Universidade Monstros – E aí?


Bom.
Infelizmente, não é mais do que isso. Eu gostei sim do filme, foi um momento de diversão e descontração, mas Monstros S.A. está num patamar inalcançável entre os clássicos da Disney, e não tem como se comparar à originalidade e carisma daquele roteiro. Universidade Monstros é mais uma oportunidade de revermos a maioria de nossos personagens favoritos, ver um gráfico todo bonito e bem trabalhado, mas infelizmente o roteiro peca ao ser previsível e repetido. Sim, são monstros estudando para assustar, mas o grupo/fraternidade excluída na faculdade que dá a volta por cima já foi tema de mais filmes do que conseguimos imaginar. Hey, eu vi Ela e os Caras!
Assim, não acho que o roteiro tenha inovado. Foi exatamente como um zilhão de outros filmes que eu já vi anteriormente, mas em desenho. E com monstros. Mesmo os personagens, embora ainda sejam, mais ou menos, aqueles originais, estavam parcialmente estereotipados. E foi tão previsível que eu podia até contar às pessoas à minha volta o que aconteceria em seguida. Não que houvesse muitas. É a história da amizade de Sulley e Mike, e de como eles chegaram a quem são quando os conhecemos já trabalhando – nada que eu não imaginasse sozinho.
Característica positiva: se o primeiro filme trazia tanto James Sullivan quanto Mike Wazowski e Boo como protagonistas, esse foi o filme do Wazowski! Felizmente, afinal, depois da Boo, ele sempre foi meu personagem favorito… e a Boo também se destacava justamente por sua interação com ele. Então foi perfeito vê-lo e ouvi-lo no começo do filme como uma criança na escola, tão pequenininho e fofinho – uma graça. E foi bonito vê-lo idolatrando os assustadores, visitando a fábrica, e ousadamente se enfiando no mundo humano para ver um susto ao vivo. Foi uma grande e maravilhosa cena.
O filme brincou com isso o tempo todo. Sem um roteiro original, o que restava era aproveitar os personagens e fazer algumas homenagens ao primeiro filme – Monstros S.A. foi constantemente lembrado desde a primeira cena até o final, com o pessoal da Oozma Kappa invadindo a fábrica e tudo o mais… sem contar que Mike representou para seus amigos exatamente o que representava para Sullivan no começo do outro filme, com os mesmos tipos de treinamento, o que foi legal de assistir. Também tivemos a clássica cena do “Eu não acredito!” (a foto foi uma piada inteligente e divertida!) e entendemos de onde vem a rivalidade de Sullivan com Randall.
Mas depois da introdução ótima, o filme nos manda para a universidade, onde Mike Wazowski é definitivamente o melhor personagem. Inteligente e esforçado, torcemos para ele o tempo todo. Inicialmente é difícil entender como o Randall se torna aquele vilão de Monstros S.A. e não me pareceu suficientemente convincente. E eu gostei muito de vê-lo inseguro e com aqueles óculos… e Sullivan aparece como o típico jovem que não quer nada com nada e está ali pela fama – típico irresponsável e indiferente, fica até estranho vê-lo assim. Mas apresentaram Hardscrabble, a reitora da UM, e ela é o monstro mais assustador que esse universo já criou.
Daí em diante veremos como Sullivan e Mike nutrem uma antipatia mútua que os tira do Curso de Sustos, e como precisarão trabalhar em equipe para que tudo dê certo – ainda levando consigo um grupo de monstros nada assustadores: Don Carlton, Scott Squibbles (o meu personagem favorito, que coisa mais fofa!), Art e Terri e Terry, dividindo o mesmo corpo. A amizade cresce entre eles, blá blá blá, as cenas acabam que são bonitas, e não é isso que eu reclamo, de maneira nenhuma – afinal a interação entre a dupla acordando e se arrumando para os treinamentos intensivos é ótima! Mas eles tiveram a capacidade de colocar o efeito Carrie, a Estranha no filme, que já foi até utilizado em novela brasileira das seis! Quem não se lembra de Chocolate com Pimenta? Eu esperava que eles não tivessem essa coragem.
Oh yeah, they did!
O filme até me lembra um pouco o quinto American Pie, numa versão infantil – com todo o clima de faculdade, fraternidades e aqueles Jogos de Susto que foram os responsáveis pelo roteiro todo – a maioria das provas, no entanto, foram bem legais, então não posso reclamar disso. E, bem a cara do Wazowski desse filme (ainda me questiono se o outro Wazowski faria tudo do mesmo jeito), o filme termina com uma sequência de fotos da ascensão de Wazowski e Sullivan dentro da Monstros S.A. Fiquei até o fim dos créditos para vê-lo assustar, ver a Boo, ou ao menos uma porta branca com flores rosas… já seria uma belíssima homenagem. Não aconteceu.
Ah, mas sim! Devo elogiar, e muito, o clímax do filme. Esperando algo mais inacreditável do que aquilo, que teria me feito rir, fiquei muito contente com a maneira como tudo aconteceu. Mike entra naquele acampamento cheio de crianças, e nada dá muito certo – quase achei que ele os faria rir, mas Monstros S.A. não faria mais sentido se fosse assim, então… Sullivan entra, e a maneira como os dois conversam e se entendem, e juntos assustam aqueles humanos adultos… simplesmente perfeito! Porque seria algo realmente assustador, e muito elaborado… e é sempre bom ver aqueles tubos de gritos explodindo, e gostei de ver a Hardscrabble surpresa…
Se você está com vontade, vá ao cinema. Não é uma perca de tempo, nem de dinheiro. O filme vale a pena, são quase duas horas de diversão e você mata saudades de seus personagens tão queridos. Mas depois de deixar o cinema, certamente seu impulso e seu maior desejo será voltar correndo para o original e se deliciar novamente com aquela história que todos já conhecemos tão bem, mas que nunca perde seu encanto… quero ouvir comentários a respeito, vai que ninguém concorda comigo?

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