Perfect Sense – Life Goes On



Maravilhado.
Li a sinopse desse filme há tempos e me interessei… então o consegui, mas mesmo assim demorei um pouco para vê-lo. Me arrependo de ter esperado tanto tempo, porque o filme é fantástico! Estou encantado, sem dúvida… um daqueles filmes emocionantes que mexem com a gente, nos deixa com o olhar vago, pensativo… passei horas pensando no enredo.
Precisa ser apreciado; em alguns momentos, ele me lembrou A Árvore da Vida, embora a história em si não tenha muita relação… mas, como aquele, é um desses filmes filosóficos, que exigem que você pense, e que proporciona motivos para tal… as narrações de Susan com as cenas do que acontecia ao redor do mundo eram impressionantes. Sempre chocantes, marcantes… senti meu coração pesar inúmeras vezes, senti uma angústia, um mal-estar, uma tristeza profunda…
Estava quase esperando começar a chorar e perder o olfato.
O filme conta a história de uma epidemia incompreensível que atinge a humanidade, com foco em Susan (uma epidemiologista) e Michael (um chef de um restaurante à frente de sua casa). Enquanto eles começam a se apaixonar, sintomas vão surgindo ao redor do mundo – uma ameaça que pode mudar a humanidade para sempre. Depois de um ataque inexplicável de choro e desespero, as pessoas estão começando a perder o olfato… a doença funciona nessa ordem – primeiro mexe com as emoções da pessoa, e depois com seus sentidos…
O filme é sobre adaptação; como a humanidade pode continuar vivendo sem olfato, depois sem paladar, sem audição e assim por diante? É incrível ver como o mundo vai lidando com cada uma dessas coisas ao passar do filme – e tudo é contado de maneira tão perfeita, que nós sentimos as dores dos personagens… eu me coloquei no lugar deles quase que o tempo todo. E o lugar deles não é o melhor lugar para se estar. É ali que você sente o desespero, a angústia, a raiva… o filme te proporciona isso, e cheguei a me perguntar porque estava vendo um filme que me deixava tão pra baixo…
Mas eu sei porque. Porque o filme é ótimo! Além de te conduzir por todos esses sentimentos, tem uma história linda e emocionante. Faz com que você pense. Nem todo filme te deixa alegre, e quase sempre os que não o fazem são os melhores… afinal, para que o filme seja convincente o suficiente para que você se sinta mal com o que está acontecendo aos personagens, o filme precisa ser muito bom! Viva, aproveite… parece que o roteiro o tempo todo joga essas coisas para nós… logo no começo, nos créditos iniciais, já temos essas sensações… como é angustiante assistir àquilo sem som algum! Já estamos entrando no clima…

[CONTÉM SPOILERS]
A primeira perda está no olfato, precedido por uma crise de choro e desespero inexplicável. De cara, você pode pensar que não é lá grande coisa, mas amei como isso é desenvolvido, e como isso interfere no seu cérebro, na sua memória… sabe aquele aroma de canela que lembrava o avental de sua avó? A lembrança toda vai embora juntamente com sua capacidade de sentir esse cheiro. What makes perfect sense.
Mais tarde, vem o pânico. E todos sabemos que tipo de sentimento é esse, já passamos por isso… a fome (uma cena bastante forte e nojenta, diga-se de passagem) e então o paladar também vai embora… uma reflexão bem bonita vem na voz de Susan, de como o paladar se tornou uma lembrança distante, e de como aos poucos foi substituído por outras sensações… ainda era o momento mais tranqüilo e menos desesperador do filme…
Os acessos de raiva, fúria e ódio mexeram de verdade comigo… as cenas ao redor do mundo foram precisas e fortes, e eu tive que respirar fundo por várias vezes para me acalmar… era meu momento de começar a entrar em pânico… tanto Michael quanto Susan tiveram cenas marcantes. A dele foi tensa, falou muita coisa que ele não queria dizer e que ninguém queria escutar… ao mesmo tempo, ela estava no carro, chorando, os gritos e quebradeiras a seu redor, o crescente som da trilha sonora, cada vez mais agudo, culminando no mundo sem som algum de Michael…
As cenas em silêncio foram chocantes, desconfortáveis; como Susan perde a audição, com Michael ao telefone pedindo desculpas, também não foi das cenas mais fracas do longa. As cenas sem som (inclusive sem trilha sonora alguma) foram tão bem feitas e tão marcantes, que eu tomei um susto quando Susan volta com sua narração… tudo estava já no ápice da emoção.
E por fim, a visão também se vai, e temos o sentimento que a antecede sendo o mais bonito de todos. Aquela alegria, aquela felicidade por estar vivo, os sorrisos, abraços, a vontade de amar, perdoar, estar com quem você mais ama… tudo foi perfeito, e ainda nos proporcionaram um último momento de agonia enquanto não sabíamos se Michael e Susan conseguiriam se encontrar a tempo… um final realmente comovente e belo! Ótimo filme…
[FIM DOS SPOILERS]

É um filme profundo, audacioso, filosófico. A história vai muito além do que se é visto em primeiro plano; não estamos aqui apenas para ver as coisas acontecerem aos personagens, mas estamos aqui para viver isso no lugar deles, para nos colocarmos em seus lugares, para pensar em como seria se fosse conosco… e você pensa, e você passa pelo desespero, pelo pânico, pela raiva, pelo sentimento de amar, de perdoar, de querer estar com quem você mais se importa… simplesmente mágico!
Amei o filme, e o recomendo a TODOS! Só não se deixe levar pelo título em português… me recusei a colocar no topo da postagem, afinal se chama “Sentidos do Amor” e te faz pensar ou naqueles romances ou em comédias românticas, o que não tem nada a ver nesse caso… um drama realmente mais denso do que o título brasileiro sugere, convido todos a assistirem… vale muito a pena! Depois comentem por aqui suas opiniões… até mais!


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