Trilogia Cósmica, Volume I – Além do Planeta Silencioso

Além do Planeta Silencioso é o primeiro livro da TRILOGIA CÓSMICA de C.S. Lewis, escrita nos tensos momentos que antecederam a Segunda Guerra Mundial e que foram concomitantes a ela. É uma parábola de sua época que acabou por resistir ao tempo e que tem sido apreciada por sucessivas gerações não só pela importância de seu conteúdo moral como também em razão da maravilhosa narrativa. Para o papel principal da trilogia, Lewis criou aquele que talvez seja o personagem mais memorável de sua carreira – o brilhante filólogo Elwin Ransom, uma pessoa objetiva, veemente e corajosa – inspirado no amigo J.R.R. Tolkien; nada mais justo, pois no que se refere à amplitude imaginativa e à integridade criativa não de um, mas de dois mundos imaginários, a TRIOLOGIA CÓSMICA só foi igualada, no século XX, à trilogia tolkieniana de O Senhor dos Anéis. A trilogia também apresenta mundos estranhos e mágicos onde se travam combates épicos entre as forças da luz e as das trevas e é uma das obras mais extraordinárias da literatura inglesa de todos os tempos.

Esse livro de Lewis, lançado recentemente no Brasil, me chamou a atenção logo que o vi pela primeira vez. Vinha de um autor que eu gostava e trazia na sinopse um tema que eu gostava: falava sobre viagens espaciais, vida em outros planetas… e realmente, grande parte da história se passa em Malacandra (o que seria, para nós, Marte); C.S. Lewis cria um universo totalmente novo e muito interessante; é aconchegante e é gostoso de se imaginar… é diferente, bastante diferente do que temos na Terra (e do que temos em Nárnia, que segue certos padrões terrenos), e isso o torna ótimo. A maneira como Lewis pensou em tudo, em como o mundo seria em cores, em formas, como as vidas se desenvolveriam…
As vidas em malacandrianas são absolutamente encantadoras… no princípio, temos um Ransom que foge, que não conhece aquele mundo e fica com bastante receio de estar ali (gostei especialmente de como a água foi descrita no livro); depois conhecemos Hyoi, um hross, e começamos a nos apaixonar por aquela vida… e Lewis cria um novo planeta que serve para dar lição em cima de lição na maneira de vida terrestre. É ótimo ver as diferentes formas de vida inteligente convivendo com perfeição naquele mundo, é perfeito ver Ransom passando a ser parte de tudo aquilo, vivendo tudo aquilo e passando por tudo aquilo… e esse é o propósito do livro, que com grandes cenas de fuga, ótimos diálogos, várias coisas engraçadas e muita descrição, para que o mundo fique mais real aos nossos olhos, consegue transmitir muito bem a sua mensagem.
É um novo tipo de literatura, um outro tipo de narrativa. Não espere nada parecido com As Crônicas de Nárnia. Aqui não teremos grandes batalhas, guerras, nem aventuras daquele estilo… parece uma leitura mais calma, mas filosófica; foi o momento que Lewis tirou para ser filósofo; ele nos apresenta boas perguntas, boas respostas e bons diálogos… é um livro para se pensar depois da diversão de lê-lo, e eu recomendo, com toda a certeza. Abaixo, coloquei uma pequena descrição de o que seriam os corpos dos eldila, porque achei simplesmente genial:

-Se o movimento for mais veloz, o que se move estará mais próximo de estar em dois lugares ao mesmo tempo.
-É verdade.
-Mas se o movimento fosse ainda mais rápido… é difícil explicar porque você não conhece muitas palavras… você percebe que, se você acelerasse cada vez mais, no final o objeto em movimento estaria em todos os lugares ao mesmo tempo, Pequenino.
-Acho que percebo isso.
-Bem, então, é isso o que está em primeiro lugar em relação a todos os corpos: tão veloz que está em repouso, tão verdadeiramente corpo que deixou totalmente de ser corpo.

(C.S.Lewis, Além do Planeta Silencioso, pág. 127)

É uma leitura intelectual, galera, extremamente recomendada… se você não for tão fã de viagem espacial (como eu sou!) você se apaixonará quando conhecer Malacandra, quando conhecer os hross e quando ver Ransom aprendendo a língua nativa daquele povo… para finalizar, temos os dois últimos capítulos (na verdade o capítulo 22 e o “Pós-escrito”) que finalizam o livro com perfeição. O primeiro, ainda na narração normal, nos apresenta algumas informações de Lewis, nos afirmando de que aquilo é verdade, e de que “Ransom”, “Weston” e “Devine” foram nomes utilizados apenas para fins fictícios… depois temos um texto maravilhoso, que seria uma carta de “Ransom” para Lewis, esclarecendo algumas coisas, reclamando de certas coisas que não apareceram na narrativa, tudo muito interessante…
É uma ótima leitura, pessoal, eu realmente recomendo. Sendo já fã de C.S. Lewis ou não, é um livro que você deveria ler. Eu o li em um dia (tudo bem que foi aproveitando um feriado e tudo o mais), mas ainda assim… depois de começar a ler, tudo o que você quer é continuar para saber como aquilo se desenvolve… recomendo! Até mais!

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