Crimson Peak – A Colina Escarlate (2015)


Ghosts are real, that much I know. I’ve seen them all my life.
A Colina Escarlate é um filme dirigido por Guillermo del Toro, e foi basicamente esse o motivo que me levou ao cinema – lembrando-me de O Labirinto do Fauno, eu estava preparado para ser surpreendido e um pouco aterrorizado, em uma história creepy que me levasse a alguns questionamentos. Bem, eu adoro o visual dos filmes do Guillhermo del Toro, e mais uma vez ele fez isso incrivelmente bem, no começo do século XX, com uma fotografia belíssima. Os figurinos de época são precisos e elegantes, assim como a ótima ambientação, interna e externa. O estilo da casa na Colina Escarlate, por exemplo, dava uma impressão de destruição e velhice, enquanto o clima do lado de fora, com toda aquela neve e aquele vermelho da argila do local, misturavam o frio à dor e ao sangue. Também os fantasmas vistos por Edith ao longo do filme, que eram peculiarmente assustadores, com um visual inovador e chocante.
Mas eu ainda não acho que A Colina Escarlate tenha me prendido o suficiente para que eu queira retornar, por exemplo. Embora com todo o visual belíssimo, a história é linear e pouco inovadora – não apresenta, infelizmente, a deliciosa profundidade emotiva de O Labirinto do Fauno. Eu não me importava com Edith tanto assim, por exemplo. Edith Cushing é Alice uma garota que acabou seduzida pelo Loki Sir Thomas Sharpe porque ele era excêntrico e misterioso. Assim, enquanto ele armava um plano com sua irmã, Lucille, e a escolhia, o pai de Edith foi brutalmente assassinado em uma angustiante cena no banheiro (eu não consegui assistir ao seu crânio sendo esmagado contra a pia na íntegra) e ela acabou se casando com ele e indo morar na Colina Escarlate, assim chamada porque a argila extremamente vermelha do local subia, no inverno, e tingia a neve…
…deixando tudo parecendo sangue.
E Edith não devia ter ido para a Colina Escarlate. Sua mãe a avisou sobre isso a vida toda!
[Sua mãe morta]
Precisamos fazer um pequeno comentário aqui, a respeito desses fantasmas. Eu adorei como eles foram visualmente construídos, embora eles fossem razoavelmente perturbadores. Edith nos conta, já no início do filme, que os fantasmas são reais, porque ela via o da sua mãe – e eles são diferente de qualquer representação de fantasma das quais eu possa me lembrar, uma mistura de sombras com esqueleto. Visualmente admirável. Acho que a visão de Guillermo del Toro era peculiarmente perturbadora, criando fantasmas muito interessantes para povoar as visitas de Edith. Quando ela estava no banheiro e encontrou o primeiro fantasma da casa, ou ainda no corredor… aquele dedo quebrado, aquele crânio quase desaparecido, aquelas sombras que se arrastavam, e os sons assustadores… no fim do filme, ainda, eles fecham o trecho com a melhor jogada, e o que mais me chamou a atenção na história toda: o fato de os fantasmas não serem o problema, de os fantasmas serem “bons” e só estarem tentando avisar e proteger Edith dos perigos da Colina Escarlate…
Não que ela tenha escutado até que fosse tarde demais. Mas além do fantasma de sua mãe, ela também viu fantasmas de ex-mulheres de Thomas, todas que morreram naquela casa na Colina Escarlate, a alertando a fugir dali enquanto podia, que parasse de tomar o chá que a envenenava… Edith procurou entender tudo o que acontecia sozinha, e eu gosto de como ela tomou a frente de maneira ativa, sem precisar que ninguém viesse salvá-la, e lutou bravamente contra Lucille depois que ela já tinha até matado o próprio irmão por ter se apaixonado por outra pessoa. Mas eu devo confessar que eu ri… eu ri da Lucille avançando contra Edith enquanto ela se afastava; eu ri da Edith brandindo aquela pá no ar. E o filme não é exatamente um terror, em nenhuma instância. Algumas cenas abusaram do horror visual, repletas de angustiantes momentos de sangue e cortes e esse tipo de coisa que eu precisei fechar o olho e não ver – não vi metade de tudo aquilo, mas não teve o terror psicológico, o elemento perturbador.
Enfim, não é o melhor filme que você vai ver esse ano. Mas também não é um desastre.
Você escolhe!

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