Elysium
Eu achei um filme muito bom, mas não chegaria a
ser fantástico. Talvez porque minhas expectativas fossem altas demais. Acho que
foi muito bem construído, a história conseguiu fazer com que nos importássemos
verdadeiramente com os personagens, além de ser bem amarradinha e trazer uma
discussão bem interessante – e atuações brilhantes. Qual o problema então? É
que eu já vi isso antes.
Sinto falta de filmes que me surpreendam, que me
deixem embasbacado, que me façam sair do cinema questionando o universo. Como Matrix fez tão bem, ou então como A Origem também o fez, capaz de ainda
hoje levantar discussões acirradas entre eu e meus amigos… é disso que eu sinto
falta. Elysium será o tema de uma
conversa ou duas, eu o recomendarei, mas então iremos ver outro filme e para
sempre esse será deixado para trás. Como uma ficção científica batida.
Na história, que se passa em um futuro distópico,
o mundo está meio dividido. Parte da população (a mais rica) está morando em
uma Estação Espacial chamada Elysium, e leva a melhor vida possível – muito
dinheiro, e uma sociedade sem nenhum tipo de doenças, devido à desenvolvida
tecnologia. Em contraponto temos a colônia moradora da Terra, um planeta sem
cor e sem vida, perigoso e pobre. E a grande história é tentar acabar com essa
hierarquia tão absurda na qual pessoas morrem das doenças mais simples na Terra
por não terem dinheiro.
É uma nova visão do sistema capitalista, mas é
justamente isso. Eu sou apaixonado por esse tipo de discussão, e acredito que
seja sempre válido, então é bom ver isso nessa proposta, da Terra x a Estação
Espacial, o dominante e o dominador. A frieza com que os governantes lá de cima
tratam as pessoas aqui de baixo é vergonhosa, e é muito evidente no momento em
que Max é capturado e querem tirar dele todas as informações conseguidas
através do golpe todo muito bem orquestrado por Spider.
O visual é belíssimo. O filme nos prende do começo
ao fim, é eletrizante e faz com que queiramos acompanhar e saber o desenrolar –
muito embora já o saibamos desde as primeiras cenas. É tão previsível que se
você escrever suas impressões no começo da projeção, elas baterão exatamente
com o final. Mas acho que faltou cor nos dois momentos – a oposição entre Terra
e Elysium se dá muito mais pela quantidade de tecnologia e a limpeza do local,
no entanto ambas parecem igualmente estéril.
Não vi muita esperança em Elysium.
O filme fica então dividido em dois atos – o
primeiro deles é apresentar a vida aqui na Terra levada por Max (Matt Damon),
ao mesmo passo em que já conhecemos Frey (Alice Braga) e os planos armados de
Spider (Wagner Moura) e as motivações que levarão a tudo, que é a morte
eminente de Max; com um plano ousado saindo pela culatra, Max ganha um
esqueleto externo e isso o torna importantíssimo tanto para a Terra quanto para
Elysium, e numa tentativa de negociação por sua saúde, ele parte para lá
levando com ele vários “rebeldes” e começando uma rebelião.
É a briga pela igualdade.
E a briga por se manter no poder.
Falando sobre Wagner Moura, não vou negar que
senti um pouquinho de orgulho por vê-lo lá, interpretando tão bem Spider. Um
personagem importantíssimo que foi muito bem interpretado pelo ator, com uma
carreira admirável, mas não foi sua melhor atuação. Ainda acho que Tropa de Elite 2 foi o momento em que
Wagner Moura conquistou de vez o Brasil [e o mundo pelo visto] e provou que é
um dos melhores atores brasileiros da atualidade! Mas só eu que me senti um
pouquinho incomodado com a inserção do espanhol nisso tudo? Vamos perpetuar o
estereótipo de que no Brasil se fala espanhol…
Desse modo, o filme é muito bom e recomendado. Mas
é muito mais para você que gosta da ação [achei um pouco exagerado em vários
momentos como as pessoas morriam – era parte do corpo explodindo aqui, era
sangue lá, bem cru e bruto] do que para você que quer uma ficção científica
filosófica pra valer. Embora a discussão da sociedade seja bem interessante e
valha bastante a pena. Visualmente está muito bem construído, a história faz
sentido e é bonita, e os atores fazem um ótimo trabalho. Assista, e tire suas
próprias conclusões!
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