Os atores de “Hunger Games”

Tudo pareceu funcionar perfeitamente para o lançamento estrondoso de Jogos Vorazes. Para começar, Suzanne Collins escreveu uma história verossímil, uma ficção científica recheada de aventura e ação, com uma bela crítica social como pano de fundo. Os roteiristas resolveram produzir um filme super fiel, mantendo o espírito imaginado pelos leitores; e, por fim, os atores escolhidos incorporaram seus respectivos papéis de maneira convincente e bonita.

Jennifer Lawrence interpretou Katniss Everdeen como eu tinha imaginado no livro. Talvez com um olhar um pouco mais assustado, mas estava muito acostumado a escutar a personagem, por ser ela a deter a voz narrativa no livro – e no filme ela é mais silenciosa, contida, decidida, exatamente como a personagem exige. Assumiu essa identidade, emocionando nas cenas iniciais no Distrito 12, e em momentos como aquela morte na arena… também foi forte, corajosa, astuta e provocante o tempo todo… ótima interpretação, extremamente real em todos seus momentos... com uma parte do filme se passando apenas à sua volta, ela nunca deixa a desejar... seus olhares e expressões (muito mais do que qualquer outra coisa) transmitem todo e qualquer sentimento e pensamento de Katniss... maravilhoso!

Josh Hutcherson não era o Peeta que eu imaginava ao ler o livro. Até ver o filme ainda não o enxergava como meu Peeta, mas ele fez um trabalho tão bom que eu, finalmente, estou convencido. Fisicamente ele ainda não é o que eu imaginei, mas transpôs toda a personalidade de Peeta com precisão – tudo o que o personagem conseguiu nos emocionar, comover, fazer rir ou suspirar no livro, Josh também conseguiu no filme. Atuou bem tanto em cenas ícones do livro (como a fala do “If I’m gonna die, I wanna still be me” e a declaração por Katniss) quanto nas demais cenas, como a caverna com Katniss… não teve como não aprovar o casal.

Liam Hemsworth foi pretty much o Gale que eu imaginei. Temi muito que tentassem colocá-lo com muito mais participação no filme, constantemente divulgado como um dos três protagonistas, mas fiquei satisfeito. Não acho que ele fosse essencial na cena de beijo entre Peeta e Katniss, mas relevemos. Nos primeiros momentos de filme, ainda no Distrito 12, Gale foi revolucionário, sonhador, amigo e protetor. Exatamente como lemos no livro, começamos a gostar de Gale, e nos emocionamos ao vê-lo cuidar de Prim e se despedir de Katniss… não teve grande participação (felizmente um roteiro que previa uma mudança nesse estilo foi descartado!), mas marcou presença enquanto esteve em tela… terá mais tempo no segundo filme.

Outros atores para quem devemos tirar o chapéu são: Woody Harrelson, como Haymitch – fisicamente também não é exatamente o que eu imaginava, mas foi exatamente o personagem que imaginamos ao ler o livro… embora tenha sentido falta de mais tempo com ele no filme, para entendermos mais dessa sua relação conturbada com Katniss, enquanto com Peeta tudo parece ser tão natural e fácil. Elizabeth Banks foi a Effie exagerada, caricaturada, típica moradora da Capital e subordinada do governo – fez muito bem seu papel, revoltando o telespectador no começo, mas conquistando certa simpatia com o tempo.

E Lenny Kravitz, como Cinna – em poucos minutos, foi responsável por algumas das cenas mais bonitas com Katniss, em que ela se sentiu parte de algo, e esperançosa de verdade – ainda assim ele teve muito mais espaço no livro. Alexander Ludwig, interpretando Cato, um dos tributos dos Jogos – simplesmente brilhante; se tornou um pouco mais irritante do que no livro, mas especialmente por sua presença constante… uma ótima interpretação principalmente na cena final, pouco antes de sua morte. Grande trabalho! Stanley Tucci, Donald Sutherland e Wes Bentley também merecem ser mencionados, como Caesar, Presidente Snow e Seneca Crane, respectivamente, todos ótimos em seu pouco tempo de tela…

Com um elenco preciso, que parece ter realmente se preparado para seu trabalho, Jogos Vorazes tem tudo para ser um ótimo filme, e o é. Agora resta saber como esses atores incorporarão o futuro dos personagens, seus próximos passos, seus próximos sofrimentos e alegrias… os próximos filmes prometem não ser alegres, e o elenco precisará de muito talento para transmitir esse sentimento de melancolia e crueldade, ainda mais impregnado nos próximos volumes. Mas quem é que duvidaria deles depois do brilhante trabalho no primeiro filme? Até mais…