On Broadway – Hair


Hair… esse é um musical sobre o que se tem muito o que falar e é difícil colocar tudo em palavras. Talvez seja o mais ousado musical da Broadway… ao menos em alguns aspectos. E na época em que foi feito com certeza o foi. Foi o musical que criticou o mundo, mostrou uma nova realidade, celebrou o fim do medo, lutou pela paz… chocou. Também foi o musical que mudou o estilo de fazer musicais na Broadway… foi o criador do rock musical, foi o primeiro com mais de 30 canções enquanto a média não passava de 15.
Sinceramente, gostaria de estar presente para ver como a peça passou por seus primeiros anos. Ela foi encenada pela primeira vez em 1967 e conseguiu trilhar seu caminho para a Broadway já em 1968. Foi alvo de muitas controvérsias, mas conseguiu o que queria: ser desafiadora. Eles não pareciam ter medo – a profanação, o uso de drogas, a sexualidade, a cena de nudez, a maneira como a bandeira dos Estados Unidos era tratada… tudo isso fez com que a peça fosse proibida por muito tempo, que produções fossem suspensas, pessoas fossem presas… uma peça que mostra a vida nas ruas, o uso de drogas com clareza, a luta contra a guerra não seria aceita tão fácil. É sobre uma geração que está aprendendo a lidar com a liberdade sexual e com as drogas.
Essa é a grandiosidade de Hair. Como ela foi capaz de realmente fazer uma revolta no mundo, trazendo assuntos que eram quase um tabu, e tratados de uma maneira nunca vista antes. Com irreverência, com sarcasmo, com descaso. Sem preocupação. A peça ainda é desafiadora (quase chocante) hoje em dia – como dito na revista Time, em 2008: “Hoje Hair parece, se possível, mais ousado do que nunca”. O que dizer de um musical sobre uma tribo de hippies vivendo nas ruas de Nova York que apenas busca a paz e o amor? Os temas ainda são considerados atuais, porque ainda temos guerras acontecendo no mundo, ainda temos inocentes sendo mortos nelas, ainda temos jovens se descobrindo de maneiras diferentes…
Hair (que leva o subtítulo de The American Tribal Love Rock Musical) é um musical de rock com livro e letra de James Rado e Gerome Ragni e música de Galt MacDermot. É resultado da cultura hippie e da revolução sexual dos anos 1960 – além de uma luta contra a guerra do Vietnã (muitas dessas músicas viraram hinos do movimento pacífico contra a guerra). Seus criadores quiseram trazer essa realidade à tona, aos palcos da Broadway e chocar, e criticar e protestar. E embora houvesse muitas tentativas (e a peça foi proibida em muitas cidades dos Estados Unidos e em muitos países – como no México, em que o elenco foi exilado após uma única apresentação) o fenômeno se espalhou por Nova York e não teve mais como detê-lo…
A história dos hippies morando nas ruas de Nova York e gritando por paz e amor contra a Guerra do Vietnã conta com Claude como protagonista. Ele, seu amigo Berger e Sheila (e os demais amigos) lutam para viver suas vidas, seus amores (“Oh, you two look beautiful together!”) – e suas descobertas (sexo, drogas) contra a guerra e os pais (e a sociedade) conservadora em que vivem. Claude precisa decidir se vai ignorar seu chamado para a guerra, como todos seus amigos fizeram, ou se seus pais conseguirão convencê-lo a servir no Vietnã – mesmo que isso possa significar sua vida.
O musical já teve várias versões ao redor do mundo, inclusive duas no Brasil. Uma em 1969 e outra que estreou em 2010 (essa última eu pude ver ao vivo, no começo de 2012, em São Paulo, depois ainda mais duas vezes em Abril do mesmo ano). No entanto, o filme lançado em 1979 não é algo que eu recomendo a ninguém. Como os próprios criadores do musical afirmam, além de algumas músicas, nomes de personagens, e mesmo título, o filme não tem nenhuma relação com a peça. Uma péssima adaptação, que não soube captar a essência do musical, nem ao menos sua história da maneira correta. Como James Rado e Gerome Ragni já comentaram: a versão cinematográfica de Hair nunca foi feita. A peça, tanto na versão original quanto na versão brasileira, é algo que realmente vale a pena, e eu aconselho a todos… é uma experiência genuína, algo grandioso. Assim que tiver a oportunidade, assista… até mais!


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Comentários

  1. concordo com tudo o que disse. Também acho que é uma peça com temas atuais, apesar de ser dos anos 60. Meu pai assistiu a peça aqui em SP quando tinha 18 anos, em 1968/1969, e era mal vista e quista por muitos, imagine naquela época? todo esse cenário de drogas, sexo, liberdade e etc....
    Outro ponto que concordo plenamente é o FILME, não tem nexo nenhum com o filme, a não ser algumas músicas, mas a história é outra, os personagens outros...enfim...é bom assistir para conhecer, mas não para ter um fundamento.
    O Musical mudou uma geração na época, e continua mudando, até hoje as frases, falas e músicas estão na minha cabeça, e daria tudo para poder assistir uma 3ª, 4ª e infinitas vezes mais! Passa uma mensagem muito boa, e faz com que nós paremos para pensar, refletir e mudar algumas coisas dentro de nós mesmos....bom...HAIR...minha paixão hahaha termino assim :p

    beijãozão*

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    1. Quando você disse isso, eu parei para pensar... se 40 anos atrás seu pai assistiu, lá por 2052 podemos ter nossos próprios filhos indo no teatro com a gente vendo uma nova versão de "Hair"... seria uma experiência no mínimo emocionante... *-*
      Ainda tenho mais dois textos para esse mês, você volta depois! :D

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    2. Não é?! Imagine nossos filhos assistindo?! Iria MESMO!!!! É, meu pai tinha 18 anos quando assistiu! Agora ele está com 62 hahahahahaha :P :P

      Mais textos?! Oba!!! Volto sim, CLARO!

      beijãozão*

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