The Leftovers 2x08 – International Assassin
“Friend. This is more real than it’s ever been”
Um episódio para ser sentido, e para ser aplaudido
em pé do começo ao fim. Com uma poética impressionante, The Leftovers se sobressai nessa semana e certamente atinge o seu
auge no melhor episódio da série até o momento! Belíssimo, emocionante e
irretocável, nós temos um episódio que segue os acontecimentos do episódio
passado, novamente levantando questionamentos que são a marca registrada da
série, e um dos motivos de ela nos encantar tanto – como temos as perguntas a
respeito de tanta coisa, como para onde foram as pessoas desaparecidas e porquê, a série sempre questiona a
questão da vida e da morte – e o que teria após
ela? O episódio traz uma perspectiva impressionante e envolvente, em uma
fotografia belíssima e uma trilha sonora impecável que nos conduz por uma gama
de sentimentos e um êxtase absoluto com tamanha obra-prima entregue. Ao fim do
episódio, pausa para ponderarmos, para colocar os pensamentos em ordem, para
tentarmos dizer algo mais coerente que “Holy
shit!”
Mas sério, episódio SENSACIONAL.
Eu não estava esperando… mas acontece que eu
aprendi a não esperar nada de The Leftovers, porque de toda maneira
ela sempre me surpreende mesmo com um episódio melhor que o outro! Então essa
última empreitada se inicia quando Kevin acorda nu em uma banheira, em um
quarto de hotel, e caminha até o guarda-roupa que lhe instrui: primeiro saiba quem você é, depois se vista
adequadamente. E ele escolhe um terno e uma camisa branca que o transformam
em um Assassino Internacional. Assim, ele caminha por esse hotel sem entender
realmente o que está acontecendo, porque as pessoas estão tentando matar ele, e
porque tem uma menina se afogando na piscina do hotel mas ninguém parece
realmente se preocupar com ela ou tentar salvá-la. É uma realidade com um tom
aparentemente normal, mas que parece completamente deslocado dentro da
mitologia de The Leftovers, e
consequentemente a bizarrice se torna assustadora. Sufocante.
Adoro a maneira como The Leftovers conta histórias, e esse episódio é a prova mais
sublime disso, porque atingiu a perfeição. Uma quantidade gigantesca de
detalhes garantem a deslocação, e garantem ainda a conexão com tudo o que vimos
nos outros 17 episódios, com nossa cabeça chorando e girando – eu tive um
pequeno grande surto delicioso. Temos uma “Patti” candidata à prefeita, temos a
garotinha na piscina quase se afogando, Gladys como assessora da “Senadora
Patti” e Wayne como segurança, o velho Murphy como concierge, um passarinho
voando pelo hotel que eu associei aos passarinhos enterrados em caixas, balões
para Mary Jamison que nos indicam que é ali naquele hotel que ela também está,
a água que não podia ser tomada, como todos lhe instruíram (aqueles que não o
ofereceram a água), que me fez pensar na água de Miracle que não podia ser
tocada por pessoas que não fossem da cidade… tudo tão instigante, a bizarrice
poética me levou a aplaudir toda a alegoria, toda a perfeição da narrativa…
…e aquela trilha sonora de filmes clássicos de
suspense, com orquestra sinfônica?
De nos deixar arrepiados!
Kevin “Harvey” estava, basicamente, em algum lugar
entre a vida e a morte, com a possibilidade de enfrentar Patti e talvez se
livrar dela para sempre – e quando ela enfrenta a “Patti”, a candidata à
presidência, nós ganhamos quotes
memoráveis como “How’d you heard about
the Guilty Remnant?”, e o que eu achei que era uma simples manipulação,
quando ela clama não ser a verdadeira Patti – “I’m not her. I’m not Patti Levin. My name is
Rhonda Gennero. […] They found me on Facebook” –, se torna realidade
depois que Kevin a mata e volta a seu quarto, trancado para fora, e encontra, bêbado,
o cara que não estava feliz por ele ter salvo a menininha na piscina… um cara
que sabe que está morto – “Me? I do
nothing, I’m fucking dead” – e um cara que se chama Neil. Nesse momento
você escuta coisas dentro de sua cabeça despencando, e eu tentei lidar com o
choque delicioso de entender que a menininha não era uma menininha, mas sim a
própria Patti, que Kevin salvou de uma morte ao tirá-la da piscina.
Quando ela abre a porta do quarto “Hi, Kevin” e ele responde “Hi, Patti” MINHA NOSSA!
Assim, Kevin Garvey inicia sua última jornada
nessa “realidade paralela”, nessa sua versão da estação de King’s Cross, e
segue o conselho do pai: quando o pai aparece na TV de seu quarto, dizendo que
eles estão no mesmo quarto, e manda
que ele “a leve ao poço”, ele não entendeu. Mas entendeu facilmente quando
chegou à Patti-criança, e os dois iniciam uma longa jornada ao poço, onde Kevin
deve jogá-la para que possa esquecer-se dela. É uma finalização perfeita, e
incrivelmente emotiva. Como a menina fala antes de cair no poço, como Kevin a
empurra mas escuta a Patti original gritando por ajuda lá de dentro e acaba
despencando também… nós temos um último diálogo de nos deixar arrepiados,
quando ela conta sobre uma parte importante de sua vida, e nós lamentamos
profundamente. “I’m scared, Kevin”. As
lágrimas fluem junto às de Kevin. E então ele a abraça; a abraça e a afoga na
água do poço, porque é a única coisa que ele pode fazer… e ao matá-la tudo
chega ao fim, o universo treme, ele é soterrado no poço e sai debaixo da terra,
onde tinha sido enterrado após a morte do episódio anterior…
Sim, a melhor expressão é “Holy shit!”, mas que ESPETÁCULO foi esse?
Bacanas suas resenhas! :)
ResponderExcluirNOSSA! muito obrigado por essa explicação!!!
ResponderExcluirAcompanho a serie desde sua estreia, até nesse epi tudo estava bem, mas entendi quase nada nesse episodio... serio, valeu! e que venha 3 temporada!
Muito obrigado, fico muito contente que a review tenha sido útil! Obrigado pela visita, volte sempre ;)
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