Star Trek – Além da Escuridão
Melhor.
Melhor, muito melhor do que eu tinha imaginado. Eu
esperava coisas grandiosas desse filme, era uma das minhas maiores apostas do
ano, mas fico muito contente em anunciar que o filme conseguiu me surpreender –
qualidade impecável, um elenco de primeira, uma história convincente e muito
bem contada, e o ritmo envolvente da narrativa, que nos prende do começo ao fim
com uma grande sequência de cenas bem-feitas e surpreendentes. Foi uma ótima
oportunidade de crescimento aos personagens, foi bom ver novas caras para
personagens clássicos, e o futuro da franquia é promissor.
Foi melhor que seu antecessor. Aqui, a história
começa com Kirk como o Capitão da Enterprise e Spock como seu 1º Oficial, até
uma sequência de eventos que faz uma bagunça nisso tudo, e os dois se separam,
enquanto Jim Kirk é tirado do comando – o que todos sabiam que não podia dar
certo. Os dois partem para uma missão muito diferente da que estamos
acostumados a ver a Enterprise, e assume uma posição muito menos pacífica,
parece pronta para a guerra – o que nos surpreende, mas nos encanta ao mesmo
tempo. O espírito dos personagens é contagiante, os riscos tomados também, e a
maneira como o filme nunca pára, tirando nosso fôlego.
O que proporciona cenas maravilhosas. Porque conceitualmente
o filme também é belíssimo. Ver a Enterprise é sempre uma experiência e tanto,
mas pasmem: o conceito de viagem na velocidade de dobra MUDOU! E ficou
PERFEITO! Eu e minha amiga (thanks Barbara!) estávamos lá surtando enquanto a
nave se distorcia pelo continuum de espaço-tempo, e a nave deixava um rastro
azul ao partir. Fez toda a diferença! E ainda tivemos momentos da Enterprise
caindo (você vê esse mês ao fundo no blog), que foram cenas de partir o
coração, horríveis, mas ao mesmo tempo muito bonitas e emocionantes…
E os planetas?
O filme começa em um planeta diferente, e aquele
planeta com uma sociedade primitiva (que não foi retomada mais tarde, apenas
para comentar) é muito bonito. Eu gostei dos humanóides de lá, eles me
pareceram bem interessantes, mas gostei de ver Bones e Kirk camuflados fugindo
por lá… e o planeta em si era muito vermelho e muito, muito bonito. E toda a
sequência do Spock dentro do vulcão, lutando para salvar todo aquele ambinte, é
muito bem construída. É grandiosa, é chocante e nos deixa apreensivos do começo
ao fim, definitivamente. Uma corrida contra o tempo, uma esperança que nunca
morre, e um Spock indiferente à própria morte.
Eu gosto demais da amizade de Kirk e Spock – e eu
gosto das novas identidades que Chris Pine e Zachary Quinto conferiram a eles. Se
o filme anterior começou uma desmistificação de Spock, esse filme o fez com
total maestria. As discussões com Uhura (em que Kirk é colocado no meio contra
sua vontade) são cenas ao mesmo tempo engraçadas, mas que são finalizadas com
momentos de pura reflexão muito bonitos de Spock… apelando para sua lógica
inegável, o Spock não é mais capaz de esconder seu lado humano, e ver essa
contradição me parece admirável. É como a morte do Capitão e a “indiferença” de
Spock a isso…
Mesclando com a cena final. Todo o clímax do filme
foi de arrepiar. Mas nada como ver Spock bancando o Capitão, enquanto Kirk está
indo até o núcleo da TARDIS Enterprise para salvá-la, se expondo e se
sacrificando por amor. A cena é forte, e ver a “última” conversa de Spock e
Kirk é emocionante em escala indescritível. A maneira como Kirk diz estar
assustado, pede conselhos, tenta explicar o motivo de ter salvo a vida de
Spock, que já o entende sem precisar ouvir as palavras… a mão clássica do Spock
(Live long and prosper) no vidro, com
a mão de Kirk, uma lágrima caindo dos olhos do vulcano, e [a melhor parte do
filme] o grito KHAAAAAAAAAAAAAAAAAN! que mostrava toda sua raiva e frustração,
e compelido por um puro espírito de vingança, Spock parte para vingar o amigo…
perfeito!
E se você me perguntar a respeito de Khan, eu
direi que foi uma surpresa. Eu busquei ao máximo fugir de spoilers enquanto não tinha visto o filme – e como Benedict
Cumberbatch não aparece com esse nome no início, é sempre chocante vê-lo
salvando o pessoal da Enterprise dos klingons, bem como é maravilhoso vê-lo tão
invencível, falando “I am Khan” para Kirk e nos fazendo entender tudo o que
está acontecendo… ainda mais tendo conhecimento prévio do personagem graças à
série clássica, e temendo por o que estava por vir. Mas Benedict foi talvez o
melhor ator do filme, com uma interpretação profunda e magnífica que coube
perfeitamente ao personagem. Ouvi-lo falar era sempre ameaçador e
reconfortante. Difícil de explicar.
Gosto de como a nova série de J.J. Abrams se
utiliza de elementos clássicos para contar a sua história, ao mesmo tempo em
que consegue ser perfeitamente acessível para leigos (embora eu defenda que as
pessoas precisam assistir aos episódios clássicos, pelo menos alguns) e ainda
consegue ser original. Porque as mudanças são inegáveis, mesmo na própria
personalidade dos personagens – mas eles nunca deixam de ser eles mesmos, e já
estamos apaixonados pelos novos Kirk e Spock. Não que não seja bom ver Leonard
Nimoy como o clássico Spock – é interessante como o roteiro inova, nos faz
entender como esses novos acontecimentos se encaixam no cânon, mas ainda assim
faz o filme conversar com a série clássica a partir de curtos e explicativos
diálogos. Ótimo!
Os demais personagens também foram muito bem
utilizados, como a Tenente Uhura, sempre tão útil. Mas eu sinto alguma coisa
especial por Chekov, eu acho que é aquele sotaque francês enquanto ele fala, e
a inocência do personagem, e sua inteligência – ainda tão jovem. É bom vê-lo
colocar a camisa vermelha, vê-lo ser “promovido” e ver que sua responsabilidade
aumentou tanto e tanta coisa está agora em suas mãos, gostei do destaque que
ele ganhou. E Anton Yelchin interpretou muito bem. Bem como Simon Pegg sendo
Scott – um dos melhores personagens do filme, foi bom poder passar o tempo todo
com ele fazendo parte da tripulação agora, suas cenas sempre ou engraçadas ou
épicas, ou as duas coisas ao mesmo tempo – como sua recepção a Kirk e Khan.
O clímax longo do filme começou muito emocionante
(como eu já comentei alguns parágrafos atrás) e então contou com uma longa
perseguição e uma ótima sequência de ação. Mas eu achei que as últimas palavras
foram o que efetivamente me fizeram surtar. Felizmente eu não surtei sozinho,
com minha amiga do lado surtando também: “And those words: Space, the final frontier. These are
the voyages of the starship Enterprise. Her five-year mission: to explore
strange new worlds, to seek out new life and new civilizations, to boldly go
where no one has gone before”. Se o plano inicial de J.J. Abrams era
com esses filmes relançar uma série de Star
Trek, esse é o momento mais propício. A última cena deixou tudo
perfeitamente encaminhado para uma série, é só começar a produção… agora fico
ansiosamente esperando o Piloto, mesmo que ele só venha no próximo ano. Não importa.
Tudo agora pede uma série de Star Trek,
e tenho certeza que Abrams conseguiria fazer isso ser perfeito…
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