The People v. O.J. Simpson: American Crime Story 1x03 – The Dream Team
“So you’re gonna say this case is all about race”
É particularmente revoltante assistir a American Crime Story e saber que tudo
isso é verdade e aconteceu a partir dos assassinatos de 12 de Junho de 1994. Eu
não sei se somos a totalidade dos fãs que acompanham a série, mas eu realmente
NÃO consigo acreditar em O.J. Simpson ou comprar sua história – me enoja a maneira
dissimulada e manipuladora como ele age, bem como os níveis baixíssimos a que a
sua defesa pretende ir, transformando o caso de um assassinato duplo em
preconceito racial, em uma tentativa desesperada de inocentá-lo depois de ele
ter deixado evidências o suficiente do quão culpado era, especialmente depois
de ser acusado e ter tentado fugir para a fronteira! Quer dizer, que inocente
faz isso? A série continua trabalhando brilhantemente com uma tensão
psicológica envolvente, que nos faz sentir e gritar opiniões; assistir a The People v. O.J. Simpson não é uma
atividade passiva, de jeito nenhum. E eu adoro, embora de forma revoltada, como
a série trabalha bem com toda a tensão da mídia e a maneira como ela pode tanto
manipular os casos como atrapalhar seriamente o trabalho da promotoria.
Por isso Marcia Clark precisa de toda a
determinação no mundo para seguir no caso de O.J. Simpson, acreditar no que
tanto prega e defender suas crenças – prender O.J. Preso temporariamente ele já
se encontra, e é recompensador vê-lo naquela situação, embora saibamos que
ainda há muito o que acontecer em mais 7 episódios, e tudo começa com a defesa
dele se intensificando. O “time dos sonhos” a que o título do episódio faz
referência é, justamente, a incrementação do time de defesa de O.J. Simpson,
com os conselhos de F. Lee Baley e, mais tarde, a entrada definitiva de Johnnie
Cochran no caso. Enquanto a primeira tentativa pensada por eles é questionar a
veracidade das evidências físicas tão claras encontradas, como o sangue das
vítimas encontrado em um perfeito caminho que levava até O.J., questionando os
testes de DNA, por exemplo (ainda era 1994), depois eles partem para uma
tentativa muito mais agressiva e, infelizmente, muito mais persuasiva. Um jogo
baixo que NÃO tem a ver com o caso, mas é usado pela mídia, inicialmente, e
brilhantemente aproveitado pelos advogados.
Vergonhoso.
Com Mark Fuhrman, o policial que encontrou as
evidências (como a luva e o sangue), sendo declaradamente racista, eles jogam
na mídia a teoria de que tudo foi uma articulada manipulação contra O.J.
Simpson para incriminá-lo, empreendida pelo Departamento de Polícia de Los
Angeles. E desestabilizar a polícia deixa dúvidas irrevogáveis. O poder da
mídia no caso é claramente explorado através dos noticiários sensacionalistas,
ou as revistas (com o marcante caso da TIME que escureceu a foto o tornando ainda mais negro). E aos poucos, parece
que Marcia vai perdendo o controle de uma situação que parecia já ganha. O caso
não seria tão famoso e lembrado depois de 22 anos se tivesse sido fácil para
ela, mas ela vê as coisas se esvaindo quando suas testemunhas vão para a TV dar
entrevistas forçadas por dinheiro, ou mesmo as evidências acabam na televisão…
como aquela angustiante ligação de Nicole para o 911 pouco antes de ser
assassinada. Era uma gravação clara de como Nicole apanhava do marido! Estava
ali, para todo mundo ouvir, O.J. Simpson batendo na própria mulher.
E as pessoas ainda querem dizer que ele é
inocente?
“If we don’t take control the press
can hijack all of it”
Juro que às vezes eu não sei qual é o plano de
O.J. Simpson, mas ele me revolta a todo instante – quando ele não quer, de
jeito nenhum, que Johnnie Cochran o represente, porque não quer que eles
transformem isso em um caso de racismo, ele solta uma das falas mais FORTES do
episódio com o “You wanna do this a black
thing, that’s why you want Cochran. But I’m not black. I’m OJ”. Foi ainda
mais revoltante do que quase tudo aquela afirmação de que “ele não era negro, era o O.J.” Seria ótimo que Cochran não
acreditasse nele ao olhar em seus olhos como queria, mas Simpson é um grande
ator manipulador que chorou enquanto dizia que amava a Nicole. Eu penso muito
como Marcia: como as pessoas podiam
acreditar nele? Mas ainda bem que temos ela. “This article is a declaration of war”. Toda a sua frustração é
palpável e compreensível, mas eu gosto de como ela encarou tudo nesse episódio
como uma verdadeira declaração de guerra. Porque se eles vão jogar pesado dessa
maneira, ela só precisa intensificar sua acusação. E isso vai acontecer.
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