Música da Semana – The Guilty Ones


And who can say what dreams are? […] And who can say what we are?
Porque essa música vem com uma suavidade impressionante escondendo a intensidade daquele momento. Depois de toda a força que envolve a primeira vez de Melchior e Wendla, ao som de I Believe e muitas pessoas cantando, o ritmo cadenciado de The Guilty Ones e as vozes suaves mostram uma interiorização daqueles sentimentos e uma eternização daquele momento tão importante na vida de ambos. E parece uma conversa… uma conversa sem palavras, apenas com os olhares, apenas com o toque leve, apenas com a pergunta de “Wendla… are you okay?” E mais do que isso: a impossibilidade de responder a essa pergunta porque você ainda está tentando entender exatamente o que aconteceu, e o que você está sentindo.
Estou falando de Spring Awakening. E quando eu falo de Spring Awakening eu viajo.
Spring Awakening é um musical da Broadway que estreou em 2006, com Lea Michele e Jonathan Groff no elenco principal. Depois de banida duas vezes, ela retorna anos depois com livro e letra de Steven Sater e música de Duncan Sheik. E a música intensifica toda a temática controversa do musical. Um musical forte em sua interpretação, em sua história e em suas músicas. Um musical sobre o despertar da sexualidade entre jovens em uma sociedade alemã extremamente conservadora do século XIX. E temas ainda muito atuais como abuso sexual de crianças e adolescentes, homossexualidade, aborto e suicídio são tratados com uma humanidade impressionante e de maneira comovente. Impossível assistir a Spring Awakening e não se envolver com esses personagens, e não amá-los e não se importar com as histórias que lhe são conferidas.

And now our bodies are the guilty ones
Who touch
And color the hours

A música em questão, The Guilty Ones, é uma bela música que inicia o segundo ato. Depois de Melchior e Wendla descobrirem exatamente o que é o sexo pela primeira vez, eles estão tentando entender o que eles sentiram, o que aconteceu com seus corpos, e o que fazer agora. É uma cena bem bonita, e muito inocente, apesar de toda a temática. Mesmo com cenas engraçadíssimas como Hänschen se masturbando no banheiro, o musical consegue manter uma seriedade interessante, e uma inocência que não se quebra com o sexo. Porque Wendla não deixa de ser a pura e inocente Wendla do início do musical só por ter perdido sua virgindade… embora ela fique cada vez mais confusa e isso mexa com sua cabeça. Mas falando em confusão, o personagem em pauta não seria exatamente ela, e sim Moritz Stiefel, um dos melhores personagens…
É uma cena linda, emocionante. E se você ainda não viu o musical, deveria.


Night won’t breathe
Oh how we
Fall in silence from the sky

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