The Kids are All Right – Minhas Mães e Meu Pai

Devo dizer que achei esse filme genial, me apaixonei pela história, pelos personagens, pelos atores… Minhas Mães e Meu Pai é fantástico, um dos melhores dramas dos últimos anos. Ele foi lançado em 2010, foi aprovado pela crítica quase com unanimidade, e concorreu a quatro Oscars (os concorrentes estavam pesados though). Conta a história do que se chama uma “família moderna”. Eu chamo simplesmente de família. Não é porque são duas mães (lésbicas) que merece uma nomenclatura diferente.

O filme conta a história de Nic e Jules, um casal de lésbicas com dois filhos – Joni (de dezoito anos) e Laser (de quinze anos) – concebidos através de inseminação artificial. Quando Joni atinge idade suficiente para procurar pelo pai (o doador de sêmen), e é convencida pelo irmão, os dois entram em contato com ele, e a família toda tem que enfrentar essa nova presença na vida deles… é uma ótima discussão que nos faz pensar; essa situação toda de conhecer o pai depois de tantos anos – tanto para os filhos, quanto para ele próprio.

E o filme traz tudo com perfeição – o desconforto e a incerteza do primeiro encontro (tanto de Paul – o pai – com as crianças, tanto de Paul com as mães) e os dramas decorrentes da aproximação dele dos filhos (e de uma das mães). O filme realmente me emociona, acho uma discussão bastante válida, e a falta de medo da produção me encanta. O filme é desinibido, e traz o que planeja sem se preocupar com reações contrárias…

O personagem de Laser (interpretado por Josh Hutcherson) acaba sendo o meu preferido. Acho que ele teve grandes momentos no início do filme, e estava gostando bastante daquela discussão de um caso com Clay e de ele ser gay… no fim nada disso era verdade, o que me desapontou um pouquinho. Mas whatever, como isso aconteceu na primeira meia hora de filme, ele mostrou outras boas discussões ao longo da trama. Ele era o típico adolescente em crise, com dúvidas, procurando por respostas… tinha brigas com as mães, também teve algumas com o pai… é uma fase da vida pela qual todos já passaram, alguns de maneira mais acentuada do que outros, mas todos sabem como é, e isso estava genial no filme. E Joni (Mia Wasikowska) começou meio sem sal, mas teve ótimas sequências próximo ao final do longa, tanto com o pai, quanto na festa, com as mães logo em seguida, e em sua chegada na faculdade…

Já Nic (Annett Bening) e Jules (Julianne Moore) eram um par de ótimas atrizes. Elas deram show de atuação em todas as cenas de que fizeram parte, desde cenas mais ousadas (como quando elas assistiam o pornô) ou cômicas (como quando Jules explica para Laser porque não gosta de pornô mulher com mulher) e dramáticas (como a brilhante briga final do casal, e a emocionante e simples reconciliação no carro de volta da faculdade, mostrando que o filme não precisa de muita coisa para ser grandioso). Só não gostei muito do envolvimento com Paul (Mark Ruffalo), e temia pelo desfecho da história, mas fiquei satisfeito com o final.

Em defesa de Nic, vou dizer que entendo perfeitamente todas suas ações. Ela estava chata, insuportável (e a atriz fez esse papel incrivelmente bem), mas não deve ter sido nada fácil lidar com Paul “roubando” sua família (era isso o que ela via). E sim, fico do lado dela. Não acho que, independentemente do que tivesse acontecido entre as duas, Jules devesse ter tido algum “caso”… pra mim, o “caso” é explicado lá na cena inicial, sobre a necessidade, às vezes, de ter o prazer externamente (quem viu o filme entende…). E eu não gosto de Paul mesmo, opinião pessoal, desculpem.

O filme trata sobre a família… sobre as nossas buscas do dia-a-dia, sobre o amor dos pais, sobre as dúvidas dos filhos… e tudo nos leva à conclusão de que o amor verdadeiro é maior do que qualquer coisa, não importa mais nada. Um filme genial, atual, contra o preconceito (sem precisar ficar focando nisso e tornar isso o único assunto do filme) e que vale muita a pena. Emociona e nos diverte… recomendado!