A Pele que Habito



Perturbador.
Essa palavra resume muito bem o que eu senti enquanto assistia ao filme. Desde o começo, não entendi para onde o filme estava caminhando, e as cenas eram fortes, uma após a outra. Com trilha sonora carregada, clima tenso, o filme se sustenta em uma ótima atmosfera de suspense que nos choca bastante. Angustiante.
O filme conta a história de Robert, um cirurgião plástico que, após a trágica morte da esposa, se torna obcecado em recriar em laboratório uma pele humana mais resistente, a queimaduras, picada de mosquitos. Sem escrúpulo nenhum, Robert não mede esforços para realizar seus desejos. Controlado pela loucura, ele mantém Vera aprisionada em um cômodo da casa enquanto realiza seus experimentos. Mais tarde também descobrimos que o cirurgião enfrenta problemas com a filha, em uma narrativa de seis anos antes, aparentemente desconexa.
A filha, internada com problemas psicológicos, é estuprada em uma festa de casamento na noite em que sai para um passeio com o pai, na tentativa de re-socialização. Como fora o pai que a encontrara, quando ela estava desmaiada no jardim, ele presume que fora ele seu agressor. Com a morte dela, algum tempo depois, Robert Ledgard jura vingança.
O filme é surpreendente. Se você se choca com as cenas iniciais, e com a maneira como o diretor as compõe sem nem um pingo de vergonha/medo, aos poucos o filme vai se revelando, e começamos a entender de onde todas as coisas surgiram. Não posso fazer uma resenha mais detalhada aqui, afinal todo o encanto do filme se baseia nessas descobertas. Sem spoilers, posso dizer: é chocante.
Um ótimo filme, mexe com o psicológico. Nos pegamos fazendo perguntas mirabolantes, e imaginando até onde pode ir o cérebro humano. Também nos perguntamos qual o real intuito de Robert, e o que se passava na cabeça dele quando tudo parecia “concluído”. Porque sim, é difícil de entender. O que começa “compreensível”, termina doentio. Direto, complexo e impressionante, o filme consegue nos deixar de olhos arregalados por um bom tempo após o fim dele. E sem palavras. A Pele que Habito conseguiu deixar o Jefferson com um texto não muito longo… eu, se fosse você, veria. Nem que por curiosidade.
O filme é um terror psicológico. Sem monstros, sem sustos, sem gritos, o diretor Pedro Almodóvar constrói uma atmosfera de suspense com a temática do cientista louco, obsessivo, movido pela vingança e a cobaia, presa em sua casa. E funciona brilhantemente. O “terror” está em cada pequena detalhe, em cada cena desconfortável, cada momento angustiante… quando você pára para pensar nele, você chega à conclusão: é realmente muito bom! Assistam…
Recomendo. Só não sei se você vai gostar. Até mais!

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Comentários

  1. Nossam, que dilema: "Recomendo, mas talvez você não goste", rsrs
    Pois é, os filmes de Almodóvar, apesar de não lembrar se já vi algum, normalmente são tidos como tensos.
    Não sei se assistiria, talvez só por curiosidade mesmo.

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    Respostas
    1. Foi um dilema escrever esse texto todo! kkk Nunca fiquei tão sem palavras, sem saber expressar o ver ou não ver =/ dhasihdosada
      Mas ainda digo: Recomendo! :D

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