O Herdeiro Guerreiro
Diferente do que eu esperava.
Embora eu saiba que não devo fazer isso, O Herdeiro Guerreiro foi um livro que eu
li pela capa. Inicialmente. Em uma das minhas tardes perambulando por
livrarias, me deparei com a belíssima capa escura e simples, com uma espada – o
título interessante e a sinopse convidativa garantiram que eu compraria o
livro. Mas enquanto eu estava esperando um universo fantástico sendo criado, ao
estilo Eragon, o que eu ganho é algo
mais Avalon High. Ou seja, um pouco
de misticismo e era medieval mesclado à atualidade e nossa sociedade comum – um
Percy Jackson sem Mitologia.
Dessa maneira, de jeito nenhum eu digo que o livro
é ruim. De leitura fácil e envolvente, Cinda Williams Chima consegue criar um
livro que é gostoso de ler, suficientemente convincente, e que nos prende para
não largarmos o livro. Mas também não inova tanto, afinal foi um pouco daquilo
que já vimos várias vezes em vários lugares, em uma roupagem um pouquinho
diferente. Não muito.
O rapaz jovem que não sabe a verdade sobre ele, e
então é visto colocado como uma peça importantíssima em uma grande batalha que
se aproxima, para a qual ele precisa se preparar em tempo curtíssimo, mas faz
isso com maestria graças à sua habilidade natural, nascida com ele. Ou quase,
afinal ele nasceu um mago porém recebeu uma Pedra de Guerreiro quando quase
morreu ainda bebê… enfim, ele está se adaptando à realidade de quem realmente
é, aprendendo a viver com isso, e aceitando os desafios que essa nova vida lhe
propõe. Além de um romancezinho clichê que não me convenceu. Isso é uma
crítica.
Jack é um garoto de 16 anos que mora em Ohio, nos
Estados Unidos. Aparentemente leva uma vida comum, mas tem uma estranha
cicatriz no peito e precisa tomar um remédio todos os dias – receitado pela
médica cardíaca que salvou sua vida quando ele era ainda um bebê. No entanto,
no dia em que ele se esquece de tomar seu remédio, coisas estranhas começam a
acontecer ao seu redor, quando seus poderes de Guerreiro começam a se
manifestar. É uma grande confusão entre entender se Jack é um Guerreiro ou um
Mago, e para mim, como Hastings, ele é uma perfeita combinação dos dois…
Mas se você me perguntar, todas as Ordens dos Weirs não foram bem exploradas. Como
Casas de Hogwarts, eu esperava que houvesse bem mais história para cada uma
delas, personagens marcantes representando-as e características bem definidas.
Eram Magos, Feiticeiros, Adivinhos, Guerreiros e Encantadores. E aqueles que
não são parte disso são chamados de trouxas mundanos mortais
Anaweirs. Depois que descobre que o
remédio estava apenas inibindo seus poderes, Jack começa ao mesmo tempo se
sentir melhor e mais vivo, e também a correr muito mais perigo.
Agora, como um membro dos Weirlind, Jack se vê preso em treinamentos pesados e fugas
desenfreadas para se proteger, enquanto as pessoas à sua volta não são o que
dizem ser, com surpresas agradáveis e assustadoras. E também sendo encaminhado
ao Jogo, um duelo até a morte com outro cavaleiro Guerreiro, comandado pelas
Rosas Vermelha e Branca… embora também apareça o Dragão Prateado… o que importa
é que é uma grande luta política, na qual a Casa vencedora governa os Weirs. Com a responsabilidade imensa nas
mãos, Jack é usado para um antigo projeto de vingança e luta por justiça,
enquanto é obrigado a lutar com alguém impensado…
Super original.
Infelizmente, os personagens também não são
exemplos de construção. Jack é um dos poucos personagens com um pouco de
empatia com o público, mas só por ser o protagonista – Chima não o deixa humano
o suficiente para nos preocuparmos com ele. Linda e Hastings devem ter sido os
mais naturais e mais deliciosos de ler. Porque cenas com Becka (a mãe de Jack)
e com Fitch e Will (seus “melhores amigos”) eram simplesmente vergonhosas,
afinal não eram nem um pouco convincentes… os outros personagens não se
sustentam o suficiente para merecerem um comentário aqui.
Por fim, eu diria que eu já li livros piores.
Nesse ano mesmo. Mas a história do adolescente que não sabe quem é e se vê
obrigado a lutar em uma guerra muito maior do que ele mesmo não é uma idéia
nova e já vivemos isso antes… o universo ligado ao mundo real não nos apresenta
a maravilha de conhecermos novos lugares, como a Terra-Média, e portanto não é
um medieval fabuloso, como eu achei que seria. Bom, mas não bom o suficiente
para figurar em minha lista de livros favoritos… não me arrependo de ler,
talvez seja uma leitura que lhe agrade. E sim, eu voltarei para ler O Herdeiro Mago e O Herdeiro Dragão, então…
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