Harry Potter e a Câmara Secreta (1998)
Harry Potter
e a Câmara Secreta foi, por muito tempo, minha história favorita de Harry Potter. Mais ou menos até eu ler Cálice de Fogo e me apaixonar de maneira
irredutível por aquele livro… mas eu diria que Câmara Secreta ainda é meu segundo livro favorito. Seguindo no meu
plano de reler a saga toda [pela milionésima vez] acompanhado dos maravilhosos audiobooks de Jim Dale, agora foi a vez
de ler Harry Potter and the Chamber of
Secrets. E o livro parece estar cada vez melhor a cada vez em que o lemos.
É uma gama muito grande de emoções – por vezes
você tenta apagar sua memória, fingir que nunca leu e que não sabe o que vai
acontecer em seguida; segundos depois você vê os fatos se encaixando com coisas
que vão acontecer só lá pelo quinto ano de Harry em Hogwarts e todo o plano
desmorona. Não importa, cada leitura é mágica de uma maneira, você se atenta a
diferentes detalhes, você se encanta cada vez com um personagem… e a
inteligente interpretação de Jim Dale, tão complicada por precisar dar vida,
sozinho, a todos esses personagens.
Rowling criou uma série de novos personagens para
estrelarem em Câmara Secreta junto
aos que já conhecíamos – dentre eles Dobby, o Professor Gilderoy Lockhart e a
Murta-que-Geme. Colin, tão fofinho! Ah, claro, uma versão mais velha de Draco:
Lucius Malfoy. E talvez por conhecermos a série toda ou sei lá o quê, é
interessantíssimos lê-los sabendo que a primeira vez em que eles aparecem,
porque não é assim que nos parece –
aqueles personagens parecem sempre ter feito parte daquele Universo. O que
sempre fizeram. Rowling tem sua saga muito estruturada na sua mente no momento
em que a escreve.
O que é visível em cenas inteligentes como os
estudantes escolhendo as matérias que cursarão no seu Terceiro Ano em Hogwarts
– Harry e Rony completamente perdidos, Percy com seus discursos todos sobre
carreira futura e o que precisariam focar nos estudos dependendo do que escolhessem
para seu futuro; coisa que veremos tão claramente em Ordem da Fênix e Enigma do
Príncipe. Sem contar com Hermione indecisa e se matriculando para tudo
(lembra do vira-tempo?). Rowling chega a citar matérias como Aritmância, Trato
das Criaturas Mágicas, Estudos dos Trouxas e Runas Antigas…
Talvez o que me faça amar Câmara Secreta tanto seja justamente Tom Riddle – não é o momento
na série no qual começamos a desvendar Lord Voldemort e entender que, mesmo com
tudo o que ele fez, ele é um bruxo como qualquer outro? O capítulo “The Very Secret Diary” me parece,
ironicamente, uma janela para o futuro da série. Ao lê-lo, agora, depois de
todo o conhecimento da saga, me parece o capítulo dos primeiros livros que mais
se assemelha ao que veremos constantemente mais tarde – além de termos Tom
Riddle conversando bastante com Harry pela escrita no diário…
Harry caindo dentro do diário me lembra muito a
entrada na Penseira, que será apresentada apenas em Cálice de Fogo… bem como toda a conversa com o jovem Riddle com o
então diretor Dippet é MUITO Enigma do
Príncipe – estamos, mesmo ainda sem saber, desvendando o passado de
Voldemort, com o diretor perguntando-lhe se ele é nascido-trouxa, ele
explicando que é mestiço, a morte da mãe, o orfanato para o qual volta todo o
verão e o quanto o odeia. E, de certa maneira, isso o aproxima muito mais de
Harry do que qualquer outra coisa, deixando a conversa com Dumbledore, a morte
de Murta e a captura de Hagrid tudo para segundo plano…
Na Câmara, no fim do livro, a conversa com Riddle
é FASCINANTE.
Bem como Hermione, mesmo petrificada, conseguindo
ajudar Harry e Ron a desvendar todos os mistérios, contando que é um basilisco,
como as aranhas o temem e como ele teme os galos (o que explica os galos mortos
na escola) – e o momento em que cai a ficha de que a menina que morreu no
último ataque foi a Moaning Myrtle. Embora eu não goste, até hoje, da cena de
Aragogue… acho a parte mais fraca do livro, bem como não sou grande fã da cena
dos centauros em Pedra Filosofal…
será que eu tenho algum problema com a Floresta Proibida ou algo assim?
Coisas tiradas do filme, infelizmente, fazem muita
falta, como o Aniversário de Morte do Nick, que é uma cena tão interessante. E
o fato de Filch ser um Aborto, acho que, em algum momento, isso deveria ter
sido explicado na versão cinematográfica – nunca mais tocam no assunto. Sem
contar que explica porque o gato foi atacado afinal de contas! E eu amo as
brincadeiras tão inteligentes que Rowling faz com os nomes das coisas, como o
curso Kwikspell para Filch e o Skele-Gro que fará os ossos do Harry
voltarem a crescer após aquela “ajuda” nada bem-vinda de Lockhart.
LOCKHART! Ele é a cara de Câmara Secreta, não é? Ele é tão ridiculamente irritante que acaba
sendo engraçado – amei a interpretação de Jim Dale em suas cenas, e eu ria de
nervoso só de imaginar-me no lugar de Harry. Eita cara insuportável! Então nada
melhor do que vê-lo confessando tudo no fim e perdendo a memória. Lockhart sem
memória é um poço de piadas, rimos com cada uma de suas falas no fim do livro.
Outra coisa HILÁRIA: Gina mandando uma música no Dia dos Namorados para o
Harry. Aquele anão cantando? PERFEITO! Eu me matei de rir por muito tempo.
Mas queria me esconder embaixo da cama também!
Sobre os romances, Rowling já estava enchendo sua
narrativa de dicas importantes. Gina sempre foi apaixonada por Harry,
inegavelmente, e Percy com sua namorada é uma das coisas mais divertidas desse
livro – nem dá para lembrar como o detestaremos mais tarde na série. Mas Ron e
Hermione… tudo tão sutil, mas está lá. Ron está sempre muito preocupado com
ela, perguntando-se se ela já está melhor, garantindo que ela saberá o que
fazer quando acordar, e uma felicidade absurda quando tudo dá certo. É tudo tão
fofo. E só eu que acho suspeito Harry saindo procurá-los e encontrando-os no
banheiro, trancados, com aqueles barulhos de coisas caindo quando escutam a voz
dele?
Hey, Cálice
de Fogo é cheio dessas coisas!
CHEIO!
Falando sobre Jim Dale, eu amo a sua leitura
porque ele precisa interpretar – além de fazer inúmeros diferentes personagens,
ele ainda consegue colocar diferentes impressões dependendo da situação, como
Moaning Myrtle… o livro todo tão melancólica e chorosa, com a voz enjoada, mas
tão “feliz” em contar sobre sua morte, mas sem deixar de ser ela mesma e soar
como ela. Brilhante. E acho que o maior destaque de suas interpretações vai
para a voz na parede que apenas o Harry escuta! Aquilo me deu arrepios,
interpretação perfeita e assustadora! E Hagrid, claro, mas já elogiei essa
interpretação em Pedra Filosofal.
Ansioso para vê-lo após visitar os gigantes em Ordem.
Ao contrário do que se acreditou por algum tempo, Câmara Secreta é possivelmente um dos
livros mais importantes da saga de Harry
Potter, afinal foi aqui que Harry destruiu a primeira Horcrux, além de
vagamente apresentar o conceito de esconder uma parte de você mesmo em um
objeto – e falando sobre Harry conversar com cobras e os possíveis poderes que
Voldemort lhe passou na noite em que tentou matá-lo, Harry diz para Dumbledore:
“Voldemort put a bit of himself in me?”. Se tivéssemos parado para analisar
naquela época, saberíamos desde sempre tudo, mas a dica só vem quando
entendemos finalmente as Horcruxes em Enigma.
Até cortaram a frase do filme!
“Snape mentioned it in a class a few
weeks ago –”
“D’you think we’ve got nothing
better to do in Potions than listening to Snape?”
Sim, eu sou um constante apaixonado por Harry
Potter, e nunca deixarei de ser. Por mais de 12 anos da minha vida eu vivo com
essa história, e a cada leitura eu me sinto novo, volto a ser quem eu era
quando li os livros pela primeira vez. Deixo, novamente, o convite aos Potterheads: leiam os livros novamente.
Nunca mais será a mesma coisa da surpresa de lê-los pela primeira vez (e amanhecer
na livraria na data do lançamento!), mas ainda assim é uma experiência sublime
que mais parece uma viagem no tempo… vale muito a pena! Tire um tempinho e faça
isso…
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