Maze Runner – Correr ou Morrer
Ao acordar
dentro de um escuro elevador em movimento, a única coisa que Thomas consegue se
lembrar é de seu nome. Sua memória está completamente apagada. Mas ele não está
sozinho. Quando a caixa metálica chega a seu destino e as portas se abrem,
Thomas se vê rodeado por garotos. “Bem-vindo à Clareira, fedelho.” A Clareira.
Um espaço aberto cercado por muros gigantescos. Assim como Thomas, nenhum deles
sabe como foi parar ali. Nem por quê. Sabem apenas que todas as manhãs as portas
de pedra do Labirinto que os cerca se abrem, e, à noite, se fecham. E que a
cada trinta dias um novo garoto é entregue pelo elevador. Porém um fato altera
de forma radical a rotina do lugar: chega uma garota, a primeira enviada à
Clareira. E mais surpreendente ainda é a mensagem que ela traz consigo. Thomas
será mais importante do que imagina. Mas para isso terá de descobrir os
sombrios segredos guardados em sua mente e correr… correr muito.
232.1.27
Corra como
se sua vida dependesse disso. Porque depende.
James Dashner conseguiu criar um universo
fascinante e perfeitamente desconcertante. Ele caracteriza bem um momento no
qual os meninos moram nessa Clareira cercada por um Labirinto, mas nos deixa
intrigados com o que aconteceu antes disso. Quem foi que os mandou para lá? Por
quê? E quem são esses garotos afinal? O livro passa muito depressa, repleto de
acontecimentos, e embora tenha mais de 400 páginas, a leitura é muito rápida!
Porque você não quer parar até descobrir o que está acontecendo, especialmente
nos momentos finais… mas desde sempre algo parece tão errado naquilo tudo que você só quer descobrir o que é.
E LEMBRAR!
Correr ou
Morrer se organiza assim: umas 350 páginas sobre o Labirinto e a Clareira,
e o restante para nos preparar para o resto da série. No começo eu quase achei
que James Dashner estava mastigando demais as informações, e demorando mais do
que o necessário em algumas passagens, mas suas intenções ficam claras
futuramente: ele quer estabelecer bem o modo de vida quase calmo e sem
novidades que os meninos levam na Clareira. Isso deve ficar bem estabelecido,
sem dúvidas, para que a chegada de Thomas e os eventos que transcorrem depois
disso possam ser observados com choque. Porque chegamos na clareira junto com
Thomas, não nos seria chocante todas as “mudanças” se não soubéssemos como era
antes.
A Clareira é muito bem caracterizada. Conseguimos
imaginá-la perfeitamente, e eu gostei muito de como as coisas funcionam dentro
dela. Como temos os líderes, os Encarregados – eu gostei muito das cenas do
Conclave, por exemplo. E muito depressa, Thomas decide que quer ser um
Corredor: um daqueles meninos que saem todas as manhãs para correr pelo
labirinto e retornam à noite, antes das portas se fecharem, com a intenção de
analisar o Labirinto e desenhar mapas, que algum dia poderiam ajudá-los a
escapar. O problema é que, toda noite, quando os Portões se fecham, as paredes
do Labirinto também se movem, em um padrão repetido a cada um mês
aproximadamente.
Não só o Labirinto é envolto em mistério, e essa é
a melhor parte do livro, pensando agora como um todo. Durante a leitura,
confesso que fiquei muito angustiado com todo o suspense que não me revelava o
que eu queria saber, mas agora fico contente que não o tenha. O autor consegue
guardar suas informações para o final do livro (parte delas), mas nos instiga
durante toda a narrativa, deixando claro que há muito mais que se saber. Como
os Verdugos… quem são os Verdugos, comandados por quem, e por que eles
desaparecem durante o dia? Vão para onde? E os próprios besouros mecânicos com
a escrita CRUEL?
Sobre os Verdugos… eu sei que nem parece fazer
assim tanto sentido, e que temos uma descrição dos Verdugos no “início” do
livro. Mas sinceramente, eu mal me lembro de tal descrição de quando ele o viu
pela janela, pois nem dei tanta importância. Durante todo o restante do livro,
eu li os Verdugos imaginando uma estranha combinação de Jabba the Hutt com
Daleks… e essa é a imagem deles que eu criei para mim na minha cabeça, e eu sei
claramente que não é o que eu verei no filme, e que consequentemente eu
provavelmente ficarei desapontado… como o cérebro prega essas peças em nós!
Mesmo contrariando toda a razão, era inevitável. O nome “Verdugo” me traz um
Jabba the Dalek à cabeça.
Irremediável.
Ainda mais desconcertante do que os Verdugos
durante a leitura do livro: A TRANSFORMAÇÃO!
Quando os meninos chegam à Clareira, todos sem
exceção, eles não se lembram de absolutamente nada exceto seus primeiros nomes.
Quem são eles e de onde eles vieram é uma das coisas que mais nos intriga, e
que mais queremos saber. Quando “picados” por um Verdugo, os meninos são
injetados com um soro que supostamente salva a vida deles, mas no processo eles
passam pela chamada Transformação,
onde algumas lembranças fragmentadas lhes são devolvidas. A maneira como cada
um lida com essas memórias (Alby, Gally, Ben) é o que mais nos deixa curiosos…
porque seja lá o que eles vêem, não parece ser algo tão agradável e promissor.
E Thomas sempre desempenha um papel importante.
Os personagens são bem caracterizados, em sua
maioria. Thomas é um protagonista que conseguimos gostar, mesmo com todas suas
ações incertas que lhe fazem parecer uma pessoa extremamente confusa – ele é
muito mais confuso em seus pensamentos do que em suas ações, por isso eu os
dispensaria. Teresa me pareceu extremamente superficial, parece que não
chegamos de fato a conhecê-la, sempre tão distante, mas eu gosto dela.
Detestamos Gally profundamente, não gosto do Alby, mas personagens como Newt e
Minho realmente ganharam a nossa simpatia. Nunca unilaterais, eles são bem
humanos, com cenas revoltantes, mas ainda assim gostamos deles!
Mas Chuck…
O MAIS FOFO DE TODOS OS PERSONAGENS!
Depois de um começo e meio de livro guiado com
muita direção e clareza por James Dashner, ele realmente nos surpreende no
final… quando os Mapas se tornam códigos a serem desvendados, começamos o tipo
de cena e decodificação que esperamos desde o começo quando pegamos o livro… e
o fim é MARAVILHOSO! Começa quando o Sol se apaga. Dali em diante, quando as
Portas não se fecham mais à noite, as coisas mudam drasticamente, a angústia
toma conta, e a escrita é frenética. Mas nada supera quando eles passam pela
Porta dos Verdugos… dali em diante, o livro se transforma. E infelizmente é
apenas uma média de 50 páginas até o fim do livro, 50 páginas que parecem não
pertencer à mesma narrativa. Porque o autor é o mesmo, e vemos a conexão, no
entanto o ambiente é tão alheio ao anterior que parece que alguma coisa está
errada em seu cerne! Não dá para conceber a idéia daquele mundo no ambiente da
Clareira que nos foi apresentado no começo.
Ou do Labirinto.
Mas o que prevalece são as dúvidas, e isso faz
toda a diferença. As coisas acontecem muito depressa, e precisamos acompanhar
com calma absorvendo e aproveitando cada detalhe. A desativação dos Verdugos
que desencadeia a descoberta de um novo mundo, a CRUEL… e você acha que sabe
como vai acabar. Até que você vocifera contra uma morte injusta, e se delicia
com um acesso de fúria que altera novamente todo o panorama que aos poucos se
formava: não existem mais os Criadores, apenas os resgatadores… nos quais se
pode confiar? A mulher cheia de problemas que parece louca e detém Thomas às
portas do ônibus nos faz pensar em Alby… e é muito chocante vê-la ser
atropelada friamente pelo ônibus no qual eles se encontram.
Que mundo é esse?
Tudo voa nas últimas páginas. Amo toda a
construção do Labirinto, e a proposta da sociedade na Clareira, mas também fico
muito curioso por essa coisa pós-apocalíptica desesperadora que se apresenta no
final, tão ficção científica não explorada, porque vai ficar para os próximos
volumes… e me faz admirar ainda mais a série pela possibilidade de mudanças, de
novos rumos, e de inovações… imagino um Prova
de Fogo absurdamente diferente de
Correr ou Morrer. E mal posso esperar
para lê-lo… com um final desses, de desconstrução, abundância de informações, e
muito mais dúvidas… cliffhangers
perfeitos e fascinantes de James Dashner. O que fazer agora?
Lembrei de várias outras histórias enquanto lia as
últimas páginas, várias histórias que realmente me agradam, e são incrivelmente
diferentes de Maze Runner, por isso
estou muito animado! Os Criadores me parecem os Idealizadores dos Jogos,
enquanto esse mundo no qual os Verdugos são desativados me lembra Starters, e o Fulgor me lembra muito a
Praga em Legend. Mas eu também gostei
dessas explicações finais sobre as explosões solares que causaram o Fulgor, e
desse cenário tão futurístico (porque tem que ser muito distante no
tempo!) que fugiu da normalidade, onde o problema que devastou o mundo não foi
uma guerra, mas um evento natural não previsível que quase dizimou os humanos.
MUITO BOM!
E por fim, o inteligente Epílogo. São duas
páginas, duas páginas que Dashner deve ter escrito às gargalhadas, brincando
loucamente com seus personagens e conosco, mostrando que as coisas são muito
maiores e mais complexas do que imaginamos, e que a CRUEL é mais inteligente do
que parece. Depois de pizzas, sorrisos e uma abundância de cores que parecem
tão distantes do que o que nos acostumamos (quase parece errado, insensível),
estamos muito ansiosos pela “Implementação da Fase 2”! E que venha Prova de Fogo…
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