Jogos Vorazes, Livro Três – A Esperança

Desolador. O humor (mesmo sombrio e ácido), os escassos e breves momentos de alegria de Katniss, as aconchegantes (e aliviantes) cenas com Peeta… tudo isso nos foi tirado em “A Esperança” e tudo o que sobrou foi um sentimento de desolação, sofrimento, perda… o livro é inteiramente melancólico e escuro. E se você espera por um final feliz, vou logo avisando: não vai acontecer…

Eu me senti triste ao longo de todo o livro (claro que saber que era o último ajudava). Uma perda, um choque, um tapa na cara a cada momento. O estilo de narrativa (e de história) foi totalmente diferente, e senti um pouco de falta das surpresas do roteiro na primeira metade do livro. Depois a autora começou a nos surpreender – e fez com que enfrentássemos situações que jamais quisemos enfrentar. E vocês sabem como é a narrativa de Collins: ela te leva lá para dentro de seu mundo, e estar na pele de Katniss nessa história não é uma experiência alegre nem de longe…

E eu senti falta de Peeta.

Suzanne Collins soube conduzir esse volume com perfeição, e soube fechar a trilogia com maestria. Mais um grande trabalho, um grande livro – e um estilo totalmente novo, mas que não fica perdido em Jogos Vorazes. Cada um dos livros apresentou um momento da história de Katniss, e esse era um momento singular em sua vida, de modo que Collins o escreveu de uma maneira diferenciada. As situações são outras, os personagens são outros – é o livro mais distinto dos três.

[CONTÉM SPOILERS]

Os personagens mudaram absurdamente. Todos eles. Katniss não tem mais nada a ver com a garota que tomou o lugar da irmã no 74º Jogos Vorazes… ela já não é nem a mesma que vemos em ação no Massacre Quaternário. A vida brincou tanto com ela que agora ela é uma adulta, sofrida – suas cenas finais são geniais, e passaram como um filme em minha cabeça. E todos os demais mudaram. Prim deixou de ser uma menina jovem e indefesa para fazer parte da revolução, para ajudar as pessoas, dar conselhos sábios à irmã mais velha… Prim cresceu e amadureceu depressa demais. Peeta deixou de ser o rapaz carinhoso e reconfortante que sempre fora… seu personagem era outro nesse livro, e machucou demais o coração de Katniss e dos leitores… sentimos falta do Peeta antigo. Gale esteve presente para mostrar para os “amantes de Gale” que ele não era certo para Katniss… foi o livro em que mais convivemos com ele, e podemos afirmar que finalmente o conhecemos – e ele não tem nada demais. Haymitch mudou para melhor, embora Katniss nem sempre admita. Finnick foi uma das mudanças mais memoráveis do livro – ele deixou de ser aquela pessoa superficial e irritante e mostrou que tem muito o que contar, pode ser legal, pode ter uma grande e bonita amizade com Katniss… as cenas da dupla nesse livro foram ótimas! E mesmo a equipe de preparação de Katniss sofreu as mudanças do enredo… e embora não tenha sido a primeira impressão, parece que eles ganharam bastante com isso.

[FIM DOS SPOILERS]

É um universo novo, que pegou tudo o que conhecemos nos dois livros anteriores e os encerrou de maneira brilhante. Para uma narrativa tão inovadora, crítica e revolucionária como a de Collins, não podia imaginar um final mais perfeito… a crítica e a mensagem de liberdade (e luta por seus direitos) está mais aguçada e precisa do que nunca. É um grande grito de protesto, é uma história forte. Algo que merece ser lido zilhões de vezes e passado às gerações futuras… recomendo a trilogia! Leiam que vocês não vão se arrepender… até mais!