Hair, o Filme – Claude Hooper Bukowski


Antes de mais nada, só vamos esclarecer algumas coisas: não é que eu odeie o filme, nem nada assim, como pode ter parecido no texto anterior; afinal as músicas estão lá, e os atores fizeram ótimos trabalhos… ótimas performances e atuações incríveis. Os cenários estavam precisos, a produção toda merece seus créditos. E a história é muito bonita e densa, e eu teria gostado dela se não fosse tão fascinado pelo musical…
O que aconteceu foi que a história foi quase totalmente modificada, e os próprios criadores originais de Hair chegaram a comentar que não tinham gostado do filme, pois não tinha capturado o espírito do espetáculo… não dá para negar. Mas sim, se você conseguir separar os dois, a história do filme é forte e bem construída, e também é bastante bonita. MAS… enfim, acontece que eu sou totalmente apaixonado pela peça (vi várias vezes), e meio que faz parte de mim…
No entanto, tudo o que eu consigo pensar agora é: EU PRECISO VER O FILME DE NOVO.
Não procure me entender, você não vai ter muito sucesso.
Sem mais divagações, hora de partir para os fatos, e a primeira análise a ser feita vai para os personagens. Nada melhor do que começar com Claude Hooper Bukowski. Só para começar, toda sua origem, personalidade e atos foram modificados… nada mais do que isso; o Claude do filme nada tem a ver com o Claude do musical, além da paixonite por Sheila (que não é nem um pouco parecida com a original também, diga-se de passagem). O Claude do musical é um rapaz extrovertido, mas ao mesmo tempo fechado em si mesmo; confuso, problemático, apaixonado; dividido entre sua vida na tribo e a pressão dos pais e da sociedade… o personagem possui uma gama de características que envolve timidez, provocação, raiva, dúvida, busca por respostas, emoção, dor… não tem como não se encantar com o personagem, e se ver um pouco nele, em algum momento…
A cada momento ele te surpreende; mas basta, por ora, deixar claro que ele era um membro da tribo que recebeu uma convocação para a guerra e se viu dividido entre os pais e a sociedade e suas crenças todas, fundamentadas junto com seus colegas hippies na tribo… para ler mais sobre o personagem na peça, aconselho essa postagem: Sou invisível... – Claude Bukowski, mas vamos nos ater ao fato de que o Claude do filme perdeu a maior parte disso tudo. Não parece mais tão profundo, tão desafiador, nem tão próximo assim do espectador… e sua história já não é tão emocionante ou forte…
Quem é o Claude, no filme de 1979?
Boa pergunta… logo de cara o vemos partindo de uma cidade no interior, se despedindo do pai. A relação tranqüila com o pai já é questionável, mas mais do que tudo sua aparência – terno, gravata, cabelo curto; e seus propósitos – ir para Nova York para se alistar no exército. Ao menos a inocência do personagem, como um todo, foi mantida. Mas o vejo na tela nos primeiros minutos e me recuso a acreditar que estão nos vendendo esse personagem como Claude… e passo o filme todo me questionando… WHY?
Uma das coisas que mais se perdeu com isso tudo foi a amizade de Claude com os demais. Claude foi apresentado a tribo durante Aquarius, e portanto não faz parte daquilo. Na peça, como já o vemos desde o começo com os demais hippies, e nunca soubemos como eles se conheceram, ele já está integrado a esse universo; durante o filme todo, o Claude mais parece um intruso, que não pertence àquele grupo, mas está sendo levado… experimentando. E é exatamente o que ele é.
Relações interpessoais:
Claude com Berger – Não foi uma amizade tão verdadeira, não deu para emocionar tanto; mas não podemos negar que o sacrifício de Berger por Claude no filme foi muito maior; os ciúmes em relação à Sheila foi menos evidente, e até menos presente para falar a verdade, e se resumiu a uma cena depois do nado nu no lago (isso substitui a famosa cena de nu frontal?) – a briga resulta em Where do I go? Ao menos John Savage tinha uma voz bem boa.
Claude com Jeannie – Inexistente. Apenas um convite de casamento para que ele não precisasse ir para a guerra… Jeannie foi quase inexistente; mas senti muita falta de suas piadas, suas personalidades, e mesmo sua música… nada de Air. E não existe chance nenhuma de o filho ser de Claude…
Claude com Sheila – Sério, alguém acreditou? Em nenhum momento.
Manchester, England, England quase lhe foi roubada, e I Got Life foi… mas depois volto a essa cena ridícula que quase me fez desligar o filme no meio. Sem nem um pingo de exagero. The Flesh Failures ainda foi emocionante, afinal aquela música tem a capacidade de me tocar como nenhuma outra, mas foi cantada por um total desconhecido… não me pergunte, não me pergunte. Tudo isso fruto daquelas coisas finais…
Postagens crescendo, crescendo, crescendo, na próxima eu trago uma análise da “alucinação” de Claude (kkk até parece) e aproveito para falar das emoções perdidas, das músicas desaparecidas e de como isso tudo resultou em um “segundo ato do filme” extremamente diferente da peça… até semana que vem!
Clique em "ler a matéria na íntegra" para conferir um cronograma completo da seção "Hair, o Filme" em que comento sobre o filme [que não me entenda mal, não é ruim] sem resistir às comparações à peça [afinal, é a obra original, pela qual eu sou APAIXONADO!]. Essa é a segunda postagem da seção.

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17 de Outubro: Hair, o Filme
24 de Outubro: Claude Hooper Bukowski
31 de Outubro: Os horrores da guerra
07 de Novembro: George Berger
14 de Novembro: A trilha sonora
21 de Novembro: Onde foi parar Sheila?
28 de Novembro: Os pais do filho de Jeannie
05 de Dezembro: Hair, o Filme x Hair, o Musical

Comentários

  1. Olha.. difícil comentar...
    Eu amo o CLAUDE do musical HAIR...do filme não senti nada com ele, acho que senti mais com o "Berguer" hahahahaha =p

    Enfim...nada mesmo a declarar, tenho meu preferido hahahahaha

    Comentei no post do filme, mas não sei se foi =/ se não foi, me avise que comento de novo hehehe

    beijãozão

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    Respostas
    1. Eu sou suspeito para falar porque eu amo tanto a peça, e o personagem do Claude no musical... não vejo como poderia gostar dessa "representação" no filme =/ kkk

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