CINDERELLA, o Musical – Texto 1 de 2


Porque ela não tem que sempre perder os sapatinhos de cristal!
Um musical um pouquinho diferente… eu estava indo ao teatro esperando uma pegada mais clássica, que foi exatamente o que eu encontrei nas músicas de Cinderella. Afinal, composto por Rodgers & Hammerstein lá na década de 1950, era esse o estilo de músicas esperado. No entanto, a história não segue, necessariamente, o clássico (ou pelo menos o mais conhecido da história de Cinderella) e essa é bem uma inovação bacana. Com alguns efeitos especiais bacanas e boas interpretações, o musical consegue te prender e te divertir, mas não é o melhor que poderíamos ter. Claro que eu o assisti um dia depois de Wicked e um dia antes de Mamonas, então a minha opinião fica um pouco motivada por essas influências. De todo modo, nós temos a mágica história de Cinderela, com aqueles elementos que conhecemos e adoramos, mais algumas inovações que deixam toda a história da Gata Borralheira um pouquinho diferente. Então você pode ir para o teatro achando que sabe exatamente o que está prestes a ver, apenas de uma forma musical dessa vez, mas você deve sair do teatro surpreendido.
De uma boa maneira.
A produção não é tão grandiosa, em um espetáculo visivelmente menor que outras grandes produções que pudemos acompanhar, como Wicked ou O Rei Leão. No entanto, nós temos momentos EXCELENTES de efeitos especiais que me deixaram embasbacado. Tudo era muito bonito visualmente, embora fosse simples. Os figurinos e os vestidos das damas no baile eram lindos e o Bruno Narchi estava belíssimo (claro) como o Príncipe Topher. O mais surpreendente foi ver a Fada Madrinha surgir de Marie e, claro, a transformação de Cinderella. Eu estava mesmo esperando para ver como isso tudo aconteceria, e foi rápido, crível e fascinante! Ainda restam dúvidas a respeito de como tudo aconteceu! A Cinderella estava em suas lindas (eu acho lindas!) roupas simples, rodopiando pelo palco enquanto acontecia a magia da Fada Madrinha, e nós éramos distraídos pela abóbora crescendo e se tornando aquela linda carruagem, quando Bianca Tadini subitamente aparece linda em seu vestido para o Baile. Como assim?! Foi surpreendente e a produção toda está de parabéns por aquele momento mágico! O que eu não gostei muito foi do abuso de projeções, como quando o Príncipe Topher caça gigantes e alguns outros momentos.
Por fim, a história de Cinderella, o Musical, tentou fazer algo mais politizado que eu achei bem bacana. E inovador. Desde o começo do musical nós notamos alguma diferença, quando o Príncipe Topher aparece em uma cena longa e Cinderella tem apenas um pequeno momento. É bom que o Príncipe tenha uma participação que não é apenas aquela de aparecer no fim para “salvar” a Princesa ou se casar com ela – ele se pergunta quem ele é. Depois, o anúncio do baile é trazido como uma maneira de distrair o povo de uma iminente revolução comandada por Jean-Michel (que me lembrou muito a Revolução Francesa e, consequentemente, Les Misérables), que não aguenta mais ver os pobres perdendo suas terras. E a Cinderella tenta levar isso aos ouvidos do Príncipe, acabando com o Jogo da Humilhação na festa e encantando o príncipe. No entanto, ela, ao fugir, não deixa um de seus sapatinhos para trás, como é costumeiro. Não. Ela tropeça na escada e realmente derruba um de seus sapatinhos, mas ela se vira para pegá-lo, e em câmera lenta acompanhamos tanto ela quanto o Príncipe Topher mirarem para o sapatinho.
E ela consegue pegá-lo antes dele.
As mudanças não param por aí…
Como todo o musical parece ter essa proposta nova de alterar um pouco a história e torná-la única, nós temos grande parte do musical girando em torno não apenas da Cinderella e do baile, com o feitiço que acaba à meia-noite e o sapatinho, mas também em torno do Príncipe que não sabe quem é e nem como comandar ainda, e de Jean-Michel, liderando uma revolução. O segundo ato mescla o Príncipe em busca de Cinderella, em uma missão quase impossível (já que nem tem sapatinho para provar), enquanto ela se torna amiga de uma de suas meias-irmãs, a Gabrielle, e é fofíssimo. Porque é outra proposta inovadora, das duas se tornarem amigas, de Gabrielle estar apaixonada por Jean-Michel, o revolucionário, e não querer nada com o Príncipe. Não é um máximo? Toda essa proposta leva o Príncipe a dar um jantar, Gabrielle e Cinderella enganarem a Madrasta para que Cinderella possa ir no jantar no lugar da irmã, e eles chamando a atenção do Príncipe para a situação do povo em seu reino, que acaba, por fim, a estabelecer eleições para o próximo mês, o que quer dizer que estamos a ponto de ter uma Monarquia Representativa, como na Inglaterra, no Reino da Cinderella e do Príncipe Topher?
Ótimo!

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