[Season Finale] Doctor Who 9x12 – Hell Bent
“Nothing’s sad ‘till it’s over. Then everything is”
Que episódio difícil de se assistir, e difícil de
processar – a quantidade de informações é tão grande a ser assimilada, mas mais
do que isso, a quantidade de emoções é de um nível altíssimo que me destruiu
completamente. Os dois episódios anteriores foram excelentes e começaram a me
destruir, mas eu não tinha noção do quão destruído eu poderia estar até
efetivamente chegar a esse momento! A morte de Clara em Face the Raven foi angustiante e me deixou aos prantos; os 4,5
bilhões de anos que o Doctor passou sendo torturado dentro do Disco de Confissão
em uma tentativa de salvá-la também; mas nada realmente nos preparou para o que
viveríamos nesse momento. Eu terminei o episódio aos prantos, com um nó
gigantesco na garganta e uma dor incompreensível. Um sentimento paradoxal que
não sabia me dizer se eu tinha mesmo gostado disso tudo ou se eu estava com
raiva por causa do que aconteceu ao Doctor… mas de uma coisa eu sabia e sei,
porque não pode ser negado de nenhuma maneira:
A Clara teve um final belíssimo e digno!
O episódio começa emocionante, eletrizante, e me
deixou pulando na cadeira feito um louco! O Doctor naquele mesmo restaurante em
que já esteve com Amy e Rory (que chegam ser citados!), conversando com uma
belíssima garçonete interpretada por Jenna Coleman. Novamente, Clara Oswald. E
ao tocar o tema de Clara na guitarra, o Doctor a nomeia: “I think it’s called… Clara”, ao que ela pede: “Tell me about her”. Todo o episódio mescla novamente cenas desse
momento e nos deixa angustiados a tentar saber o que está acontecendo
exatamente naquele momento, e quem é que está em cada posição – mas o roteiro
brilhantemente escrito não nos revela esse tipo de informação até o último
segundo. Até aquele momento em que as lágrimas já são totalmente inevitáveis,
seja nos olhos do público, seja nos olhos das brilhantes interpretações de
Jenna Coleman e Peter Capaldi. Mas já no começo eu não sabia explicar o
sentimento de satisfação e alívio ao ver o nome de Jenna Coleman de volta à
abertura…
Exatamente onde ele pertence!
Voltamos a Gallifrey – e o tom épico do episódio
já me surpreendeu amplamente. Com uma fotografia fantástica, nós estamos de
volta ao planeta natal do Doctor pela primeira vez em muito tempo, e nós temos
um Doctor ultrajado, com raiva, traído e torturado, que perdeu a sua melhor
amiga que tanto amava. Então nós temos a proposta de o Doctor retornar ao
início de tudo, nós temos novamente a importante cabana de The Day of the Doctor, o lugar onde o Doctor venceu a Time War. E o
Doctor no limite, odiado pelas autoridades e adorado pelo povo, traz uma narrativa
extremamente política de maneira inteligente, colocando o Doctor em uma posição
extremamente ideal de soldados largando as armas e se juntando a ele,
recusando-se a lutar. Belíssimo.
“Who the hell does he think he is?” “The
man who won the Time War, sir”. O “Get off my planet” fica infinitamente melhor quando o Presidente
Rassilon é realmente tirado de seu cargo de poder pelo Doctor, e nós temos um
extremamente sarcástico “Mr. President. With respect: get off his planet”.
“I’m gonna need the Extraction
Chamber and talk to an old friend”
E então eu seriamente comecei a precisar de ajuda…
…o Doctor pede a ajuda dos Gallyfreanos porque ele
precisa falar com uma “velha amiga”, afinal ela é a única que pode ajudá-lo
naquele momento… e simples assim nós estamos de volta à cena da morte de Clara
Oswald, enfrentando o corvo, com a diferença de que ela é interrompida no
último segundo quando uma segunda versão do Doctor, diferente daquele que está
assistindo dolorosamente sua amiga morrer, aparece e pede que ela corra com
ele. Sem pulso, sem o barulho natural dos batimentos cardíacos ao qual nos
habituamos e nem notamos, Clara Oswald anda pelo episódio congelada
“eternamente” em seu último momento de vida. Foi desesperador, mas muito bonito
ao mesmo tempo – e eu estava tão aliviado em vê-la de volta, ainda sem saber o
quanto de sofrimento o episódio cruelmente me reservava. Mas ali, quando eu
entendi toda a proposta de Clara congelada em seu último momento de vida, eu
sabia que o episódio fora escrito para nos destruir novamente e um pouquinho
mais.
Mas também para finalizar a história de Clara com
uma morte menos simples.
E muito, mas muito, mais dolorosa.
“I will not let Clara die”
Novamente o episódio nos traz a pergunta que guiou
grande parte da temporada: até onde o
Doctor iria pela Clara? Mas acho que nós nunca havíamos nos dado conta da
intrínseca relação dessa dúvida com o outro tema recorrente da temporada: o Híbrido. Enquanto a Clara da
lanchonete diz coisas como “Essa Clara.
Você deve gostar mesmo muito dela” para o melancólico Doctor em dúvida, o
Doctor dá constantes provas de um amor incomensurável por Clara, que o levaria
a fazer qualquer coisa. E então as coisas saem completamente do controle,
Jefferson se joga no chão e começa a gritar “NÃO!” loucamente enquanto as
lágrimas começam a cair: “There was only
one way to keep Clara safe: I had to wipe some of her memory” “Of what?” “Of me”.
Não achei que fosse possível, não achei que o Doctor teria a coragem de fazer
isso, não achei que o Doctor tivesse o direito de fazer isso com a Clara
Oswald, não depois de tudo pelo o que eles passaram juntos… não era algo que
ele pudesse ignorar.
Quer dizer, a Clara salvou TODAS suas vidas!
Mas um sacrifício desse para salvá-la era mesmo um
amor incondicional…
O episódio me destruiu loucamente em tantos
momentos que é até difícil de colocar isso em palavras, embora eu acredite que
estou fazendo um longo trabalho – mas eu não sabia como aceitar não ter mais em
Doctor Who aquelas profundas
conversas entre o Doctor e a Clara, porque quando elas retornaram, eu percebi o
quanto elas fizeram falta em menos de duas semanas! Não só isso, mas também ver
Clara fugindo de Weeping Angels, Cybermen e Daleks. E ela quer saber o que aconteceu. “Tell me what they did to you. Tell me what
happened to the Doctor”. Eu adoro quando ela o confronta, embora
isso faça algo se quebrar dentro de mim, e embora as cenas tão fortes tenham
nos engasgado. Mas essa humanidade em Doctor
Who é o seu grande trunfo! Quando ela grita com os demais Time Lords “I said STAY BACK”, todos eles também
não pensam em desobedecê-la, porque há momentos em que a Clara é categórica ao
extremo, e ninguém gostaria de contrariá-la. Eu adoro essa força da personagem.
Os olhos de Clara quando ela descobre que ele
passou 4,5 bilhões de anos sofrendo dentro do Disco de Confissão, toda aquela
teoria de que ele poderia ter saído a qualquer momento caso tivesse dado aos
Time Lords a informação que eles tanto queriam – e algo dentro dela se quebra
por saber que ele passou esse tempo todo barganhando pela vida dela, lutando
para que ela pudesse estar de volta. O imenso amor dele é ecoado pelo amor
dela, chorando e o confrontando novamente, lhe perguntando porque ele fez isso
com ele mesmo, porque ele não a deixou partir… ele não podia fazer isso com
ele! “My time is up”. E então ela
destruiu os Time Lords em questão de segundos e em pouquíssimas falas –
distraindo-os para poder fugir com o Doctor em uma TARDIS, como eles sempre
fazem. “What do you think he’s gonna do now? Well, he’s taking a TARDIS and
running away. Bye!” E assim ela salvou a vida dele uma vez mais…
E nós estamos de volta a 1963, interior da
PRIMEIRÍSSIMA TARDIS!
Foi uma maneira de voltar ao início, de colocar o
Doctor de volta em Gallifrey, e de volta fugindo de lá em uma TARDIS roubada,
com a mesma decoração da Primeira TARDIS, de William Hartnell, tantos anos
atrás. Foi tão nostálgico, tão bonito e tão poético. E então toda a euforia do
momento se dissipa novamente quando nós percebemos que todos os planos que o Doctor
vem fazendo para que Clara possa sobreviver, viver normalmente, são desmentidos
pelo fato de ela continuar sem um pulso, pelo fato de a crono-trava continuar
marcando zero. Clara ainda está morta. Clara ainda está congelada em seu último
momento de vida. E então ele vai até o Fim do Universo onde, teoricamente, o
Universo não vá mais se importar com a morte ou a vida de Clara, para que a sua
linha temporal possa se reiniciar. E não se reinicia. A fala dos Time Lords
sobre Clara estar morta há bilhões de anos encontra eco na fala de Ashildr/Me,
no Fim do Universo, dizendo que Clara morreu, bilhões de anos atrás, e o Doctor
precisa aprender a aceitar isso…
“It was sad and it was beautiful. And
it was over”
Com mais uma fotografia belíssima, com mais um diálogo
emocionante, as coisas caminham para informações, conectando toda a temporada
de maneira inteligente na finalização da que eu considero a MELHOR temporada de
New Who – passando pelas duas teorias
originais a respeito do Híbrido, que ele seja Ashildr/Me ou o Doctor, ela
propõe: “What if the Hybrid isn’t one
person, but two?” E é GENIAL! A maneira como o Doctor e Clara eram, por
fim, o Híbrido da profecia, o que faz todo o sentido. “A combinação de um Doctor apaixonado e uma jovem muito parecida com
ele. Companheiros dispostos a irem ao extremo um pelo outro”. Porque o
Doctor estava disposto a fazer (e fez) QUALQUER coisa para salvar a Clara, e
estava disposto a quebrar o contínuo de espaço-tempo, tivesse isso as
conseqüências que tivessem, mesmo que essas consequências fossem a destruição
de todo o Universo, como sugerira a Profecia. Ela também faria QUALQUER coisa
para salvá-lo, como fez inúmeras vezes. Então o grande amor dos dois e a
dificuldade que ambos tinham de deixar o outro sofrer era um perigo imenso.
Doloroso.
Novamente.
“It will be like our friendship
never happened”
E isso tudo foi maldade. Eu adorei ter Clara de
volta para um episódio quase inteiramente sobre ela, em uma despedida diferente
e belíssima, mas eu lamentei tudo isso – eu não queria que a Clara tivesse sua
mente apagada, era doloroso demais que ela não se lembrasse mais do Doctor
depois de tudo isso. MAS O DOCTOR TAMBÉM NÃO PODIA ESQUECER! E eu chorei, e eu
esmurrei o travesseiro, e eu senti uma raiva incontrolável antes de me acalmar.
Ela pediu que ele não fizesse isso, ela disse que o seu passado era seu e ela
não queria se desfazer dele – mas por que ele podia? Quando ele caiu, aos
prantos, em seus braços, em uma triste despedida, não teve como se controlar e
não chorar com Clara por essa última prova de amor. “Look how far I went
for fear of losing you. This has to stop. One of us has to go” E eu entendi que era verdade, mas
nem por isso doeu menos. “Let’s do it,
like we do everything else. Together”.
“Good luck, Clara”
“Good luck, Doctor”
Acho que eu, no lugar dela, teria dito a mesma
coisa: “How can I smile?” Mas ao
mesmo tempo foi tão bonito que ele tenha pedido a ela que ela sorrisse para ele
uma última vez – ainda que tenha tornado ainda mais difícil assistir a ele
dizer que iria se lembrar dele em paralelo com ele conversando com a Clara,
depois, na lanchonete, sem saber que ela é a Clara, sem ter qualquer tipo de
memória em relação às suas feições. O que me consola é que ele sabe da
história, ele sabe o que aconteceu, e mesmo que ele tenha se esquecido, os
resquícios do sentimento estão evidentemente ali – de outra maneira ele não
estaria tão empenhado em encontrá-la. E a pichação de Rigsy foi mais importante
do que o imaginado, porque acho que o Doctor olhando para a TARDIS antes de
entrar de volta nela o mostrou qual era a aparência de Clara. Quer dizer, ele
tem que ter se dado conta de que ali na porta era a Clara, e era a mesma garota
da lanchonete, certo? Então agora, no mínimo, ele tem memórias a respeito de
sua aparência.
Então ele esqueceu, mas não esqueceu realmente, huh?
Prefiro acreditar nisso.
Agora me diga: algo doeu mais que “Clara? Clara who?”
Mas ainda precisamos fazer algumas considerações
em relação ao final do episódio… foi profundamente poética e emotiva a maneira
como a Clara se despediu do Doctor com lágrimas nos olhos, o deixou para trás
em sua guitarra, tocando a música feita para ela (o que prova que o sentimento
está ali), e abre a porta da lanchonete, entrando na SUA TARDIS, com Me. Clara
vai morrer de toda maneira, ainda está congelada em seu último momento de vida,
mas ela tem uma máquina do tempo SUA e, consequentemente, todo o tempo do mundo.
Certo? “Like I said. Gallifrey. The long
way around” FÃS ESTÃO LOUCOS QUERENDO UM SPIN-OFF DE CLARA E ASHILDR/ME NA
TARDIS. Quer dizer, temos uma TARDIS em formato de lanchonete zanzando pelo
espaço, com duas ótimas personagens dentro, com a mesma decoração da TARDIS
original de 1963… as possibilidades são infinitas. A própria Clara sabe que tem
que voltar a Gallifrey e caminhar à sua morte, mas ela não vai fazer isso imediatamente.
Por
favor, Moffat, crie CLARA WHO! \o/
Sobre o Doctor? Final EXCELENTE! Eu ainda
questiono a maneira como ele se lembra ou não se lembra de Clara Oswald, mas a
cena dele entrando na TARDIS após a despedida foi incrivelmente bonita, e foi
quase como as cenas de regeneração – meu sentimento foi bem parecido. Um
recomeço, uma nova era. A última despedida de Clara está no quadro, com os
dizeres “RUN YOU CLEVER BOY. AND BE A
DOCTOR”. Então ele coloca novamente o seu casaco e volta a ser o Doctor; a
TARDIS lhe presenteia com uma nova chave de fenda sônica que é incrivelmente
BONITA, me deixou eletrizado querendo vê-la em ação LOGO – parece-me a chave de
fenda sônica mais bonita até agora na história da série! Sério, eu adorava a do
Eleventh, mas aparentemente essa é PERFEITA! E voltamos para o tom azul… enfim,
acho que tudo está perfeito. O sentimento está ali, Jenna Coleman e Maisie
Williams podem retornar para Clara Who
(SIM, EU QUERO!), e Peter Capaldi ganhou um recomeço, quase uma regeneração…
Que venha novos momentos épicos de Doctor Who! \o/
Nossa!! Seu texto foi quase tão emocionante quanto o episódio!! Estou a anos-luz de 2015, (já que somente agora estou vendo esta temporada que considero também uma das melhores, senão a melhor!) mas o amor pelo 12th perdurará pelo espaço-tempo para sempre. Durante anos meu doutor preferido foi o Doutor do David Tennant, mas Peter Calpaldi me ganhou completa e totalmente!
ResponderExcluirE nesse último episódio, do final de temporada, do fim de um ciclo, vê-lo daquela forma tão intensa, tão inteira e tão, tão 'Doutor', só me fez me render e dizer em alto e bom som: My Doctor!!
Parabéns pelo texto!