Harry Potter e a Pedra Filosofal (1997)
Nas últimas férias eu li novamente o primeiro
Harry Potter, a Pedra Filosofal, mas dessa vez no audiobook original, na voz de Jim Dale. Que sensação mais perfeita!
Eu sentia que já tinha lido tantas vezes, português e inglês, eu precisava
conhecer essa versão também, e me apaixonei! Claro, não tem como com a
narrativa tão bem construída e envolvente de J.K. Rowling, essa história que todos
amamos há tantos anos, mas é muito bom matar as saudades, estar de volta, viver
tudo imaginando que seria a primeira vez… e Jim Dale proporciona uma leitura
única.
Bem, ler Harry
Potter é sempre prazeroso. Eu já li Sorcerer’s
Stone tantas vezes que passagens inteiras eu sei de cor. E nunca me canso.
Ler Harry Potter é sempre uma emoção
nova, e esse livro tem um certo encanto especial. Eu me apaixonei novamente e
me encantei novamente por ver Harry sendo tratado daquela maneira por seus tios
e primo, por ver Hagrid aparecendo como sua salvação… ver o mundo dos bruxos se
desvendando em frente a seus olhos é fascinante! Uma sensação única… é sempre
bom reler a primeira cena do Beco Diagonal, ver Olivaras vender a primeira
varinha de Harry…
O Beco Diagonal é o primeiro contato de verdade
que temos com esse mundo. E somos companheiros de Harry, desconhecidos de tudo
isso, e vamos sendo apresentados a tudo lentamente. Hogwarts parece um paraíso
e um perigo à primeira vista, e aquela vontade de estar lá retorna; na verdade
nunca nos abandonou. E é ótimo ver Ron e Harry se conhecendo, ver Hermione ser
a menina irritante e chata o tempo todo, ver a maneira como eles se tornam
amigos, e a maneira habilidosa com que Rowling guia a narrativa para esse
momento, com um grande clímax que culmina em uma amizade para toda a vida.
Nicolas Flamel tendo sua história desenvolvida, as
relações na Escola se estabelecendo. Boas como com Hagrid, ou péssimas como com
Malfoy. E quem esperaria de Neville tudo o que ele fez até o fim da série? Na
verdade Rowling era a única que já esperava tudo aquilo, nos apresentando um
personagem e começando a sua transformação já no primeiro livro.
Inteligentíssimo. E você vê os pontos soltos e as dicas deixadas por Rowling,
coisas que ela pode retomar só quatro livros mais tarde, que é o caso da
pergunta de Harry a Dumbledore, no fim: “Ele disse que minha mãe morreu para me
salvar. Mas por que Voldemort queria me matar em primeiro lugar?” – na hora a
Profecia de Ordem da Fênix me veio à
cabeça.
E isso também é fascinante. Ler sabendo o que está
por vir, e então poder notar cada um dos detalhes que ela deixou. Como um Percy
meio mala, que pode até ser engraçado nesse livro, mas que será um pesadelo no
futuro, trabalhando para o Ministro. Dumbledore cogitado como Ministro da
Magia. A comparação que Dumbledore faz da relação de Harry e Draco com a de
James e Severo – inclusive ele cita o momento em que James salva a vida de
Severo, e nos lembramos claramente da Sala Precisa em Relíquias da Morte. Fascinante! E também já tivemos, na hora do
Chapéu Seletor, a breve apresentação das irmãs Patil e de Lilá Brown. Quem
esperaria?
E mesmo sabendo tudo isso, e já quase tendo Sorcerer’s Stone decorado em minha
cabeça, é emocionante de toda maneira. Eu me emocionava com as cenas mais
fofas, eu ria com piadas que eu já conheço há tempos, eu ficava apreensivo com
momentos como da Floresta Proibida. E uma prova disso esteve na cena final, na
qual Dumbledore concede pontos extras à Grifinória pelos “eventos recentes que deveriam
ser levados em consideração” – ler aquilo me encheu de alegria, meu coração
saltou e meus olhos se encheram de lágrimas. Acho que foi toda a emoção de
estar lendo Harry Potter novamente, não só aquela cena. Mas foi uma sensação
muito boa!
E o que foi a musiquinha final?
Enquanto eu lia, fui reparando em inúmeras
pequenas diferenças e as fui guardando no fundo da cabeça – no livro foi assim,
no filme foi daquele jeito. Mas como não coloquei no papel, muitas delas eu
esqueci, e ao fim do livro eu percebi o quão pequenas aquelas alterações eram,
de maneira que Harry Potter e a Pedra
Filosofal é o filme mais fiel de toda a franquia. Pequenas alterações que
faziam o filme ficar mais ágil e no ritmo cinematográfico, como mandar Harry
com Hagrid para o Beco Diagonal e depois para Hogwarts, sem aquele retorno de
um mês para a casa dos Dursley. Que realmente ficaria chato no filme.
As diferenças foram pequenas. Como Ron não estar
na Floresta Proibida, mas Neville. A tentativa de encorajar Quirrell para que
ele não se rendesse a Snape, e as conversas escutadas, mais numerosas. Snape
apitando o segundo jogo de Quadribol, que não foi filmado. O tão engraçado Gred
and Forge. A cena de Harry e Malfoy comprando os uniformes. Conversa dos
Weasley sobre o Harry em King’s Cross. A música do Chapéu Seletor. Mais brigas
com Malfoy. Despachar Norberto para Charlie na România. O resto da família no
Espelho de Ojesed.
Agora as duas coisas que eu realmente sinto falta
no filme e acho que deveria estar, de uma maneira ou de outra: o desafio de
Snape para chegar à Pedra Filosofal, com os sete vidros de poções, que é uma
das minhas partes favoritas do livro, pura lógica. E os comentários de Lee
Jordan, narrando a partida de Quadribol. Aquilo sempre foi uma das coisas mais
engraçadas de se ler, e eu ainda rio toda vez que me deparo com essas
passagens. A narrativa supostamente “imparcial” é hilária! E as interferências
de McGonagall também. Lee deveria fazer essas coisas no filme!
Mas falando sobre o audiobook itself, eu me encantei. O primeiro Harry Potter tem 8h24min e Jim Dale faz uma interpretação tão
fascinante, que não pode-se dizer que ele “lê” o livro. Ele o interpreta. É
quase como ver um filme sem nenhuma alteração em relação ao livro. Ele narra
cada momento colocando emoção em suas palavras, e os personagens parecem ter
cada um uma voz única e uma interpretação brilhante, que capta a personalidade
e o estilo do personagem. Dale é realmente deslumbrante em sua “leitura”. Ele
sabe quando a história tem que ser mais ágil, quando as palavras devem ser mais
calmas e bem pronunciadas. Ele interpreta a alegria, tristeza, sono e
exasperação dos personagens… um trabalho incrível, interpretando um livro
inteiro!
Por vezes, parece impossível que uma mesma pessoa
esteja fazendo todas as vozes daquela maneira. Alguns diálogos são fascinantes,
eu fechava o olho, desistindo de acompanhar no livro, e conseguia enxergar os
personagens conversando na minha frente. Harry tem uma voz muita parecida com a
do próprio Jim, e Rony não se distancia muito, mas um pouco mais extrovertido.
Já Hermione é uma das brilhantes interpretações de Dale, especialmente em sua
primeira cena. Eu estava ansioso por esse momento, e quando ela aparece no trem
e fala depressa sobre o sapo de Neville, eu quis aplaudir. Ela foi a menina
irritante falando depressa e exasperada, exatamente como deveria ser! Perfeito!
Wood também teve um pouco desse estilo de
interpretação, e eu aprovei bastante suas falas. Dumbledore ficou um pouco
engraçado, diferente da voz que eu imaginava, mas whatever. É assim que ele nos é apresentado nos primeiros livros.
Malfoy teve praticamente a mesma voz de Duda, e basicamente era bem irritante o
tempo todo. Não tão metida, muito mais menino mimado. Cabível. O tio Válter foi
brilhantemente lido, mas Hagrid é a melhor incorporação de Jim Dale. Suas cenas
eram sempre perfeitas, e eu lia ansioso pelo momento em que o personagem
voltaria a aparecer, apenas para poder ouvir as falas na voz de Jim Dale.
Incrível! Acho que foi o personagem que ele mais assimilou de verdade, ficou
extraordinário! Exatamente como eu imaginei que tinha que ser.
E fico contente por perceber e poder comentar isso
novamente, que minhas visões de Harry, Ron e Hermione estão já muito fixas em
minha cabeça para que elas possam ser alteradas. Mesmo tendo visto os filmes
zilhões de vezes (e foram muitas!), eu nunca imagino o Daniel, Rupert e Emma
enquanto leio os livros. São outras pessoas totalmente diferentes, aquela
imagem que me vem à cabeça quando Rowling fala sobre seus personagens tão
amados. Talvez mais próximos com os desenhos de Mary GrandPré que ilustram as
versões americanas e brasileiras, mas meu Harry não é Daniel Radcliffe.
Incrível como meu cérebro separou as duas coisas tão absurdamente.
Que bom!
Gente, eu sei que tem muito fã de Harry Potter que
acompanha o blog atualmente. Não sei quanto vocês pegaram sobre minhas inúmeras
seções e postagens sobre os livros e filmes, mas não importa. Hoje eu deixo uma
dica, como costumo fazer: leiam os livros novamente. Nunca mais será a mesma
coisa de ler pela primeira vez, de estar fora da livraria no momento em que o
livro é lançado, ler as palavras pela primeira vez e se surpreender, mas agora
é uma emoção diferente. De fã apaixonado, de nostalgia misturado a muito amor.
Mesmo já tendo lido várias vezes, ler Harry
Potter é sempre um exercício delicioso, e nos transporta de novo para esse
mundo que tanto admiramos. Fica a dica! Até mais!
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