Doctor Who: Season Four (2008) – Part 5


“Part-human. Oh yes. […] Half-Doctor. Half-Donna”
QUE SEASON FINALE É ESSE?! Eu fiquei tão mortificado durante todo esse episódio (as duas partes) que mal pude soar coerente na organização de minhas anotações, porque é espetacular demais. Você sabe que algo grande está se formando desde o início. A TARDIS mantém-se no mesmo lugar enquanto a Terra desaparece. Em Nova York, temos Martha Jones e a UNIT; em Cardiff, temos o Captain Jack Harkness com a equipe de Torchwood, Gwen e Ianto; em Ealing, Londres, temos Sarah Jane Smith e seu filho, Luke; em Chiswick, Londres, a família de Donna Noble. Rose Tyler chega toda poderosa com uma arma do universo paralelo dela. É global e é épico. E a abertura deixa isso EVIDENTE. É eletrizante ver TANTOS nomes na abertura de Doctor Who. Eletrizante e incomum. SEIS NOMES NO TOTAL. Temos o próprio David Tennant e a Catherine Tate (Donna); depois Billie Piper (Rose Tyler), Freema Agyeman (Martha Jones), John Barrowman (Jack Harkness) e Elisabeth Sladen (Sarah Jane Smith). Tanta gente boa só podia gerar um verdadeiro episódio genial que ia nos deixar babando com a TARDIS TÃO CHEIA!
E QUE CÉU É ESSE VISTO DA TERRA EM SUA NOVA POSIÇÃO?
É LINDO DEMAIS! <3
The Stolen Earth passa muito depressa e nos deixa com o coração na mão – os 26 planetas mais a Terra são organizados em um outro espaço onde funcionam como um maquinário perfeito na execução de mais um plano dos Daleks (que simplesmente nunca acabam, mesmo que eles continuamente sejam os últimos). Com a ameaça dos Daleks, a angústia nasce nos personagens ao redor do mundo. Jack abraça os amigos e lamenta: “There’s nothing I can do. I’m sorry. We’re dead”. Sarah Jane Smith chora de forma pungente e abraça o filho de forma protetora. Rose chora. E os Daleks atacam. Enquanto isso, o Doctor, com Donna Noble, vai até a Proclamação das Sombras (a polícia), porque precisa descobrir ONDE ESTÁ A TERRA, e ali nós temos um dos momentos mais divertidos da temporada que é o Doctor falando naquela língua estranha e engraçada, acabando com um “Mo ho”. Me pergunto o quanto eles não riram e tiveram que regravar essa cena para que ela saísse, finalmente, com toda essa seriedade que soou tão divertida para nós, sério. Mas também é um dos poucos momentos de diversão.
O episódio é sério.
E tenso.
Donna precisa, de uma vez por todas, se estabelecer em toda sua força que nós já conhecemos, e é fascinante como ela se impõe, como ela se nomeia Donna Noble, humana, não uma lenda como os Time Lords, mas tão importante quanto. A admiração evidente nos olhos do Doctor é comovente. E quando, de forma agourenta, a Donna recebe um “I’m so sorry for your loss. […] I mean the loss that is yet to come”, eu não podia imaginar o tamanho doloroso da perda que estava por vir. Não mesmo. Enquanto o Doctor chega à Cascata da Medusa com Donna, Rose Tyler pede ajuda de Wilfred para conseguir encontrar Donna, e Harriet Jones organiza uma videoconferência com os amigos do Doctor: ela, Sarah Jane, Jack Harkness e Martha Jones. E Rose Tyler fica distante, como telespectadora, se lamentando, dizendo que estava ali antes. Mas não é escutada. Mas o plano e sacrifício de Harriet são o suficiente para que todos liguem ao Doctor, para que ele encontre os 27 planetas, e quando o Doctor é colocado na conexão, é bacana vê-lo interagir com todo mundo mas lamentar a ausência de uma pessoa.
“Everybody except Rose”
Então temos Davros. O final dessa primeira parte é perfeitamente angustiante, um daqueles momentos que me fazem pensar que eu provavelmente não poderei continuar assistindo a Doctor Who quando eu for mais velho porque não posso garantir que meu coração aguentará. De todo modo, Rose Tyler e Doctor se reencontram, e acho que esse pode ser um dos motivos pelos quais Donna nunca gostou do Doctor desse jeito – para que esse momento pudesse ser bonito. Mas sem se apaixonar pelo Doctor, Donna foi uma companion INCRIVELMENTE MELHOR! A tensão e o suspense do fim daquela Primeira Parte é de acabar com qualquer um. Doctor e Rose Tyler correm um ao encontro do outro. Um Dalek aparece para atirar no Doctor. Captain Jack Harkness mata o Dalek que atirou no Doctor. E então começa o processo de regeneração. É desesperador ver a Donna que não entende bem o que está acontecendo porque nunca presenciou isso, e ver a Rose lamentando porque veio esse percurso todo e não quer que o Doctor mude.
Mas o episódio acaba com o Doctor se regenerando.
No entanto, curiosamente, Journey’s End começa apresentando o conceito de que o Doctor se regenerou nele mesmo, e não deixou de ser o David Tennant. O que eu lamento porque parecia um desperdício de energia de regeneração ele se regenerar nele mesmo para terminar a temporada e fazer um ano de especiais apenas, e depois partir. De todo modo, era importante ainda para a finalização da temporada e o poder de Donna – então acredito que estava programado desde sempre. Oh, por falar em Donna! ADORO ELA ENCANTADA PELO JACK HARKNESS! Mesmo! “You can hug me if you want. […] No, really. You can hug me”. A jornada de Donna é, possivelmente, a melhor parte da última parte do Season Finale. É sensacional e explora toda sua essencialidade, toda a convergência de eventos e linhas temporais que levavam a Donna ou que levavam ela ao Doctor. E os Daleks quase a destroem junto com a TARDIS. “The female and the TARDIS will perish together. Observe”. Mas é ali que a magia realmente acontece.
A mão do Doctor que estava lá o tempo todo.
A energia de regeneração que foi usada e armazenada nela.
Enfim…
Dali, desse contato natural e impensado, surge UM NOVO DOCTOR. Assim, temos dois David Tennants nesse último episódio, uma versão do Doctor de um coração só, humano e, de certa maneira, TRÊS DOCTORS. O segundo Doctor interpretado por David Tennant parece mais espelhado em Donna, porque também saiu dela. E é HILÁRIO! Adoro vê-los interagindo, como sempre! “I sound like you!” Meio Senhor do Tempo, meio Humano. Como Donna é crucial nisso tudo. Grande parte do episódio está na rivalidade do Doctor primário e Davros, e todas as ameaças e possibilidades entre eles, e as coisas mal entendidas e/ou resolvidas da Guerra do Tempo que deviam nos fazer pensar no quanto o Doctor podia estar enganado a seu respeito. E Davros apresenta duas vitórias. “This is my ultimate victory, Doctor! The destruction of reality itself!” e “This is my final victory, Doctor. I have shown you yourself”, a segunda sendo mais dolorosa, porque o Doctor precisa olhar para trás e ver quantas pessoas morreram em seu nome. Os flashes foram cruéis!
Então Donna chega. Nova Donna.
DOCTOR-DONNA!
Sensacional, eletrizante, maravilhoso! Donna chega sabendo tudo, fazendo tudo. A energia de regeneração com que entrou em contato a transformou. “Part-human. Oh yes. That was a two-way biological metacrisis. Half-Doctor. Half-Donna”. De certa maneira, ela virou o Doctor também. A consciência de um Senhor do Tempo em seu cérebro humano de forma precária e perigosa. E então fica evidente a previsão dos Oods. E agora que Donna também era o Doctor, eu queria muito ver mais dela, porque ela dizia coisas fenomenais! “Because you two were just Time Lords, you dumbos. Lacking that little bit of human, that gut instinct that comes hand-in-hand with planet Earth. I can think of ideas you two couldn’t dream up in a million years. Ah, the Universe’s been waiting for me!” Mas mesmo salvando tudo, acaba depressa e é doloroso. Antes de levar Donna para casa, a TARDIS lotada é devidamente pilotada por seis pessoas, como sempre foi programado para acontecer, e as despedidas começam e vão nos destruindo lentamente. Mas nos divertimos também com os comentários da Donna para o Jack e depois ela empurrando a Sarah Jane Smith para fora de um abraço com ele, QUE EU RI MUITO!
Mas depois eles nos destroem.
E pisam em cima.
Não estava preparado para me despedir de Donna. Acho que sempre vou sentir falta dela, como sempre vou sentir falta de Clara Oswald. Minhas duas companions favoritas. A nova despedida de Rose finalmente fecha a sua história com uma tentativa de excesso de drama reproduzindo o fim dramático e bonito da segunda temporada, na Bad Wolf Bay, mas Rose ganha um Doctor só para ela, que não é ele mas também é, e que vai envelhecer com ela e viver uma vida plena. Humana. Então ela pode ser feliz e o Doctor pode ir embora tranquilo com a Donna. E abandoná-la. Mas abandoná-la porque ele deve fazê-lo. Ela não podia suportar a consciência de Senhor do Tempo, era demais para ela. Ia destruí-la, matá-la. Então ele precisa se despedir dela. E meu coração se parte TREMENDAMENTE. Ela diz para ele que quer viajar com ele pelo resto da vida, que não quer voltar. Aqueles olhos marejados são difíceis de olhar. Ouvir o Doctor dizer “Donna. Oh, Donna Noble. I am so sorry. But we had the best of times. The best. Goodbye” também acaba com a gente. E ver Donna desesperada pedindo que ele não faça isso.
Como superar?
É angustiante e desesperador. Eu não estava preparado para dizer adeus a Donna, eu não queria fazer isso, e eu ainda lamento ter tido que fazê-lo. Foi triste, foi arrebatador. Para sempre guardaremos a memória dolorosa dela chorando e implorando para ficar. E ele apaga a memória dela porque é a única maneira de salvá-la. É tenso e triste, mas não deixa de ser belo. Mas meu sentimento é paradoxal. Eu entendo, mas eu lamento. Eu o culpo pela audácia de permitir isso tudo, pela crueldade do ato. Por isso ele sofre a perda de Clara do lado oposto, como uma revanche. Mas o quanto Donna fez, o quanto de gente ela salvou, as pessoas cantando músicas sobre Donna e para Donna. Tudo isso é real. Tudo isso jamais será esquecido. “But for one moment, one shining moment, she was the most important woman in the whole wide universe”. E então uma Donna leve e divertida, sem Doctor, nos é apresentada, e o Doctor se despede dela como John Smith. Com clara dor no olhar. E como Donna não tem memórias do Doctor para se despedir devidamente dele, o Wilfred faz isso por ela da melhor maneira possível, com palavras lindas.
“But every night, Doctor, when it gets dark, and the stars come out, I’ll look up on her behalf. I’ll look up at the sky. And think of you”
Fico todo arrepiado!
E a temporada acaba com o Doctor all alone de novo, triste.
O tempo de David Tennant acabando…

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