Vale o Piloto? – Resurrection 1x01 – The Returned
Sem ter assistido a um sequer episódio de Les Revenants, eu não posso ter como
compará-la, nem afirmar que foi a original francesa que fez algo em meu cérebro
se acender. Mas assistindo ao piloto de Resurrection
eu tive a perturbadora e insistente sensação de que aquela história não me era
estranha e eu já tinha visto algo muito similar em algum lugar. Mas é tão
distante e inatingível que eu não consigo colocar em palavras… e também até
onde eu sei, pessoas estão comentando por todo lado que a série não é
exatamente uma cópia, apenas parte de uma mesma premissa, mas as mudanças já são
evidentes diretamente no Piloto.
A premissa, por sinal, é fantástica – foi o que me
levou a ver a série. O trailer, por incrível que pareça, não foi o que realmente
me chamou atenção, mas esse plot certamente.
A série começa quando Jacob, um menino de 8 anos, acorda assustado em uma poça
d’água na China. Ele não fala absolutamente nada, e ninguém mais parece
entender quem ele é ou que está fazendo ali. A polícia então se encarrega de
uma busca por crianças desaparecidas ou seqüestradas, sem nenhum tipo de
informação concreta – a qual vai partir do próprio Jacob mais tarde, guiando os
demais até sua casa, onde descobrimos:
Ele morreu 32 anos atrás.
Imagine um filho seu, morto há 32 anos batendo na
sua porta de repente? Me partiu o coração ver aquele casal de velhinhos (lá
pelos seus 60 anos), aparentemente tão felizes, tendo essa ferida reaberta. Mas
muito mais do que isso, o que permeia todo o Piloto é o sentimento de incerteza enquanto o coração diz uma
coisa, mas a razão diz que aquilo não pode ser possível. De maneira alguma. E não
poderia. Mas ali está Jacob, vivo como se o tempo não tivesse passado,
reconhecendo seus pais, e com o teste de DNA provando quem ele é. O que fazer
numa situação dessas? Não há como saber! Não há precedentes, não tem um modelo
a se seguir, não tem como agir.
Então o episódio é todo centrado nessa confusão incrível
– as pessoas estão chocadas, e cada uma que o conhece ou reconhece tem um
choque tremendo. Compreensível. Os pais, a filha da tia Barbara, que
aparentemente morreu para salvá-lo, E Tom Hale, o melhor amigo de infância;
agora um homem, um pastor – “Tenho
pregado os milagres de Deus há 10 anos. Agora que um acontece bem em frente aos
meus olhos eu não acredito?” Que tipo de confusão acontece dentro da cabeça
dessas pessoas, eu me pergunto – se essas confusões estavam se passando dentro
da minha, e eu estava sentindo esse drama, esse terror, essa agonia por não entender.
Podemos dizer que há muito a se entender. Não só
Jacob voltou dos mortos 32 anos depois aparentemente normal, como ainda
levantou dúvidas sobre a maneira como o acidente aconteceu – Maggie estava lá,
um bebê, e quem começou a se afogar fora tia Barbara, que na tentativa de
ajudá-la, fez com que Jacob também caísse na água, e assim os dois morressem.
Mesmo com a tentativa de um homem misterioso de ajudá-los. Uma cena forte e
tensa, que nos deixa apreensivos e muito mais do que isso, perfeitamente
perdidos – em quem acreditar depois disso tudo? Na história vendida há 32 anos
da tia salvadora, ou na versão de Jacob, na qual ele tentou ajudar a tia?
Só eu que não confio nele totalmente?
Ele me assusta, apesar de fofo, e ele teve uns
olhares sombrios. Vide a cena da janela…
Mas Jacob também já está tendo alguns desmaios e
convulsões estranhas, e mais do que ele, pelo menos mais uma pessoa já retornou
dos mortos, apresentado formalmente em uma última cena de reencontro com a
filha que foi algo digno de emoção e de lágrimas. Resurrection me pareceu uma série capaz de fazer exatamente isso:
nos emocionar ao mesmo tempo em que nos choca, nos levando a pensamentos
estranhos e assustadores, profundamente filosóficos. A série me cativou, me
conquistou depressa o suficiente, e também gostei do fato de termos apenas 8
episódios nessa temporada. Parece pouco, e de fato o é, mas pelo menos a
história estará bem escrita em um arco fechado de dois meses. Não teremos que
sofrer com roteiros mal escritos…
P.S.: Muito
cedo para formular minha primeira teoria? Ela me surgiu quando Jacob “conheceu”
Tom Hale, dizendo que ele não era o Tom Hale, porque o Tom era seu melhor
amigo. Ele diz algo como “E então eu
morri. Todos nós morremos?” E se essa for uma explicação já? Uma
possibilidade? Ao invés de Jacob ter retornado dos mortos, talvez estejamos
vendo uma série fora do nosso mundo, e essas pessoas é que estão indo ao
encontro dele, ao contrário da perspectiva que querem, inicialmente, nos vender
como real… o então ele só tem um plano terrível. Ou algo muito maior do que ele
e todos nós explique tudo.
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