CHIQUITITAS

Chiquititas deixou um legado!

A obra de Cris Morena que estreou na Telefe, na Argentina, em 1995, marcou pelo menos duas gerações, porque os pais que assistiam naquela época com os filhos também ainda lembram da novela, e muitas vezes com o mesmo carinho que nós – minha mãe sabe as músicas, lembra das cenas, sabe exatamente quem é quem… há quase 20 anos, o primeiro grupo de meninas se reunia em um orfanato conhecido como Rincón de Luz, onde histórias muito bonitas aconteciam acompanhadas de músicas memoráveis, e mensagens sobre amizade e amor eram belamente transmitidas.

Quase dois anos depois, devido ao sucesso estrondoso da produção, o Brasil resolveu fazer sua própria versão em parceria com a Telefe, e filmou na Argentina a primeira temporada de Chiquititas Brasil, que estreou em 1997 – a novela atingiria um sucesso no país que marcou a televisão brasileira, ficando na programação (com algumas pausas entre temporadas nas quais novelas infantis mexicanas eram exibidas) até 2001, época em que vendeu zilhões de produtos, cinco CDs foram lançados, e uma horda cada vez maior de fãs se acumulou em torno do fenômeno. Crianças por todo lugar querendo ser chiquitita e chiquitito, fazendo testes e se vestindo como eles.

Lembram?

Para quem não conhece, Chiquititas conta a história de um grupo de crianças órfãs que moram em um orfanato chamado Rincón de Luz, ou Raio de Luz na nossa versão. Um grupo de garotas, inicialmente, muito amigas (e algumas picuinhas) que viviam inúmeras “aventuras”. Muito mais do que isso, a novela tinha toda a sua cor e alegria pela infância, pelas músicas e cenários, mas também era muito emocionante por trazer a temática do abandono de maneira muito forte. Músicas como Mentirinhas e Era Uma Vez ensinaram toda uma leva de crianças a pensar sobre esses assuntos, e nos ajudou a entender essas emoções do mundo. Muito mais do que uma simples novela infantil colorida e feliz, Chiquititas foi emocionante e nos marcou profundamente.

Quem não se lembra da Mili cega?

Com o passar dos anos o elenco aumentou. Ainda na primeira temporada meninos também foram aceitos no orfanato (o que provocou uma drástica mudança no uniforme), e com o tempo a novela foi sofrendo alterações que garantiam a inovação do programa. Personagens marcantes entravam, como Maria que entrou mais tarde (e quem não se lembra de Coração com Buraquinhos) ou Samuca (O que você fez?); e alguns personagens foram deixando a atração, como Mili… e nunca imaginamos, no começo de Chiquititas, essa novela sem ela. Tanto que foi extremamente emocionante vê-la retornar, quase um ano mais tarde, para uma visita ao pessoal do orfanato! A casa mudou, o Cantinho de Luz foi até substituído por um celeiro mais tarde…

A novela começou na Argentina, que ainda é o país que mais viu versões de Chiquititas, que parece fazer parte da história do país. Tendo estreado em 1995, a novela foi, de certa maneira, encerrada na quarta temporada com o fechamento da história do Rincón de Luz no que se considera o auge da novela. A quinta temporada foi uma espécie de reboot, que trouxe personagens novos fora do orfanato, que trilharam o caminho de volta à abandonada mansão (de anos atrás) apenas na sexta temporada. A série foi oficialmente finalizada na sétima temporada, em 2001, enquanto o Brasil também encerrava nossa versão, mas na quinta temporada.

O SBT chegou a exibir, anos mais tarde, a sexta temporada da versão argentina (de 2000), que seria aproximadamente a continuação da história de onde a nossa tinha acabado – muito diferente do que estávamos acostumados, essa também foi uma temporada que marcou minha infância e uma de minhas favoritas! Lembro-me claramente das músicas e dos atores que interpretaram esses personagens, como a doce Joaninha que era muito parecida com nossa Maria. Eu gostava da nova abordagem das crianças independentes, com líderes entre eles mesmos, e uma adulta que chega mais tarde e precisa ganhar a confiança deles. E tudo parece menos institucionalizado, e ainda assim mais mágico – como o Rincón de Luz os acolhe de volta!

Depois de 11 anos da estréia da novela, Chiquititas Sin Fin estreou em 2006 na Argentina (e 2008 no Brasil), e é a versão que muita gente mais jovem assistiu. Lembram-se da Magali, muito mais espevitada, e talvez tenha sido mesmo a temporada mais diferente da atração – como uma temporada de comemoração, ela foi aclamada pela crítica, que possivelmente sentia saudades dessas adoráveis crianças do Raio de Luz, e temas como seqüestro e falsidade ideológica faziam parte da trama. Sou apaixonado pela nova versão de Até Dez que essa temporada trouxe! Também foi essa a versão que Portugal e Romênia adaptaram para seus países.

No resto do mundo, Chiquititas teve realmente mais sucesso no Brasil. Também ganhou uma versão no México em 1998, mas por algum motivo a tentativa não deu muito certo, e a série foi largada ainda na primeira temporada. O que parece muito irônico, com tanta produção infantil boa vinda do México! Mais recentemente o Brasil voltou a comprar os direitos da Telefe, e desde 2013 uma nova versão nacional está sendo produzida, com um impacto notório, mas que ainda assim não parece atingir os números que atingiu no passado – e não parece capaz de marcar uma geração assim como a nossa o fez. Com diferenças gritantes da nossa versão (como o romance Mili e Mosca, que, para nós, não faz nenhum sentido!), a nova versão de Chiquititas no Brasil pode até ser nostálgica para nós, especialmente nas canções, mas é feita para uma nova geração…

Sabia que, fora da Telefe, Cris Morena produziu uma outra novela chamada Rincón de Luz?

Chiquititas foi exibida em 25 países, e além do spin-off Rincón de Luz, também ganhou um filme na sua versão argentina (que eu pretendo ver para a nova página do Parada Temporal, mas não vi até então!), e até hoje relembrada por pessoas em diversos lugares. Assim como as histórias sobre descoberta do primeiro amor, tristeza, decepção e amizade, Chiquititas é constantemente lembrada por suas canções, que traziam esses temas abertamente e de maneira contagiante. Por vezes divertidas, por vezes bem melancólicas para serem infantis, as músicas dessa novela também são importantíssimas e merecem um texto à parte, ou alguns textos… durante a exploração de cada uma das versões e temporadas lançadas, falarei sobre as músicas, em textos específicos de análises dos álbuns, ou em Músicas da Semana especiais. Fiquem atentos!

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