Doctor Who: Season Three (2007) – Part 2
“Don’t blink. Blink and you’re dead.”
A segunda parte da temporada trouxe os MELHORES
episódios da terceira temporada de Doctor
Who. Steven Moffat, que ainda não era o responsável pela série, traz um dos
episódios mais icônicos da série, apresentando os Weeping Angels. Nós temos
toda uma proposta alternativa de Doctor
Who no qual ele se torna um humano chamado John Smith. E um Season Finale eletrizante em três partes
que traz o Mestre de volta para a Mitologia de Doctor Who. Mas não acho que o Season
Finale, como um todo, seja a melhor parte da temporada! Para mim, esteve
ali, de Human Nature até Blink. Que episódios excelentes! E umas
boas ideias para novos companions que
podiam integrar o elenco da série, mas que provavelmente jamais retornarão. De
todo modo, os episódios são incrivelmente bem escritos e ligam toda a temporada
em uma coisa só, o que é uma proposta inovadora e diferente, até então, com
muitos detalhes milimetricamente pensados para se encaixar ao longo do Season Finale. Vocês vão perceber, ao
longo do texto, a minha imensa paixão por várias coisas desses últimos seis
episódios da terceira temporada, desde que Martha Jones se tornou uma viajante
regular, até ela abrir mão da TARDIS.
O que é muito difícil para alguém fazer, vamos
combinar.
Mas eu acho que Martha Jones se saiu, sim, uma companion MUITO BOA!
Essa temporada trouxe uma proposta um tanto nova
para Doctor Who: e se o Doctor fosse
humano? No two-parter que começa com Human
Nature, certamente minha história favorita na temporada, nós temos a oportunidade
de ver o Doctor sendo humano – humano de
verdade. Depois de um início confuso no qual ele fala rapidamente com
Martha Jones, lhe perguntando se ela foi vista e assegurando a importância de
um relógio de bolso, encontramos o Doctor como John Smith, um professor em
1913, que sonha com histórias mirabolantes sobre um viajante de uma cabine
azul, chamado de Doctor e que veio de Gallifrey. Eu adoro esse tipo de
manipulação a que as pessoas são submetidas nesse tipo de episódio – é bacana
encontrar essa nova faceta do Doctor, vê-lo acreditar que ele é um humano
chamado John Smith e que sua vida como o Doctor não é mais do que sonhos ou
ficção. E a ideia de Martha Jones escondida como servente na escola, como a
única que se lembra da verdade e que entende o que está acontecendo. É meio
triste vê-la visitar a TARDIS, ouvir os recados do Doctor, e sofrer porque ele
se apaixonou por uma humana que não era
ela.
Quando a
Família encontra-os, ela tem que acordar “John” e trazer o Doctor de volta!
Mas o relógio não está mais lá.
Toda a proposta é maravilhosa, e eletrizante. O
ambiente criado para 1913 no qual o Doctor é John Smith, um professor, é
perfeitamente crível e quase aconchegante. Eu gosto da construção, da filmagem.
E de todas as possibilidades de Tim Latimer, um aluno humano interpretado por
Thomas Sangster, ter encontrado o relógio e estar recebendo todas aquelas
informações sobre o Senhor do Tempo outrora interpretado por David Tennant. É
quase como se ele assumisse a sua personalidade, quando Martha esbarra nele e
ele está lá, em outro momento, vivendo o momento em que Martha e o Doctor se
esbarram na rua. É demais! Mas sem o relógio, a Família se aproxima, e Martha
Jones não tem como provar ao “Doctor” que ele é o Doctor. Assim ele quer se
casar, constituir família, ter filhos! A
natureza humana. The Family of Blood
traz exatamente a discussão do que é ser
humano, porque David Tennant interpreta John Smith de verdade, um cara que
quer uma vida normal, que não tem desejo em voltar a ser o Doctor e viver todas
aquelas aventuras sobre as quais as pessoas lhe contam. Não, ele quer ser o
John Smith, pura e simplesmente.
Talvez escrever um conto de ficção ou outro.
E por mais que seja
o Doctor, qual direito eles têm de forçá-lo a mudar?
E tudo é muito bonito e de um bom gosto
impressionante, tanto na parte um quanto na dois. Nós amamos o Doctor, e é
claro que nós o queríamos de volta, mas foi tão doloroso assistir à maneira
como ele realmente assumiu a personalidade humana, que por um segundo nós
tivemos dúvidas. Nós sofremos com ele e por ele. Cada cena forte na qual ele
diz que ele é o John Smith, cada lágrima e despedida. É terrível – e David Tennant estava uma gracinha de
gravata borboleta. Por fim, Tim Latimer lhe devolve o relógio, que ainda
não lhe diz nada, mas que está esperando a sua decisão de ser aberto. Está esperando que John Smith se disponha a
morrer para salvar a todos. O que é toda uma proposta muito poderosa,
porque é quase como se John Smith fosse mesmo um personagem à parte que
estivesse morrendo para que o Doctor pudesse viver. E talvez não deixe de ser
isso. E com a enfermeira, já como Doctor, ele tem uma conversa profunda e
dolorosa, na qual ela rejeita o convite de viajar com ele, e lhe mostra que se
ele não tivesse aparecido por ali, nenhuma daquelas mortes teria acontecido.
O final foi lindíssimo, quando eles reencontram
Tim já velhinho.
E Tim Latimer me faz pensar no quanto precisamos
de mais companions masculinos!
Logo em seguida, falando em potenciais companions e com Doctor Who mantendo sua tradição para coadjuvantes muito
interessantes, nós conhecemos Sally Sparrow no episódio que apresenta os Weeping Angels. Eu adoro Blink, porque é o nosso primeiro
contato com essas criaturas fascinantes e assustadoras – eu não acho que a
morte infligida por elas seja realmente das piores, afinal é uma coisa abstrata
de energia hipotética, na qual os Weeping Angels prendem uma pessoa no passado
e sugam do presente a energia dos dias que eles poderiam ter vivido. Mas a
pessoa não deixa de vivê-los, em uma época diferente. E com tudo o que adoramos
em Doctor Who, nós conhecemos essa
proposta dos Weeping Angels através
dos olhos de Sally em primeiro plano, e o Doctor, durante grande parte do
episódio apenas como um vídeo em 17 DVDs que são os únicos DVDs que Sally tem
em casa. Um fantástico easter egg. E
a proposta de viagem no tempo ganha
toda uma nova perspectiva absolutamente envolvente.
De princípio, Sally Sparrow está em uma casa
abandonada, com o jeito todo misterioso que lembra desenhos animados (“You live in Scooby-Doo’s house”),
recebendo do Doctor alguns avisos escritos na parede que formam uma espécie de Bootstrap Paradox, mas a viagem no tempo
é assim mesmo e não vamos entrar nesses méritos no momento. O episódio brinca
com toda a questão de o tempo não ser algo estritamente linear, mas sim algo
mais wibbly-wobbly timey-wimey stuff,
enquanto Sally recebe cartas do neto de sua amiga, que acaba de ser levada para
1920 pelos Weeping Angels, recebe a visita de um detetive na polícia que acabou
de conhecer, mas que ficou preso em 1969 e está prestes a morrer, 38 anos mais
velho, no mesmo dia em que conheceu Sally e, por fim, ela conversa com o Doctor
através de um vídeo gravado e escondido em seus 17 DVDs (“Don’t blink. Blink and you’re dead. They are
fast. Faster than you can believe. Don’t turn your back. Don’t look away. And
don’t blink. Good luck”). É excepcional! Toda a proposta dos Weeping
Angels e como eles agem (ficamos com medo de estátuas depois disso), bem como o
Doctor preso com Martha em 1969, capaz de conversar com Sally porque sabe o que
vai acontecer. E como ele sabe o que vai acontecer? Porque ela lhe entregou todos
os documentos possíveis ao vê-lo um ano depois.
Para ela. Para ele nada daquilo ainda tinha
acontecido. Estava em seu futuro.
“The Angels have the blue box”
E então Doctor
Who começa a trabalhar no Season
Finale de três partes, e é ELETRIZANTE. Porque eles reúnem de maneira
inteligente grande parte da Mitologia de Doctor
Who, da série clássica e da nova, além de reunir elementos da temporada. É
assim que John Barrowman aparece na abertura (e é emocionante ver seu nome ali)
junto com David Tennant e Freema Agyeman. Capitão Jack Harkness está de volta,
imortal por causa de Rose Tyler, e capaz de flertar com todo mundo, mulher,
homem e alien. E é excitante! “I can go meet myself” “Well, the only man
you’re ever going to be happy with”. Ao retorno do Capitão Jack
Harkness, se une outra coisa espetacular: Utopia
mostra a importância de Human Nature
e The Family of Blood como mais do
que um interessantíssimo episódio no meio da temporada: a teoria do relógio Gallifreyano e a possibilidade de esconder sua
natureza de Senhor do Tempo nesse objeto e se tornar humano. Com isso, o
Professor Yana se revela como a representação física das últimas palavras da
Face de Boe, que afirmou: “You. Are. Not.
Alone”. Uma interessante união de toda a temporada!
<3
Ainda virá toda a revelação do Captain Jack
Harkness ser a Face de Boe.
E AQUILO ME DEIXA COM A MESMA EXPRESSÃO DE MARTHA!
Quando o Professor Yana começa a ouvir coisas e a
passar mal, eu fiquei meio angustiado. Logo o relógio é visto por Martha Jones,
e ela se lembra do relógio que acabou ficando com Latimer e que continha a
essência do Doctor. Da mesma maneira, a essência de outro Senhor do Tempo estava
guardada ali: “I. Am. The Master”. E
assim o MESTRE, diretamente da série clássica, está de volta. O final da parte
1 é repleto de suspense e angústia, apresentando todo aquele nervosismo e
irreverência bizarra de uma regeneração, mesmo que não seja do Doctor. E o
Mestre foge do Fim do Universo com a TARDIS do Doctor, roubada, para assumir a
identidade do Primeiro Ministro Harold Saxon, como mencionado pela mãe mala da
Martha ao longo de quase toda a temporada. E então eu me assombro e me apaixono
pela maneira como a temporada está bem estruturada, em detalhes, repleta de
peças a serem unidas e reinterpretadas. É fascinante! Uma temporada muito
coesa, e talvez mais coesa do que as duas anteriores, embora o tema da Primeira
fosse o Bad Wolf e da segunda os Universos Paralelos, para que Rose ficasse
presa num deles. Mas talvez, antes, não houvesse toda a riqueza de detalhes se
reunindo num fantasticamente absurdo Season
Finale.
E eu adoro isso!
É o retorno do Mestre ao Universo Who, embora ele
participe desses episódios e, supostamente, morra depois. Você sabe que isso
não é verdade, e já sabia na época, mas tudo bem, nós fingimos que caímos
naquela. É bacana acompanhar a dinâmica dos personagens, e notar o quanto o
Doctor e o Mestre são, de certa forma, amigos,
e como o fato de serem os últimos Time Lords (sic) do Universo deveria
deixá-los mais próximos… não deixa de verdade. Mas eles compartilham cenas
incríveis em The Sound of Drums e em
Last of the Time Lords, desde aquele
telefonema que conteve “Run, Doctor! Run
for your life!”, o que eu achei épico vindo do Mestre, e toda a teoria do “He cannibalized the TARDIS. It’s a Paradox
Machine”. Mas não podemos deixar de comentar o ABSURDO momento em que o
Mestre está assistindo a um episódio de Teletubbies e achando um máximo, com a
coisa de a televisão na barriga ser uma evolução.
Me diverti muito com aquilo!
Por fim, Martha Jones termina a temporada se
redimindo, acredito eu. Eu não sou daqueles que a detestaram como muita gente,
e acho que ela foi uma ótima companion,
quando voltamos e pensamos nisso. E se alguém discorda, podemos ver aquele
último episódio da temporada, no qual ela faz de tudo para salvar não só o
Doctor (que é uma espécie de Voldemort no começo de Cálice de Fogo depois que o Mestre usou uma versão invertida do
Experimento Lázaro através de sua chave de fenda), mas toda a humanidade,
andando pelo mundo durante um ano inteiro e fazendo com que todos conhecessem o
nome do Doctor. Foi muito bonito e mostrou toda sua determinação e belíssimo potencial.
“Martha Jones, they say, she’s gonna save
the world”. E o Mestre é destruído de forma muito simples, recusando-se a
se regenerar para ficar para sempre preso com o Doctor na TARDIS, e morre em
seus braços, em uma cena dolorosa na qual o Doctor chora por seu “amigo”. Foi
comovente. E então Martha Jones deixa de viajar com o Doctor porque ela precisa
cuidar da sua família dali em diante.
E ela tem razão.
Para finalizar, aquelas ótimas finalizações de
temporada com o David Tennant…
Se a segunda temporada teve Donna, por que não o
Titanic agora?!
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