Cazuza – PRO DIA NASCER FELIZ!
Fortíssimo.
Mesmo já tendo assistido ao musical do Cazuza lá em outubro, pouco depois da
estreia, assistir a uma segunda vez é uma experiência e tanto – lá estava o
Jefferson, mais uma vez chorando de soluçar não só no segundo ato lindíssimo
como no primeiro ato também – parabéns Jeff, deve ser algum tipo de recorde.
Não é o musical que você sai feliz, sorridente; é aquele que você sai em
prantos, melancólico… mas quando as lágrimas finalmente cessaram uma sensação
tão boa se apoderou de mim – me sentia tão leve, tão novo. Incrível.
O musical Cazuza
– Pro dia nascer feliz conta a história do grande artista brasileiro que
morreu jovem, depois de sofrer muito tempo com a AIDS quando não se conhecia
muito sobre a doença. E narrado através de cenas pontuais, conseguimos entender
sua relação com as pessoas à sua volta, o começo da carreira de Cazuza, o Barão
Vermelho, a descoberta da doença, os tratamentos contínuos e cansativos
mesclados às irresponsabilidades e a urgência para compor aquilo que gostava e
deixar seu legado. Foram 8 anos muito bem aproveitados, que nos permitem hoje
lembrá-lo como o grande talento que foi.
Amo a poesia que é Cazuza. Cazuza foi um cara com
um dom maravilhoso, que colocou isso no papel o quanto pôde e nos encanta até
hoje com suas belíssimas composições. Como a base de tudo é a poesia e as
coisas na qual ele acreditava e deseja pregar, eu amo ver cenas tão marcantes
como Malandragem, que nos emociona,
ou Ideologia, que é uma das minhas
músicas favoritas – o início do segundo ato é forte e emocionante com essa
música! E Brasil, tão marcante – e
como a cena pode ser absolutamente incrível com apenas um ator em cena, que mal
se move!
Falando em ator… tive a felicidade de assistir com
Osmar Silveira. Emílio Dantas, eu realmente te amo, mas já tendo visto com ele
uma vez, fiquei satisfeito em ter a oportunidade de conhecer uma nova
interpretação. Osmar Silveira? BRAVO! Uma belíssima voz e uma interpretação
impecável, ele também consegue captar toda a essência do que é ser Cazuza e nos
convence, nos diverte, nos emociona… nos leva às lágrimas! Sem contar que o
Osmar… achei ele tão fofo, não só de beleza física pura e simplesmente: seu
sorriso parecia tão sincero, tão bonito, fiquei impressionado!
E as produções… o cenário de Cazuza é um tanto quanto limitado, embora bem utilizado, mas o que
mais me encanta é o figurino, que retrata muito bem a época e recria ícones da
música brasileira com perfeição, como Caetano Veloso e Ney Matogrosso. Mas
Cazuza, insuperável! Aquelas roupas escolhidas são simplesmente o Cazuza! Então
é marcante ver Osmar com a camisa roxa e o lenço, ou então aquela roupa branca
e o lenço na cabeça, e por fim os óculos, a roupa preta e a cadeira de rodas,
pálido, abatido… infelizmente uma imagem muito clara que temos do Cazuza em
nossas memórias.
PRO DIA NASCER FELIZ! Para mim essa a música que
diz tudo o que é o musical em uma única frase, é a cara de Cazuza. Como é ela
instrumental que começa o musical, já nos marca ali. Depois temos a MARAVILHOSA
e excitante cena de Ney e Cazuza “transando” com essa música (acho genial os
garotos naquele momento!) e depois Ney gravando e ajudando no sucesso da então Barão Vermelho. E quando o musical
acaba, você está em prantos mas aplaudindo e sorrindo, a orquestra apresenta
uma forte versão de Pro dia nascer feliz
que te faz sair do teatro gritando a música! Grite, ninguém vai te escutar!
Não vou me estender falando de cenas e músicas por
já ter comentado isso tudo da outra vez que vi – com todos fazendo um trabalho
cada vez mais eficiente, Yasmin Gomlevsky me pareceu ainda mais fofa e querida
do que nunca! Mas a novidade era o Osmar Silveira, e fiquei muito contente por
conhecê-lo! Espero vê-lo novamente… o musical está impressionante, emocionante.
Repleto de ótimas piadas, o tom predominante é de pura melancolia, e o senso de
humor tão sofrido de Cazuza nos faz rir em meio a lágrimas [como com “Enfermeira! Tem uma louca aqui!” ou “Morrendo de fome” e “Mãe, cadê a macumba?”], mas ouvi-lo
chamar a mãe de “Passarinha” sempre
nos derruba…
Confira, mas confira preparado para todo tipo de
emoção. Assista ao musical preparado para se entregar, para admirar o trabalho
fascinante desses atores, de toda essa equipe técnica, e do talento inegável
que Cazuza tinha – mas ria, aplauda, chore! O musical está em cartaz no Rio de
Janeiro até março, irá para São Paulo depois, sem data confirmada – e posso
comentar? Acho que Elis e Cazuza estão em posição de serem
comparados em questão de musicais atuais, e Cazuza
é infinitamente melhor que Elis. Caso
você tenha que escolher entre os dois, fica a dica.
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