On Broadway – Wicked – Because I knew you…


Wicked é um musical que me encanta pela sua grandiosidade. Tudo nele chama a atenção. É uma grande produção, que se utiliza de grandes cenários, figurinos, música e história. Um dos musicais mais trabalhosos da Broadway. E a história é incrível. Contando a história de Elphaba e Glinda, a peça é uma outra visão sobre a história do Mágico de Oz… aquela história não contada, a partir da visão da Bruxa Má do Oeste. Vemos desde muito antes da chegada de Dorothy a Oz até depois de sua partida…
É uma história abrangente e inteligentíssima. Essa recontagem exigiu bastante esforço. Somos apresentados ao outro lado da história, mas tudo é feito de maneira muito criativa e bem pensada, para que não contradiga nada do que já conhecemos. Mudamos nossas opiniões sobre alguns assuntos e alguns personagens, mas tudo encaixa-se perfeitamente na história do Mágico que sabemos que aquilo pode, sim, ser a realidade. Chegamos ao fim certos de que aquela história é a real por trás de toda a história de Dorothy em busca do Mágico e tudo o mais…
Os personagens que povoam essa história tão bem contada são essenciais para seu sucesso. Os personagens são bem desenvolvidos e interessantes. Cômicos, sofridos, carismáticos. E reais. Você se encanta pelo personagem e passa a entendê-lo. Você se sente dentro da história e acaba fazendo seus julgamentos. Elphaba, a protagonista, a Bruxa Má do Oeste, é uma personagem totalmente inocente, sempre buscando fazer a coisa certa… preocupada com o bem do próximo, preocupada com o mundo e em viver a partir do que acredita – ver a transformação da personagem ao longo dos anos é realmente brilhante e exige que a atriz mostre essa mudança: de uma garota inocente na faculdade à fugitiva meio fora de si no segundo ato.
Glinda é uma personagem cômica – ela te faz rir a todo momento pela sua personalidade (“Is this thing on?”). Ela é apresentada como uma garota mimada, que tem o que quer de maneira fácil. A personagem se desenvolve de uma maneira sensacional, provando não ser tão superficial como antes pensávamos. Ela representa a busca pela fama, e o medo de fazer o que é certo pelas conseqüências que isso pode gerar. E, por fim, Fiyero… divertido, corajoso, a princípio superficial, mas não é bem isso o que temos dele a partir do segundo ato – tudo o que ele busca é o amor e a justiça. E ele luta por tudo isso (“Let the green girl go”).
A história da peça é uma grande busca. Alguns personagens buscam o poder (Madame Morrible e o Mágico), outros buscam o que é o certo a qualquer custo (Elphaba) ou fama e glamour (Glinda). Também trata do preconceito e da intolerância ao diferente, em um mundo mágico, diferente do nosso, mas a mensagem é bastante clara: a maneira como Elphaba (verde) e Doctor Dillamond (animal) são tratados, as piadas sobre os dois… e ainda temos a grande fuga de Elphaba, injustiçada perante toda Oz por não se submeter às autoridades que não faziam o que ela julgava ser o certo… não fazendo o que eles queriam, eles a incriminam e a nomeiam como Bruxa Má do Oeste…
Outro grande destaque da peça é o sentimento. A amizade e o amor são muito valorizados, e são tratados de maneira linda. A amizade incomum floresce aos poucos entre Elphaba e Galinda, e é uma das amizades mais bonitas da ficção – “Two good friends… two best friends” – a maneira como elas realmente se amam, e como passam por tanta coisa sem nunca deixar isso de lado. É sobre a amizade enfrentando barreiras… e nada melhor para demonstrar isso do que For Good (“Who can say if I’ve been changed for the better? But because I knew you, I have been changed for good”). E o amor, que também enfrenta barreiras, que também passa por muita coisa, mas nunca acaba… o amor também é incomum e nasce entre Elphaba e Fiyero (emocionante a cena dos dois em As Long As You’re Mine), e é bonito vê-los passando por tudo juntos até o fim…
O espetáculo apresenta várias músicas, e todas elas são incríveis e transmitem diversas emoções… podemos rir, podemos nos emocionar. E uma mesma frase pode ser utilizada em várias canções em momentos diferentes, e nos dar sensações completamente distintas. É como No One Mourns the Wicked, que soa totalmente diferente no começo e no fim da peça. Algumas músicas são épicas, como é o caso de Defying Gravity
Wicked é brilhante. Apresenta uma história realmente muito boa, além de ótimas músicas, ótimos personagens, grandes figurinos e grandes cenários… é uma obra grandiosa, que realmente nos diverte e nos comove. Merece ser assistido. E ainda deixa a lição no final, de que devemos fazer o certo, não importa quais conseqüências isso pode ter para nós. A peça consegue ser cômica, emocionante, romântica, crítica e, por fim, clássica. Um grande musical da Broadway que eu recomendo a todos! Até mais!

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