1408


Achei um suspense espetacular. 1408 é baseado em um conto de Stephen King, e conta a história de um escritor cético, Mike Enslin, especializado em livros sobre casos sobrenaturais. Sempre descrente de tudo isso, vê-se obcecado com o quarto 1408 do Hotel Dolphin, em Nova York, onde 56 mortes já ocorreram e é considerado maldito – ainda mais quando o gerente, Sr. Olin se nega de todas as maneiras a permitir sua estadia no lugar.
Determinado a consegui-lo, Mike faz de tudo para convencê-lo, até que consegue entrar no quarto. O legal é ver sua expressão ao entrar no quarto, analisando as fotos e as histórias de todas as outras pessoas que se mataram por ali e tiveram mortes tenebrosas – e o quarto realmente ainda retém os vestígios de muito sangue. Não sei se é porque já conhecia a sinopse do filme ou o quê, mas vê-lo entrar no quarto 1408 já me provocou arrepios, o quarto era meio sombrio. E mesmo sem acreditar em nada, e descrente sobre a história da uma hora, Mike começa a viver as coisas mais estranhas.
O filme consegue ser um bom suspense, porque se baseia em uma sucessão de eventos crescentes em relação à uma hora, que parece muito mais longa do que isso. Mike dificilmente tem algum segundo de folga entre um acontecimento e outro, e as coisas vão crescendo de rádios se ligando sozinhos e janelas se fechando (com direito a água fervente) a coisas muito maiores como visões macabras e fantasmas de seu próprio passado, especialmente na pele de sua filha, Katie.
1408 nos vence por isso – não é simplesmente um quarto maldito ou uma série de tentativas de susto. Não, o que o filme faz é mexer nos medos mais profundos e pessoais de quem está dentro do quarto, nesse caso a perda da filha. E mesmo as mais loucas tentativas de escapada falham de maneira assombrosa, proporcionando momentos de angústia como o da janela. Porque eu tenho essa angústia de um lugar do qual não se pode sair… e depois da porta trancada e a janela como última opção, ele anda, anda, anda e cai dentro do mesmo apartamento…
Para não citar a “caminhada” nos dutos de ar.
E John Cusack sustenta quase o filme todo sozinho, e faz isso muito bem. Vemos o personagem crescendo e se desenvolvendo, daquele escritor cético e determinado a um cara assustado e desesperado por ajuda… e em cada momento suas expressões transmitem seus sentimentos, e aquele desejo de sair de dentro do quarto nos mantém vidrados. O que é um grande elogio ao filme, que basicamente com um único personagem e um único cenário, consegue se sustentar como um ótimo filme de suspense, e realmente nos deixar apreensivos nos momentos certos.
Quanto ao final, há controvérsias. Eu vi o filme recentemente, tenho ele no meu computador, e é a versão do diretor, com o final original, aquele que não foi tão bem aceito pela crítica nas primeiras exibições de teste. Mais tarde, então, para o lançamento, foi filmado um novo final a partir da cena em que o quarto pega fogo, e eu consegui assisti-lo no YouTube. Quer saber? A VERSÃO DO DIRETOR É MUITO MELHOR! Eu achei fascinante vê-lo colocar fogo no quarto e ver a loucura tomar conta dele, e aquele sentimento de que morrer era a única escapatória. E é pouco antes disso que entendemos com clareza o motivo das mortes dos outros 56, e então queremos que com ele seja a mesma coisa – por que ele seria uma exceção?
Descartando totalmente a versão filmada mais tarde (embora atualmente seja considerada “oficial”), eu fico com a versão do diretor, que nos proporciona um ótimo desfecho condizente com que assistimos por 100 minutos. Também podemos ver Sr. Olin levando um pequeno susto e a voz de Katie ressoando pelo apartamento destruído uma última vez, enquanto podemos ver Mike finalmente junto de sua filha novamente, o que se mostrou ser seu sonho.
Uma ótima premissa, e um desenvolvimento interessante, amei todo o filme. Especialmente quando pude entender o que aconteceu aos outros 56, atormentados por seus maiores pesadelos, sejam eles quais fossem. E amei o drama todo da 1 hora, e a possibilidade de “reviver essa uma hora continuamente ou fazer o check out”. O filme tem bem o estilo de narrativa de Stephen King, e fico satisfeito de saber que bons suspenses ainda são criados hoje em dia. Para quem ainda não viu, fica a dica, mas escolham o final do diretor! Até mais…

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