As Crônicas dos Kane, Livro Dois – O Trono de Fogo


Mal posso acreditar que eu finalmente li o livro! Fiquei tão contente quando finalmente o tive em mãos que é bem difícil de explicar. Como eu digo, minha história com esse livro parecia uma novela mexicana: cheguei na livraria e não vi o livro em exposição, depois de dizer para a vendedora que não precisava de ajuda… depois, resolvi perguntar para ela, só para não ficar com peso na consciência, e ela disse que se lembrava daquele título e foi procurar… ainda estava dentro da caixa, eu a vi abrir a caixa e tirar um exemplar de O Trono de Fogo lá de dentro… e, por sorte, só havia dois, um dos quais estava reservado… eu consegui o meu, e só eu sei o tamanho da minha emoção quando saí da livraria com o livro na mão; eu estava realmente tremendo, vibrando, e lembro-me de me sentir assim pela última vez quando segurei Relíquias da Morte pela primeira vez na mão.
Zia
Mas ok, vamos ao livro. O Trono de Fogo é o segundo volume de As Crônicas dos Kane, do autor Rick Riordan. Essa série, para quem não sabe, utiliza-se de elementos da mitologia egípcia, completamente diferente da grega ou romana. Continua a história de A Pirâmide Vermelha com perfeição, e é uma leitura extremamente prazerosa. Como já comentei, a narrativa de Rick Riordan simplesmente te segura, te diverte e te emociona… acho que Kane é a melhor narrativa dele, sendo narrada ora por um irmão ora por outro… isso torna os personagens ainda mais reais e nos aproxima deles, e isso é magnífico. Ele nos apresenta uma história ótima, uma narrativa irresistível e momentos realmente capazes de nos emocionar. Além de acontecimentos se seguindo um aos outros sem parar, você nem tem tempo de processar tudo…
Em primeiro lugar, devo comentar que esse é o típico livro de meio de trilogia; ele apenas nos prepara para o grande acontecimento do último livro… passamos o tempo todo com a história de Apófis, mas no fim o mais interessante fica para o livro três; esse livro gira em torno da tentativa de Carter e Sadie de despertar o deus do sol Rá, e nos deixa com aquela sensação: despertar Rá é mesmo a coisa certa a fazer? Esse foi o grande mistério que permeou a narrativa, e devo dizer que senti um pouco de falta daquilo de “em quem podemos confiar?”, muito presente em Pirâmide Vermelha. Aqui, os amigos e inimigos estavam bem mais definidos, infelizmente.
Bes
O que me leva a outro ponto: dessa vez, o livro não foi tanto de Carter e Sadie como o outro; é claro que eles tiveram a narrativa e eram os principais, mas parece que no primeiro livro eles viveram mais por si só, às vezes com ajuda de um e de outro, mas aqui quase o nunca os vemos sozinhos… sempre temos Jaz, Walt ou Bes ao menos; não que eu esteja reclamando, tendo gostado dos novos personagens. Bes pode ser quase um substituto para Bastet, que passa o livro todo ausente, e devo dizer que gostei mais dele; Jaz e Walt são dois novos personagens interessantes, mas Jaz passa o livro todo em coma, praticamente, e não é essa a impressão que temos no começo do livro… Walt já tem mais espaço.
Por falar nisso, Sadie e Carter estavam mais crescidinhos, cada vez mais obcecados com a “paixão”. Sadie passou o livro todo em dúvida entre Anúbis e Walt… e Carter passou o livro todo pensando em Zia… uma pena que Zia tenha tido bem menos participação que no livro passado, era um personagem que eu gostava.
Walt
Dessa vez, a narrativa continua do mesmo jeito, em primeira pessoa, mudando a cada dois capítulos; não fica bem claro quem narra melhor, os dois estão mais equilibrados dessa vez, mas fica claro que Sadie é bem mais poderosa que o irmão… temos várias citações à gravação de “Pirâmide Vermelha” e temos uma cena em que Walt diz para Sadie começar a gravar novamente (que seria O Trono de Fogo); e quem finaliza o livro é Sadie, e devo dizer: de maneira brilhante; suas últimas palavras, seus últimos parágrafos simplesmente me arrepiaram, foi uma das partes melhor escritas por Riordan, e coloco abaixo:

A questão é: onde quer que você esteja, seja qual foi o tipo de magia que você pratica, precisamos de sua ajuda. A menos que nos juntemos para aprender rapidamente o caminho dos deuses, não teremos a menor chance.
Espero que Walt esteja certo e que você ache que é difícil me ignorar, porque o tempo está passando. Vamos deixar um quarto reservado para você na Casa do Brooklyn.

(Rick Riordan, O Trono de Fogo, pág. 389)

Anúbis
Eu iria, sem dúvida. Outra grande diferença do primeiro volume foi que o primeiro volume parecia muito independente. O final ficou evidente de que precisava de uma continuação, mas ao longo do livro ele parecia muito um só, muito como se não fosse fazer parte de uma série; já esse aqui parece depender de um futuro o tempo todo; a história e a narrativa deixa mais do que claro que é apenas uma preparação para o grande acontecimento, que fica para a finalização da trilogia; em nenhum momento pensamos: “nossa, esse podia ser o final, não tem mais como continuar daqui”. Não é uma crítica. Tivemos dois ganchos principais para o futuro: o da história principal, a volta de Apófis e o fim do mundo, e o emocional, que nos deixa incertos sobre o futuro de Rá, de Walt e de Bes (protagonizando as cenas mais tristes do último capítulo).
Numa análise geral, foi uma grande transição; tivemos o grande acontecimento envolvendo Amós (quase não o vimos no entanto, mas pelo menos tivemos boas cenas com os pais dos Kane) no fim do livro (já era previsto) e ao longo do livro tivemos uma grande “perseguição” ao estilo Ordem da Fênix… o Sacerdote Leitor-Chefe no papel de Ministro da Magia, Amós no papel de Dumbledore, e os Kane como Harry Potter; como se não bastasse, a Casa do Brooklyn serviria como a Armada de Dumbledore… é claro que não foi tão melancólico e pesado quanto OdF, já quinto livro na série, mas foi aquele processo de perseguição em que as autoridades não conseguem aceitar que os protagonistas estão certo e dizendo a verdade… no fim, ainda temos aquele grande momento de: “É, você tinha razão”…
Gente, só um comentário meu, que pode ser uma grande viagem, mas Rick Riordan faz uma alusão a Percy Jackson nesse livro? Prestem atenção nesse parágrafo, da página 85 de O Trono de Fogo: “Olhei para Manhattan do outro lado do rio. Era uma paisagem linda. Quando Sadie e eu chegamos à mansão pela primeira vez, Amós nos contou que os magos tentavam ficar fora de Manhattan. Ele disse que Manhattan tinha outros problemas – seja lá qual for o significado disso. E às vezes, quando eu olhava para além do rio, podia jurar que via coisas. Sadie ria disso, mas certa vez pensei ter visto um cavalo voador. Provavelmente eram só as barreiras mágicas da mansão causando ilusões de ótica, mas, mesmo assim, era estranho”. A única coisa que me vinha na cabeça era que esse trecho era uma brincadeira com as outras séries do autor… quer dizer, é Manhattan que se passa Percy Jackson, e os cavalos voadores me fazem pensar nos pégasos… e essa cena não teve nenhuma outra importância em Trono de Fogo para ser outra coisa… não consigo tirar essa idéia da cabeça, mas eu gostei da referência; bem colocada e muito bem bolada. Mais um ponto para Riordan!
Por fim, Sadie e Carter continuam sendo meus ídolos… eu me emociono muito com cenas ternas entre os dois, que eles realmente demonstram o amor um pelo outro (e tivemos umas de qualidade nesse livro)… outras cenas nos fazem rir, especialmente os comentários no meio da gravação; abaixo, trouxe alguns trechos que eu achei bem engraçados, bonitos ou que merecem algum destaque de algum jeito… CONTÉM SPOILERS, portanto clique em “Ler a matéria na íntegra” para ler… até mais! Leiam o livro!

Pág. 83, capítulo 6 – Uma banheira de pássaros quase me mata (Carter) - -Não se preocupe com isso. E, apesar de seus primeiros encontros com Desjardins, eu não diria que ele é realmente um inimigo.
-Diga isso a ele – resmunguei.
-Já disse, Carter. Conversamos várias vezes enquanto estive no Primeiro Nomo. Acho que o que você e Sadie conseguiram fazer na Pirâmide Vermelha o abalou profundamente. Ele sabe que não poderia ter derrotado Set sem vocês. Ainda se opõe a vocês, mas, se tivéssemos mais tempo, talvez eu pudesse convencê-lo…
Isso soava tão provável quanto Apófis e Rá se tornarem amigos no Facebook, mas decidi não falar nada.
Pág. 94, capítulo 7 – Um presente do garoto com cabeça de cachorro (Sadie) – Revi desesperadamente minha lista mental de deuses egípcios, tentando identificar a bruxa velha. Eu ainda não estava nem perto de ser tão boa quanto Carter para identificar todos aqueles nomes estranhos. [E não, Carter. Isso não é um elogio. Significa apenas que você é mais nerd].
Pág. 103, capítulo 7 – Um presente do garoto com cabeça de cachorro (Sadie) – Ele levantou uma das mãos. Um tipo estranho de faca materializou-se nela. A lâmina tinha a forma da navalha do personagem Sweeney Todd: longa, curva e muito afiada em um dos lados, feita com metal preto.
Pág. 150, capítulo 10 – A visita de um velho amigo vermelho (Carter) - -Receio que não – Menshikov respondeu – Agora você vai responder as minhas perguntas.
-Ah, muito bem – Set concordou – Acho que o Brasil leva a Copa do Mundo. Aconselho investir em fundos de curto prazo e renda fixa. E nesta semana seus números são 2, 13…
-Não a essas perguntas! – O mago ficou impaciente.
Pág. 185, capítulo 12 – Domino a fina arte de dizer nomes (Sadie) – Seu nome secreto faz você ser quem é. Por isso um nome secreto tem poder. Também é por isso que não é suficiente ouvir alguém pronunciar um nome secreto para saber como usá-lo. É preciso conhecer essa pessoa e entender sua vida. Quanto mais você entende a pessoa, mais poder o nome dela confere. Só se pode aprender um nome secreto a partir do próprio dono – ou da pessoa que mais o ama.
E por Deus, para mim, Carter era essa pessoa.
[Comentário meu: ver Sadie conseguir o nome secreto de Carter foi uma das coisas mais bonitas do livro; foi ali que o amor dos dois ficou mais do que provado, e eu amei a cena e a proposta. Uma pena que o nome não tenha sido divulgado, porque eu fiquei curioso]
Pág. 187, capítulo 12 – Domino a fina arte de dizer nomes (Sadie) – Bes se aproximou com a cabeça de Lênin apoiada na parte interna do cotovelo. Era evidente que ele havia provado um pedaço, porque a testa de Lênin tinha sumido – vítima de uma chocolobotomia frontal.
Pág. 388, capítulo 24 – Faço uma promessa impossível (Sadie) - -Os shabti de busca da biblioteca – disse Carter. – Eles conseguem encontrar qualquer livro. Sei que é… um presente meio bobo. Não me custou nada, não fui eu que fiz, mas…
-Cale a boca, idiota! – Eu o abracei. – É um presente de aniversário incrível! E você é um irmão incrível!
[Tudo bem, Carter. Aí está, registrado para a eternidade. Mas não deixe o elogio subir a sua cabeça. Falei isso em um momento de fraqueza.]

Comentários

  1. Puxa, que maneiro! Não vejo a hora de pôr minhas mãos nesse livro. Só fiquei um pouco decepcionada pelo fato da Zia quase não aparecer, também gostava dela.

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  2. Mas é uma ótima leitura, mesmo assim (:
    Leia mesmo, e volte sempre ao blog! :P

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  3. extraordinário. deve ser assim o Trono de Fogo. ainda nao lí o primeiro , mas já o-tenho em casa. vou comprar logo o segundo.

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  4. Isso, leia mesmo, a história é muito interessante, um livro muito bom! :D Volte sempre! (:

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