MAMONAS, o Musical – Texto 1 de 3


Blá blá blá blá blá blá blá blá blá – disse o Palestrante.
MARAVILHOSO! Fiquei deliciosamente surpreendido ao assistir o musical dos Mamonas. Com um elenco talentosíssimo e as músicas envolventes que conhecemos, tanto dos próprios Mamonas Assassinas como também da banda Utopia (o nome deles antes de entrarem no gênero que de fato os levou ao sucesso) e de outras grandes bandas da música brasileira que lhes serviram de inspiração, como Legião Urbana. Teve até Guns N’ Roses com Sweet Girl of Mine e um pouquinho de The Beatles, já que eles fizeram uma divertidíssima versão de Hey Jude naquela cena em que eles estavam nos Estados Unidos e tudo o mais… com muito bom humor e alto-astral, o musical é divertido, emocionante e profundamente nostálgico. Segundo eles, o “Primeiro Musical Biográfico Besteirol Brasileiro”, é um musical simplesmente fantástico, que reflete muito bem o estilo dos Mamonas Assassinas, na irreverência do texto, das músicas, da coreografia e a deliciosa interação com a plateia que acontece continuamente, seja com o Dinho cantando Robocop Gay e sentando no colo dos rapazes da plateia ou qualquer coisa assim…
Isso é uma das características que eu achei mais interessantes no musical. Quando ele começa e a música enche o teatro, nós já precisamos controlar a emoção, enquanto um sorriso involuntário se espalha por nossos rostos. Parte do elenco (o Ensemble) aparece do fundo do teatro, vestidos com as roupas que os Mamonas usaram ao longo de sua carreira (como o Robocop Gay, a Pitchula, o Chapolin Colorado) cantando um medley com várias das músicas que adoramos, como Pelados em Santos, Robocop Gay, Vira-Vira e Mundo Animal. E nós cantamos juntos, aplaudimos, nos envolvemos – e chamamos pelos Mamonas Assassinas que, por sua vez, aparecem como Anjos no céu. Ou seja, eles já começam o musical em algum momento depois de sua morte, recebendo uma mensagem e um comunicado do Anjo Gabriel, que diz que o Brasil está muito careta e precisa deles; por isso eles estão convocados para fazer um “musical biográfico”, sobre a vida deles. É toda uma interação muito bacana entre eles para entender a missão e como funciona um musical biográfico. Até que Dinho comece a cantar Faroeste Caboclo
“Essa música tem 11 minutos! Se for nesse ritmo a gente não vai acabar essa peça nunca!”
O musical é repleto de metalinguagem, o que eu achei um máximo. Adoro o recurso, em quase qualquer mídia, e acho que torna tudo ainda mais mágico e divertido – o que tem tudo a ver com a proposta de Mamonas, o Musical. A própria questão dos “11 minutos de Faroeste Caboclo” são uma primeira prova incontestável disso, bem como a missão dada aos 5 integrantes da banda de fazerem um musical biográfico sobre “eles mesmos”. Depois disso, o negócio explode. Nós temos atores saindo de cena dizendo que “precisam trocar de personagem”. Nós temos a “dona da casa” dizendo que “Só contrataram 4 mulheres, então eu preciso aguentar isso aqui!”, se referindo à Gordinha Bela, Recatada e de Itu. Muita coisa da loucura de transição, e de como tudo acontece rápido, ou mesmo o momento do “É claro, porque já estamos em 1994”, com o Júlio explicando que isso se chama elipse. E o meu favorito, sem sombra de dúvidas, que é o momento em que o Apresentador se transforma no Vereador Celestino e sai do palco respondendo à pergunta de onde ele vai com um irreverente: “Vou procurar meus pés! Perdi eles na outra cena, não sei onde eles estão!”
A plateia esteve, durante todo o espetáculo, muito presente e muito envolvida. Não é de se espantar, por exemplo, que tenhamos reagido com tanto entusiasmo quando eles começam a cantar Pelados em Santos. É claro que a plateia foi à loucura! Porque é maravilhoso. E é essa a sensação nostálgica deliciosa que o musical nos proporciona: em vários momentos, a impressão é de que não estamos mais em um musical sobre os Mamonas, mas de volta à época deles, em um show. A possibilidade de fundir-nos com a narrativa, de gritar, cantar junto, aplaudir reproduz a deliciosa sensação de estarmos em um show dos Mamonas Assassinas, e é por isso, também, que a experiência é tão deliciosa, tão memorável. Certamente inesquecível. Deixamos o teatro felizes, sorridentes. O musical também fez uma escolha de não acabar com a morte dos Mamonas (eles de Anjo desde o início já nos mostra isso, nós sabemos o que aconteceu), mas com o discurso emocionante do Dinho ao se apresentar no Thomeuzão, e assim nós saímos do teatro no maior alto-astral, e não tristes…
O que é bonito e uma escolha do roteiro.
Musical belíssimo! <3

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