On Broadway – Chicago – And All That Jazz…



"On Broadway" é uma Seção Temporária do blog Parada Temporal, falando cada mês sobre um musical diferente, com três postagens para cada produção. Para quem não conhece como a seção funciona (temas, organização das postagens e conteúdo), recomendo a leitura dessa postagem: On Broadway. E bem-vindos ao Parada Temporal e ao On Broadway!

Agora vamos comentar sobre o musical com um pouco mais de detalhe. Para quem não leu a postagem anterior, Chicago é um musical da Broadway lançado pela primeira vez em 1975, mas muito famoso pelo revival de 1996 e que conta a história de algumas mulheres presas após cometerem assassinatos, enquanto tornam-se celebridades em busca da liberdade (uma sátira sobre o mau funcionamento da justiça criminal).
O musical tem várias cenas que me agradam, tem uma história bastante interessante, músicas boas, mas ainda falta alguma coisa para que ele atinja uma posição realmente boa na minha lista de musicais. É um clássico, e tem justamente esse estilo… as mulheres da prisão estão vestidas mais como em um cabaret (outro musical a ser comentado, hein?)… o grande trunfo está em algumas cenas de alguns personagens. Todos eles são interessantes de alguma maneira e te cativam.
Roxie é a responsável por ter assassinado o amante e acabar presa, implorando pela ajuda do marido, que acaba pagando um bom advogado para ela. Ela tem um jeito brincalhão, divertido – e uma grande dissimulada. O bom em sua personagem é vê-la aprender a ser assim, e depois assumindo essa identidade muito bem. Um de seus melhores momentos fica para Roxie e a introdução para a música, em que ela brinca com a orquestra (ao fundo do palco) e com o público… uma ótima interação que tirou boas risadas (“Anyway, I started fooling around… and then I started screwing around. Which is fooling around without dinner… you know, don’t you?”).
Velma é a segunda protagonista, e eu realmente me divirto com ela. Em suas primeiras cenas ela tem um jeito sério e durão, e a personagem sofre uma transformação brusca quando começa a ser passada para trás quando os holofotes caem todos sobre Roxie – um de seus destaques é seu papel de ridícula para a nova celebridade, implorando para um número duplo para que possa utilizar a atenção alheia (“I can’t do it alone”) e, sem dúvida nenhuma, All That Jazz, a música mais conhecida do musical… e como todo número de abertura, realmente tem seu encanto.
Outros três ótimos personagens são: a Mama Morton, uma das responsáveis no presídio e que acredita que uma troca de favores é uma ótima idéia (“When You’re Good to Mama”); o advogado Billy Flynn – uma mente manipuladora brilhante e cínica – uma de suas cenas de que gosto bastante é We Both Reached for the Gun, com Roxie, em que ele cria toda uma nova versão da verdade e faz de Roxie sua marionete (a metáfora da cena está incrível!); e por fim, Amos, o marido de Roxie – eu gosto dele justamente por ele ser bobinho e crente, e essas características o deixam carismático, cômico em alguns momentos. Mr. Cellophane, uma de minhas músicas preferidas, é um momento em que sentimos pena do personagem, enquanto não podemos deixar de rir (“One time I went to school and when I came back… they moved”) – e mais tarde, quando ele pede por sua “música de saída” e é completamente ignorado…
Mas minha cena preferida sempre foi Cell Block Tango. Ela acontece logo no começo do primeiro ato, mas é a que mais me diverte, me encanta – e um dos motivos de eu ver o musical tantas vezes. A força da cena, a história forte, real, mas sendo tratada de maneira sarcástica, quase cômica – tudo é incrível. Nesse momento, temos seis mulheres contando como cada uma matou os maridos / namorados (e irmã, no caso de Velma); o melhor é ver os motivos (em alguns casos banais) e as maneiras como elas cometeram os assassinatos (e a maneira cínica como cada uma conta o acontecimento)… ótima cena, nada menos que brilhante. É nesse momento que conhecemos a única inocente no meio de todas elas, uma francesa, que só conhece as palavras “Not guilty” em inglês – e por não ter como se defender, acaba sendo a única morta antes do fim da peça… uma ótima maneira de mostrar a injustiça presente nesse mundo, não?
A peça é muito boa. Não se deixe levar por meus comentários de que “não está na minha lista de musicais preferidos”. Acontece que minha lista é bastante grande, então não são todos que estão lá mesmo – como eu comentei acima, várias e várias cenas são memoráveis, algumas músicas são marcantes, e a história realmente vale muito a pena. Aconselho mais uma vez que vocês procurem pelo espetáculo… até o mês que vem com uma nova peça!

Comentários