Roger ir embora, e se isso estivesse no filme, o abraço no fim de What You Own teria ainda mais impacto. Temos também Roger e Mimi e a “despedida” do casal. Roger vai embora e Mimi decidi ir para uma clínica de reabilitação. Estão vendo quanta coisa cortada em uma única cena?
Alternate Ending – Uma nova versão do Finale, com os atores no palco, como em Seasons of Love e depois o logo de Rent, é uma espécie de última homenagem à peça, mas eu prefiro o final oficial mesmo.
No day but today...
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