The Leftovers 2x03 – Off Ramp


The Leftovers representa muito bem o fato de que todo mundo quer acreditar em algo!
Porque convenhamos, essa é a mais perfeita verdade da humanidade: e é justamente por isso que eu não julguei e continuo não julgando os GR, na temporada passada e nessa. Tudo bem que às vezes eles são brutalmente extremistas e assustadores, e eu acho que eles perdem a razão e passam de alguns limites em algumas situações, mas isso não é diferente do que todo mundo está tentando fazer, cada um à sua maneira. Todo mundo passou pela mesma coisa, de ter pessoas desaparecendo de maneira misteriosa ao seu redor, e para que eles possam continuar seguindo em frente, todos precisam acreditar em alguma coisa, porque é assim que a humanidade funciona, acreditando em algo para que possa seguir em frente. Assim como os Guilty Remnant, nós nos lembramos do Santo Wayne da primeira temporada, e aparentemente agora uma nova “religião” acabou de surgir, mas até que ponto nós podemos julgar e/ou condenar as ações de Tommy e Laurie Garvey?
Ao longo do episódio, percebemos que o plano dos dois era expor o que acontecia dentro da seita chamada de GR – vocês lembram, aqueles que marcaram tão fortemente a primeira temporada, que são os caras silenciosos de branco, que escrevem bilhetinhos, fumam o tempo todo e atormentam as pessoas para recrutá-las. Sentimos falta deles, e percebemos agora o quão forte são suas ações. Laurie, depois de achar ter sido a responsável pela morte da própria filha, saiu da seita e fundou uma espécie de grupo de apoio que busca resgatar as “almas perdidas” de dentro da organização e colocá-las de volta no mundo, devolvê-las às suas famílias. Para isso, ela conta com a ajuda de Tommy, infiltrado dentro dos GR em mais de uma localidade, trazendo as pessoas para fora e entregando-as para que a mãe possa ajudá-los. Mas, como percebemos com Susan, “devolver um ex-GR para sua família” não é exatamente a coisa mais simples a se fazer!
Todos ainda precisam acreditar em alguma coisa.
E, de certa maneira, dentro dos Guilty Remnant eles têm no que acreditar. Não de uma maneira concreta nem nada disso, porque nós não sabemos exatamente qual é o propósito deles além de lembrar do Arrebatamento, se sentir culpado por isso, e eternamente se fechar dentro de si mesmos. Mas Tommy percebe o que exatamente está acontecendo, a maneira como as pessoas funcionam ali dentro. Quando ele é pego em uma das tentativas de levar as pessoas para fora da GR, ele é preso, amarrado e estuprado por Meg em uma cena desesperadora, mas ousada, porque ousou expor um nu frontal (muito belo) de Chris Zylka. Mas não foi como Wolfgang em Sense8, não tivemos tempo para admiração ou nada disso. Era um momento forte e pesado que, quase culminando em sua morte, o fez perceber que não adianta apenas tirar as pessoas da GR, eles precisam dar outra coisa na qual eles possam acreditar. É assim que, no fim do episódio, Tommy assume o lugar deixado por Wayne na temporada passada, como “algo no que acreditar”.
Who wants a hug?
Não sei como os acontecimentos desse episódio se encaixarão dentro da proposta de inovação da HBO na segunda temporada de The Leftovers. No entanto, por dois episódios seguidos ficamos focados em personagens que já conhecíamos (com uma carga emocional tremenda!) e Mapleton… que pontas serão amarradas com os trechos de Miracle? Eu adorei estar de volta com os GR, adorei poder acompanhar essa missão de Tommy e Laurie, e acho que o personagem de Tom cresceu lindamente ao assumir o manto de Wayne, dando às pessoas algo no que elas pudessem acreditar, enquanto Laurie foi mal sucedida ao tentar publicar o livro sobre o tempo em que passou com os GR, mas falhando por não colocar sua emoção de maneira concreta e evidente dentro do livro, mas certamente fazendo isso ao passar a história para nós. De todas as maneiras, tivemos um episódio excelente, mais uma vez muito bem escrito e uma produção incrível por parte dessa série. Adoro os episódios centrados em pontos específicos, adoro como eles são profundos e como as coisas se encaixam em uma grande história sem protagonistas evidentes.
Querendo o próximo.

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