Um Mistério de Sally Lockhart – Sally e a Maldição do Rubi
Londres no
tempo da rainha Vitória, quando o Reino Unido era o maior império do mundo. Uma
menina sozinha no meio da cidade grande. uma fortuna no horizonte. Uma cadeira
de segredos em torno de um Rubi.
Sally
Lockhart tem 16 anos, é órfã e acabou de matar um homem. Não com uma arma,
apesar de estar com uma pistola e possuir a coragem para usá-la. Sally matou o
sr. Higgs com apenas três palavras – “as Sete Bênçãos”. Ainda não sabe o
significado delas, nem por que o colega de seu pai, desaparecido em alto-mar,
morreu de medo quando as ouviu. Ela sabe apenas que fará qualquer coisa, será
qualquer coisa e dirá qualquer coisa para descobrir.
Em busca de
pistas, Sally se aventura no submundo sombrio da capital inglesa. Perseguida
por vilões, essa mocinha intrépida acaba revelando dois mistérios, e descobre
que ela mesma é a chave para ambos.
Confesso que eu só resolvi ler Um Mistério de Sally Lockhart por causa
de Fronteiras do Universo. Philip
Pullman me conquistou naquela série, e eu fiquei verdadeiramente curioso por
essa outra – sem contar que “Sally
Lockhart tem 16 anos, é órfã e acabou de matar um homem” me recordou muito
a sinopse e o início de A Faca Sutil.
Não que a morte tenha sido tão boa quanto aquela, não que o livro como um todo
mereça alguma comparação, afinal A Faca
Sutil é A Faca Sutil e tem seu
lugar garantido em meu coração… não, Sally
e a Maldição do Rubi é completamente diferente.
Ainda seguindo o estilo de Philip Pullman, sua
paixão por Oxford, e uma ambientalização incrível e indiscutível, essa série
não segue o mesmo estilo de Fronteiras do
Universo. Situado em nosso próprio mundo (mas alguns séculos atrás),
Pullman consegue estabelecer bem seu lugar de partida, faz com que visualizemos
suas ruas escuras, suas casas de ópio e sintamos as maldades da sra. Holland ou
nos encantemos com a loja de fotografias de Frederick. Tudo parece muito real,
o cenário e o figurino é belíssimo – e dá vontade de estarmos ali.
Então o livro parte de uma investigação.
Diferentemente de Sherlock Holmes, as
investigações são impostas a Sally, quando seu pai é assassinato e ela precisa
entender todos os segredos através de misteriosas cartas, bilhetes estranhos –
e muita conversa com gente perigosa que ela não conhecia. E assim se constrói a
narrativa: ela tenta entender o que são as Sete Bênçãos ao mesmo tempo em que
quer desvendar a morte de seu pai e os segredos que envolvem o tão poderoso
Rubi, causa de tanta morte e sofrimento… e as peças se encaixam de maneira
inteligente em uma narrativa ágil que nos prende o tempo todo.
O grande segredo de Sally e a Maldição do Rubi são os seus personagens. Sally Lockhart
não chega realmente a parecer alguém real, e eu não parava de compará-la a
Lyra, mas ela é carismática e não tem como não gostar dela. Você se sente no
lugar dela enquanto lê o livro – e é bom então que conheçamos tantas pessoas
queridas que tornam o livro ainda mais legal. As cenas de Jim, Rosa, Frederick,
Trembler… todos tão apaixonantes! E tudo de uma maneira tão natural, com calma…
notamos o quanto Pullman conhece esses personagens a fundo, e fala deles com
uma naturalidade incrível que faz-nos pensar que o conhecemos desde sempre
também… e é ótimo.
Também temos o Sr. Bedwell, Marchbanks… como
detestamos Sra. Holland e seus comparsas… e a pobre Adelaide, que fica com o
seguro incerto para o próximo livro. Além do Sr. Lockhart, que não vemos,
propriamente dito, mas que também admiramos, especialmente por sua carta final.
O livro nos deixa perfeitamente curiosos para ler
o próximo, Sally e a Sombra do Norte,
mas vai dizer que esse título, sozinho, já não nos lembra A Bússola de Ouro? O fato é que, de muitas maneiras, o livro tem
uma história fechada e independente, mesmo com as poucas coisas que ficaram
para se resolver no próximo volume… A
Sombra do Norte é uma leitura obrigatória, mas não imediata… nesse momento
eu estou muito mais curioso e ansioso para retornar a Fronteiras do Universo e poder ler A Luneta Âmbar, o qual [vergonhosamente] ainda não li…
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