Life of Pi – As Aventuras de Pi

Não só é um dos melhores filmes que eu vi esse ano, como também um dos melhores filmes que eu vi na vida. Delicioso e surpreendente, o filme apresenta uma história consistente e interessante, repleto de cenários belíssimos em uma história que poderia ser monótona. Uma belíssima e comovente mensagem, muita emoção e até algumas risadas gostosas. Um final inteligente e quite chocante que fez todos no cinema saírem limpando as lágrimas.

Eu demorei minutos para conseguir me levantar. Fiquei na sala do cinema, com as mãos na boca, tentando absorver toda a história. Depois de bastante tempo naquela posição, levantei-me para encontrar várias pessoas do mesmo jeito que eu. Na fila do estacionamento, ninguém ria ou conversava – era um silêncio mortal, rostos melancólicos e muitos olhos inchados. Vários ainda escorriam lágrimas. E as cenas finais do filme foram acompanhadas por muitos sons de narizes de toda a sala de cinema.

As Aventuras de Pi é baseado em um livro de Yann Martel, lançado em 2001, e conta a história de um garoto indiano com muita fé em Deus (representado por qual religião fosse), que foi obrigado a sair da Índia com a família quando o terreno onde eles tinham um zoológico foi tomado pelo governo. A bordo de um navio, uma tempestade causa um naufrágio que mata toda sua família, e ele sobrevive num bote salva-vidas tendo que dividir espaço com uma zebra, um orangotango, uma hiena e especialmente, um tigre – Richard Parker.

Numa história em que nada é o que parece ser, Pi e Richard sobrevivem por meses no meio do mar, enquanto mesmo ainda não “amigos”, um dá força ao outro para sobreviver às dificuldades. E quando tudo poderia estar terminado, uma ilha misteriosa oferece o que era preciso para que a jornada continuasse: esperança. Um final de arrancar lágrimas e fazer pensar, o filme apresenta uma bonita relação do garoto com o tigre, repleta de hostilidade e amor e belíssimas mensagens conforme o filme avança.

Desde o começo, quando se diz hindu, cristão e muçulmano, notamos que a história de Pi é a história da crença em Deus. O filme fala sobre religião e sobre a Fé, de uma maneira muito bonita. A discussão inicial é bem formada, quando as três religiões são apresentadas e convivem na cabeça e no coração do ainda jovem Pi. E é isso que guia a viagem de Pi naquele bote salva-vidas, quando quase qualquer um em seu lugar teria desistido. Por momentos, como foi o caso da segunda tempestade, eu vi um pouquinho de Jó nele.

O filme ainda tem um visual lindo de se ver. As cenas iniciais do naufrágio são agonizantes, e eu me senti sufocado e apreensivo, mas tudo foi feito com muita maestria. Os momentos que indicavam a degradação da vida no mar, os momentos que nos enchiam de esperanças, como as luzes dos peixes e o fabuloso pulo da baleia… ou então a ilha, que mesmo perigosa como se apresentou, era linda e repleta de seus próprios encantos. Aquilo dava cor e alegria ao filme.

Difícil acreditar que se passaram duas horas. Parecia muito menos do que isso pelo bom momento que tive. Mas também pareceu muito mais do que isso pela grandiosidade da história contada, pela ambição de seu escritor. Uma das mais bonitas mensagens que já vi em filme, uma cena de aproximadamente cinco minutos, com nada além de um rapaz indiano em um quarto de hospital, contando uma história, consegue ser os cinco minutos que entrarão para a história do cinema, e que me marcarão por toda a minha vida… não posso fazer comentários a esse respeito mais, sem estragar o filme, mas você deve assistir. Um filme com grandes chances ao Oscar, e que já está sendo aclamado no mundo todo, você certamente não se arrependerá!

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P.S.: Acabei de ver o trailer novamente. Como é surpreendente ver a zebra no meio do navio no naufrágio e lembrar-se da fala: “Quem soltou os animais?”. E então paramos para pensar, pesar e refletir sobre tudo o que descobrimos. Fascinante!