Let it Snow – Deixe a Neve Cair
Na noite de Natal, uma
inesperada tempestade de neve transforma uma pequena cidade num inusitado refúgio
romântico, do tipo que se vê apenas em filmes. Bem, mais ou menos. Porque ficar
presa à noite dentro de um trem retido pela nevasca no meio do nada, apostar
corrida com os amigos no frio congelante até a lanchonete mais próxima ou lidar
sozinha com a tristeza da perda do namorado ideal não seriam momentos
considerados românticos para quem espera encontrar o verdadeiro amor. Mas os
autores bestsellers John Green, Maureen Johnson e Lauren Myracle revelam a
surpreendente magia do Natal nestes três hilários e encantadores contos de
amor, interligados, com direito a romances, aventuras e beijos de tirar o
fôlego.
Quando três autores excelentes se unem para
escrever uma das melhores histórias de Natal. Não se deixe enganar por aquelas
pessoas ou aquelas sinopses que dizem que são “três contos de Natal” – é muito
mais do que isso. Lembram como, com David Levithan, John Green escreveu um
excelente Will e Will? Do mesmo modo,
essa é uma belíssima história de uma pequena cidade na noite de Natal – uma
cidade pela qual muitas pessoas passam, muitas histórias acontecem, e se
conectam das maneiras mais interessantes possíveis. Então são três contos
razoavelmente independentes que circulam dentro de um mesmo Universo e um mesmo
ambiente; conhecemos personagens futuros nos primeiros contos, o último conto
une histórias e pontas soltas, além de usar personagens passados, colocá-los em
pontos diferentes de suas histórias, os elementos…
É uma inteligente narrativa de Natal. Complexa,
divertida e fascinante.
O primeiro conto, trazido a nós pela hábil escrita
de Maureen Johnson, é O Expresso Jubileu.
E posso dizer que essa história é impossivelmente apaixonante? Não tem como não
adorar Jubileu, a maneira como ela conversa com o público, e como garante que
não é uma stripper. Mesmo que tenha
um nome de stripper. Ela é uma garota
fofa, admirável e quase perfeita. Ela tem uma história encantadora, elementos
que funcionam de maneira tão convincente! Maureen Johnson guia uma narrativa
impressionante, repleta de ternura e bonitas mensagens – e sua escrita é tão
gostosa que faz com que entremos de fato na história, amemos aqueles
personagens, e queiramos passar mais e mais tempo com eles. De certa forma, me
lembrou um pouco a escrita de Meg Cabot; por essa identificação que a autora
consegue com os leitores.
Jubileu recebe a notícia de que seus pais foram
presos – por causa de uma confusão sobre a Casa do Papai Noel Flobie. E por
isso não vai poder passar o Natal com seu muito menos que perfeito namorado; não,
ela vai pegar um trem para a California na noite da maior nevasca do ano, e
ficar presa em Gracetown. É tudo tão fofo, tão encantador. DESDE O PAPAI NOEL
FLOBIE! Ela conhece um Jeb acabado no trem (para quem ela empresta o celular
para ligar para a ex-namorada), para o qual oferece uma mini-pizza – e toda
aquela história com as líderes de torcida que me fez RIR DEMAIS. Os comentários
da Jubileu… fugir das líderes de torcida para a Waffle House não deu certo;
fugir da Waffle House com Stuart pode
parecer estranho, mas também o certo. É uma história tão bonita, tão romântica,
e tão convincente! Apaixonante, de verdade. Aquele final dela tentando fugir, o
grupo de meninas de oito anos, o celular jogado fora num banco de neve…
O segundo conto, que foi escrito por John Green
(que eu amo, por sinal), é O Milagre da
Torcida de Natal, e é no mínimo decepcionante. Sinto que esse livro foi
publicado no Brasil na carreira de A
Culpa é das Estrelas, e usou o nome do autor para vender – mas é
visivelmente o mais fraco dos três. O autor não consegue fazer com que passemos
a amar aqueles personagens, da mesma maneira como já estávamos apaixonados por
Jubileu e Stuart no primeiro conto. Não, pouco consigo realmente me importar com aqueles personagens. E é
estranho que um romance entre dois amigos que se amam e se conhecem há muito
tempo seja menos convincente do que um romance que se desenrola em uma noite.
Mas é. Faltou profundidade no conto, que pareceu muito corrido para narrar uma
aventura adolescente em uma noite de Natal, a noite da maior nevasca do ano.
Mas isso faz com que nós não nos identifiquemos
com os personagens – quase nem simpatizamos com Tobin. Na verdade, acho que a
motivação toda é meio forçada, embora eles sejam adolescentes seguindo seus
hormônios… então é justificável. Mas toda essa aventura para chegar à Waffle
House e jogar Twister com as líderes de torcida, como Keun sugeriu? No fim,
essa luta, essas brigas com os gêmeos… tudo soa muito bizarro. Estranhamente bizarro.
Mas gosto de termos o Keun de volta, de termos o Homem Alumínio dirigindo o
reboque, o Jeb sofrendo pelo término do namoro, e os comentários sobre o
Stuart, um garoto da escola. Mas senti que, não apenas sobre o Natal, Deixe a Neve Cair queria falar sobre
romances, bonitos romances, e Tobin e Duke, apesar de tudo, foi o único dos
três que não me fez suspirar.
Ri mais com o JP gritando por causa do beijo!
O terceiro conto, com a maravilhosa e incrível
escrita de Lauren Myracle, foi O Santo
Padroeiro dos Porcos. E O GABRIEL É UM FOFO! Gabriel é um mini-porco, só pra
esclarecer isso de uma vez. Acho que, dos três autores, ela pode ter ficado com
o trabalho mais difícil, que era finalizar o livro, mas também acho que ela fez
isso de uma maneira tão incrível que tudo bem… ela precisa unir as histórias,
precisa trabalhar com os elementos já apresentados ao mesmo tempo em que conta
uma história sua, independente. E conseguimos simpatizar tanto com Addie, mesmo
com todo aquele seu drama, o seu egoísmo… e sabemos por que o Jeb gosta tanto
dela! Mas não só isso, não só o sofrimento de Addie, mas toda essa coisa de
amizade, essas cenas com as amigas, a Tegan que é uma fofa! A escrita é
deliciosa e flui maravilhosamente bem. Gostoso de ler, do começo ao fim, é um
excelente conto!
Ela conversa conosco, e também consegue que nos
identifiquemos com os personagens, e nos preocupemos com eles. Vamos entender a
razão do sofrimento do Jeb nos dois primeiros contos, e por quê “não foi culpa
dela” que sua namorada o traiu, como ele diz a Jubileu em O Expresso Jubileu. Como foi o ano deles juntos, como foram as
primeiras brigas, o que ela fez… e como ela precisa se tornar uma pessoa melhor
para consertar isso. Não apenas uma pessoa melhor para Jeb, mas uma pessoa
melhor para todo mundo. Uma boa amiga, menos egoísta… e qual jeito melhor de
provar que ela mudou do que indo buscar o mini-porco que sua amiga tanto
esperou? Não poderia ter nenhum problema, CERTO? Não chega a ser original, eu
previ vários acontecimentos, mas mesmo assim foi tudo tão fofo e tão
encantador…
Jubileu ainda é a melhor protagonista. Fofa, carismática,
profundamente engraçada.
O livro ainda traz alguns comentários que
realmente me fizeram surtar. Como Jubileu descrevendo o tamanho de um pedaço de
bolo (que a fofa e louca da mãe do Stuart cortou para ela) como “grosso do tipo sétimo livro do Harry Potter”.
E aquela maratona de James Bond? E o Nathan com suas camisetas de Jornada nas Estrelas? Bem, só para
deixar bem claro que eu também gostaria de uma. Enfim, Deixe a Neve Cair é um maravilhoso conto de Natal! Uma escrita
cativante e deliciosa, que dá vontade de ler e ler de novo e de novo e de novo –
tem o espírito natalino, essas bonitas histórias românticas que nos fazem
suspirar, e uns protagonistas carismáticos pelos quais nos apaixonamos. Inevitavelmente.
Adorei a maneira como o livro foi escrito em parceria entre esses três grandes
autores, como as histórias não são totalmente
independentes, e como constantemente somos lembrados que estamos dentro de uma
só história. Isso é demais!
Elementos garantem a união das três histórias o tempo todo… como o Homem
Alumínio presente em todos os contos, mas Addie é a que melhor sabe nos
explicá-lo; como o Jeb usa o telefone de Jubileu no primeiro conto para ligar
para a ex, mas não diz nada, e como essa chamada, “engano”, é retomada no
terceiro conto; e quando elas ligam no telefone, quem atende é o grupo de
meninas de oito anos, que pegaram o telefone depois que Jubileu jogou no banco
de neve para beijar Stuart. E A DANCINHA DE STUART em O Santo Padroeiro dos Porcos? E o que dizer das cerejas à Jubileu? Comparações do
término de Jeb e Addie com comentários como “Tipo
profundamente, uma ferida aberta para sempre. Como quando Chloe terminou com
Stuart”. Addie sem querer ser a Chloe da situação, uma vadia desalmada. A marca
de SUV na neve no caminho para o trabalho, Duke e Tobin bêbados de sono na
Starbucks, sendo atendidos por Addie…
AQUELE FINAL QUE FOI ABSURDAMENTE PERFEITO! O último
capítulo é ainda mais apaixonante que todo o restante, ou todos os elementos
usados para unir as três histórias. Addie retorna, depois de falar com seu
Anjo, com o Gabriel escondido – e atende Stuart e Jubileu – o fato de ele não ter
mais olhos tristes (e por isso ser um gato!), e como a Jubileu parece fofa e
uma boa garota. O “Não sou uma stripper. Juro”.
E todo mundo se reúne. Tobin se dá conta que aquela é a Addie, a Addie, a Addie do Jeb. E os pontos se
conectam. Jubileu, o garoto que dançou
depois do beijo, as meninas de 8 anos. E é fofo demais ver essa interação
entre Stuart, Jubileu, Tobin, Duke e Addie… como Jeb não chegou porque o trem
atolou, como Jubileu estava neste mesmo trem, emprestou o telefone para ele e
lhe deu comida. Um capítulo genial de uma interação fascinante entre todos os
personagens principais. Uma obra-prima, que me deixou apaixonado!
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