The Leftovers 1x02 – Penguin One, Us Zero


Um grandesíssimo ponto de interrogação seria uma ótima review.
Foi mais ou menos esse o espírito que guiou esse segundo episódio de The Leftovers. Gostei mais desse do que do Piloto da semana passada, porque com as bases bem estruturadas as coisas começaram a andar… e não podemos dizer que não tenhamos tido movimento – tivemos ação e as coisas avançando, mesmo que não saibamos para onde. Porque o que prevalece, de fato, é uma série de dúvidas. A série parece determinada em nos deixar com a sensação de nossos cérebros estão a ponto de explodir, enquanto tentamos tirar algum sentido de todas as coisas colocadas lá sem explicação.
E isso é o mais legal.
Não espero nenhum tipo de explicação mastigada – porque o que mais me encanta em séries é justamente a criação de um clima de suspense e uma rede de mistérios que se intercalam, mas que não são nitidamente respondidos. Mistérios que são trabalhados, que possibilitam teorias, e que podem ser respondidos através da longa análise de vários outros elementos apontados, que nos conceda uma informação ao fim de muita reflexão. Série que nos intriga e nos faz pensar sempre nos faz querer voltar para o próximo episódio, mesmo que não saibamos o que ele nos reserva. Com um caderno ao lado, faço anotações freneticamente, e guardo as informações para pensar mais tarde.
Kevin Garvey está quase se convencendo de que está ficando louco. Depois das inexplicadas cenas do episódio passado que mostram um veado morto por uma matilha de cachorros, que “não são mais nossos cachorros”, o homem da caminhonete simplesmente desapareceu. Sem que ninguém mais o tenha visto. Kevin é acusado de matar o cachorro durante todo o episódio, ninguém acredita nele, e a caminhonete acaba por de fato aparecer na sua garagem, o que me pareceu bem suspeito e me fez pensar em A Janela Secreta. No entanto, quando o homem [ainda sem nome] aparece na sua porta com cervejas, avisando que encontrou novos cachorros, Jill também o vê.
Isso resolve tudo?
As coisas são muito mais complexas do que uma primeira impressão pode causar. Então mesmo que Jill tenha visto o homem, sua amiga passou tão reto por ele sem nem cumprimentá-lo, de uma maneira que me pareceu bastante suspeita. E aquele sonho do Kevin que começou o episódio significava o quê afinal? E o fato de as rosquinhas terem desaparecido, mesmo que tenham reaparecido mais tarde? Tudo isso é simbólico? E a conversa com o pai, que foi provavelmente a melhor cena do episódio? Ou ninguém mais ficou intrigado com o fato de ele estar em um manicômio, dizendo-se são, conversando com pessoas invisíveis que “vão mandar alguém para ajudar Garvey”? Tudo muito conveniente, não é não?
Também as seitas parecem se desenvolver, mas infelizmente se desenvolver pouco. Então temos Megan Abbott há aproximadamente duas semanas no GR, mas aparentemente não é forte o suficiente, e precisa ser eliminada. Aquela mulher grande me dá agonia, e a esposa de Garvey me passa apenas uma sensação de melancolia e infelicidade. As cenas finais mostram cenas que não entendemos realmente o que acontecerá com Meg, mas ela está determinada a terminar de cortar aquela árvore, seja lá o que isso significa. E eu estou realmente gostando demais dela, porque aquela “conversa” com a esposa de Garvey foi ótima! “No shit! The hot cop? And you’re here?”
A segunda organização a ser observada é a de Wayne, e ele está me deixando a cada dia mais angustiado. Ele parece completamente fora de si, louco mesmo, e não dá para entender o que se esperar daquele personagem. Sabemos que a construção dessa trama consegue nos deixar apreensivos com cada cena, e lamentamos muito por Tom (oh, Chris Zylka!) envolvido nisso tudo agora destinado a proteger Christine. Sabe-se lá onde isso vai levá-lo. Assim como no episódio passado ele grita na piscina, dessa vez ele soca o volante em outra cena intensa de ótima interpretação, como um dos personagens que mais sofrem na série, talvez.
E de maneira mais incompreensível.
Porque eu estou perdido.
Mais ainda, além de tudo isso, Jill e Aimee passaram o episódio todo seguindo uma mulher “louca” que carrega uma arma dentro de sua bolsa. Ela é completamente suspeita, e eu nem sei o que pensar dela – a cena em que ela propositalmente derruba a xícara é estranha, mas as perguntas sobre Charlie para aquele casal de idosos são ainda muito mais bizarras! Mal dava para saber o que pensar, e meio que desligamos quando ela pergunta se eles sabem se Charlie viajou para o Brasil? Dentro de tantos países, por que justamente o Brasil? Isso é no mínimo intrigante, mas muita coisa naquela história é. E me arrepiou a maneira como ela olhou para Jill através da janela do carro.
Intrigante. Extremamente intrigante. Nota à parte: a abertura ficou ótima, e volta a sugerir aquela explicação religiosa de que os 2% foram levados ao Céu no Arrebatamento. Vai saber.

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