Doctor Who: Season Four (2008) – Part 1


“You were right. Sometimes I need someone. Welcome aboard”
Percebo pelo tamanho de minhas anotações, que a review sobre a quarta temporada ficará mais longa que o previsto e será dividida em 5 partes. Mas por bom motivos, foram vários episódios ótimos, e mesmo os que não eram tão bons tinham momentos tão incríveis e a Donna Noble fazia com que eles fossem EXCELENTES. De um jeito ou de outro. Tenho uma paixão IMENSA por Donna Noble, e ela é minha segunda companion favorita nas últimas nove temporadas de Doctor Who, atrás apenas de Clara Oswald (uma opinião pessoal). Inclusive, na construção da personagem, de sua importância e sua partida, ambas até compartilham algumas singularidades interessantes. Donna Noble é fantasticamente interpretada por Catherine Tate, que reprisa o papel que fez no Especial de Natal entre a segunda e a terceira temporada, após a partida de Rose Tyler, mas ainda antes da introdução de Martha Jones, completando o time de principais companions do Décimo Doctor, interpretado por David Tennant, agora que a sua jornada se aproxima do fim e tem, à frente, apenas um ano de especiais.
Antes de passar o manto a Matt Smith.
Sou apaixonado por Donna Noble. De verdade. O que eu sinto em relação à personagem, e como eu posso descrever minha opinião a seu respeito nesse texto, é que ela é tão fenomenal que ela dá uma luz incrível a Doctor Who, tornando qualquer episódio muito interessante. Por mais que amemos a série, nós sabemos que já passamos por episódios bem fraquinhos que nem voltaríamos a assistir – como o da participação de Andrew Garfield, na temporada anterior. Mas eu não consigo colocar nenhum episódio da quarta temporada nesse hall e por um motivo bem claro: NÓS TEMOS DONNA NOBLE! É aquela história de que, independentemente da trama ser excelente ou nem tanto, a química da Donna com o Doctor é tão impressionante que o episódio fica naturalmente bom. Tem um ritmo interessante, tem humor e veracidade, tem fôlego. Então o episódio com os Adipose, por exemplo, nem é dos meus favoritos na temporada, de jeito nenhum, mas a Donna é tão amável, desde ali, que não tem como não se render a ela.
E amá-la.
Donna é louca, meio descontrolada. Talvez por isso a amamos tanto!
A personagem é trazida de volta à série como regular em Partners in Crime. Separadamente do Doctor, Donna está investigando as coisas que acha suspeita e/ou perigosas, porque ela sabe que é por ali que o Doctor estará, e tudo o que ela quer é reencontrá-lo. Eu ADORO o episódio por seu estilo, por seu humor e pelo seu carisma inegável. A dinâmica do Doctor com a Donna funciona de maneira instantânea e isso é um máximo! A fascinação da Donna pelo “homem da caixinha azul” a leva até a Adipose, cujos mistérios também atraem o Doctor, e é o episódio em que temos as gordurinhas tornando-se vivas e deixando os corpos das pessoas durante a noite, até que as consuma por completo. Uma série de coincidências (explicadas apenas lá no Season Finale em relação à sua importância) garante que Doctor e Donna se reencontrem e tenham uma “conversa” EXCELENTE por mímicas através de dois vidros em lados opostos de uma sala. É genial, é engraçado, divertidíssimo! A Donna tem o espírito certíssimo para ser uma excelente companion além de ser toda ativa e tudo o mais.
“Oh my God, I don’t believe it! You even got the same suit! Don’t you ever change?”
Também a fascinação da Donna pelo Doctor acontece de uma forma muito diferente, ela tem uma determinada admiração por ele que é compreensível e lindíssima. “Nothing is like being with you”. Mas ela não tem aquelas paixonites adolescentes por ele como Rose e Martha tiveram. Assim como Clara não tem por Peter Capaldi e as relações se tornam MUITO melhores sem o romance. Pronto, eu disse. Donna está ali para viver intensamente, para se divertir e conhecer o mundo – é doloroso vê-la falar sobre como esperou que sua vida fosse mudar depois que o conheceu naquele dia do casamento, mas depois acordou de volta à sua vidinha monótona, e nada é como estar com ele. E não é mesmo! Como disse, química perfeita e tudo na medida certa. É apaixonante. Donna se muda para a TARDIS com uma infinidade de malas, solta um EXCELENTE “You’re not mating with me!” que é uma das coisas mais engraçadas que ela já disse (adoro o tom dela!) e então ela deixa a chave do carro para trás, e avisa uma mulher loira que sua mãe está vindo buscá-la, se por acaso ela não pode ajudar nisso…
Uma mulher loira que é a Rose Tyler.
Então os fãs vão à loucura, as coisas explodem, e sabemos que tem MUITO por ali!
O restante da temporada vai provara de forma complexa como.
Não soube explicar minha reação primária de ver Rose Tyler ali. Ela não é das minhas companions favoritas (pessoas me lincharão, mas eu acho que a Donna Noble é uma viajante MUITO melhor que ela), mas meu coração disparou de vê-la ali, toda linda, de volta a Doctor Who. E o fato de ela poder estar de volta, e desaparecer tão rapidamente me instigou. Eu adoro um mistério, não? Dali partimos, com a companion louca como ele do Doctor, para The Fires of Pompeii. “Pompeii! We’re in Pompeii! And it’s volcano day”. A primeira aparição de Peter Capaldi em Doctor Who, e atualmente é quase estranho ver o episódio e não vê-lo como o Doctor. Mas Caecillus é um personagem ótimo, e já não tinha como não gostar dele desde aquela época, todo fascinado com a TARDIS, chamando ela de arte moderna e a comprando no mercado e tudo o mais. Ele é engraçado e tem carisma e já gostamos dele mesmo antes que ele venha a ser o Twelfth Doctor. Uma coisa que me fascina nesse episódio é o fato de Donna tomar atitude claramente, assumir posição de liderança ao lado do Doctor, se impondo, desafiando-o e dizendo que não vai aceitar tudo o que ele diz, simplesmente. “Eu não sei com que tipo de criança você viaja, mas eu não vou aceitar tudo o que você disser”.
LINDA.
As perguntas da Donna são difíceis, e a determinação dela é comovente. Ela sempre teve um quê de Doctor, mesmo antes do Season Finale. The Fires of Pompeii é um episódio muito forte, e quase chocante tão cedo na temporada. Traz toda a questão do fogo e da destruição em Pompéia, e proporciona uma releitura dos acontecimentos históricos colocando o Doctor como uma figura importantíssima em permitir que Pompéia queime, porque precisava queimar. O fardo pesadíssimo dos Senhores do Tempo de poder ver tudo o que era, é, pode ser ou deve ser. Ao mesmo tempo, o Doctor é verdadeiramente humanizado pela presença de Donna, na BELÍSSIMA cena na qual ela briga com ele, chora emocionalmente e pede que ele volte e salve alguém. Pelo menos uma pessoa. Não precisa ser a cidade inteira, mas alguém. E ele faz isso por ela e por ele. E salva Peter Capaldi e sua família. Por isso o momento será retomado de forma tão belíssima em temporadas futuras para explicar o porquê de ele ter escolhido esse rosto.
Donna é a prova de que o Doctor precisa de alguém ao seu lado.
Torno-me emocional nesse momento, novamente e percebo, agora, o quanto o início da quarta temporada foi pesado, carregado de momentos fortes e sentimentos intensos, e isso fortaleceram depressa a Donna como companion. Em Planet of the Ood, que traz de novo os personagens meio assustadores, temos toda a dor e a beleza de um episódio emotivo incrivelmente bem escrito. Donna percebe o quanto viajar com o Doctor não é sempre maravilhoso e pronto. “I spent all that time looking for you, Doctor, because it was so wonderful out there. I wanna go home”. Quando ela sente toda a dor dos Oods, ela pede ao Doctor que a leve embora, que ela não quer mais isso. Os Oods ganham uma história tristíssima na qual eles são lobotomizados e escravizados, e entender isso tudo é doloroso demais para a Donna, e toda a proposta de aventuras maravilhosas se esvai frente aos horrores de sentimento que ela encontra nesse episódio doloroso. Aquele momento em que ela pede para ouvir a música telepática dos Oods, a música de cativeiro, eu quase choro com ela. É comovente e profundamente real. Dolorosamente real. As lágrimas fluem e ela não suporta. Como tanta dor pode ser tão natural e tão bonito.
Catherine Tate, minha gente!
Eu quase podia ver a Hermione montando um F.A.L.E. (ou seria F.A.L.O.) para libertar os Oods, mas na verdade não precisávamos disso. Porque Doctor-Donna consegue, de uma forma muito bonita na qual a diferenciação entre o certo e o errado é embaçada, assim como deve ser – porque ninguém sabe nem deve saber tudo, ninguém pode realmente julgar. Mas mesmo que a Donna peça, depois de ouvir a dolorosa música de cativeiro dos Oods, que o Doctor tire isso dela e a leve embora, ela continua com ele. Porque tudo é muito intenso. E eles os salvaram. É tão bonito ver a despedida do planeta, ver os Oods cantando por eles e para eles, dizendo que vão sempre se lembrar de Doctor-Donna e para sempre seus filhos contarão as histórias sobre os dois e como foram salvos por eles. Eu me arrepio todo só de lembrar desses momentos! E não percebemos, no momento, o quanto os Oods eram importantes em prever algo como Doctor-Donna. Que a própria maneira de eles se referirem a eles era essencialmente importante para algo imenso que estava por vir. Ainda não tínhamos dicas sobre uma morte para Donna nem nada disso, mas nós já tínhamos as coincidências que os juntaram.
E o Doctor-Donna.
Pularei três episódios nesse momento da review, porque comentarei a participação de Martha Jones na próxima review, e então entro na participação de Agatha Christie! The Unicorn and the Wasp é um episódio mais leve e menos importante na trama como um todo, mas simpático. Nós temos uma festa em 1926 e, quer dizer, eu adoro a fotografia daquele lugar! Adoro o bom humor da forma como a história é contada, adoro a tentativa de trazer um pouco dos elementos de Agatha Christie para a própria maneira como os eventos acontecem, com todo o mistério de um assassinato que envolve a própria autora e um período de 10 dias que ela passou desaparecida e do qual nunca mais comentou até que morresse, que é devidamente explicado de acordo com Doctor Who. Eu gosto, por exemplo, do humor inegável que acompanha as cenas nas quais o Doctor está interrogando todo mundo sobre o que eles faziam na hora em que o assassinato ocorreu, em que todos soltam um “Well, let me see” seguido de “Yes, I remember”, no qual contam uma história que comumente não tem relação com as cenas que estamos vendo, porque eles estão mentindo por um motivo ou por outro, como o cara que era gay e estava em encontros escondidos que não gostaria que ninguém soubesse.
Anyway.
Eu adoro a fotografia do episódio, adoro a flexibilidade de Doctor Who que pode pegar todo esse cenário e figurino ao estilo Downton Abbey para usar em um único episódio no meio da temporada. Trazendo uma Vespa gigante como o vilão do episódio, Donna Noble nos recorda novamente: em 1926 eles ainda têm abelhas. Que desapareceram em seu presente. A tentativa é colocar todo o suspense de uma história de mistério, com os trovões do lado de fora, homicídio, tentativa de envenenamento, e toda a DIVERSÃO hilária de cenas como a da desintoxicação do Doctor, as mímicas e as coisas engraçadíssimas que a Donna disse na ocasião. Toda a perspicácia de Agatha Christie, que a torna uma autora excelente, é usada no episódio para desvendar os mistérios, e tudo é feito com um bom humor incrível. O final é ótimo, com boa participação de Donna e, melhor que isso, o fato de Agatha Christie ter esquecido sobre tudo o que aconteceu. O que devia ser uma dica não captada. Mas eu nem pensei nisso na época ainda.
“That’s how we are in the middle of a murder mystery. One of yours, Dame Agatha”
“Yeah, but we solved another riddle. The mystery of Agatha Christie”

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