O Homem que Calculava (Malba Tahan)


As proezas matemáticas do calculista persa Beremiz Samir – o Homem que Calculava – tornaram-se lendárias na antiga Arábia, encantando reis, poetas, xeques e sábios. Neste livro, Malba Tahan relata as incríveis aventuras deste homem singular e suas soluções fantásticas para problemas aparentemente insolúveis.

Deus foi o grande geômetra. Geometrizou a Terra e o Céu. (Platão)
Li novamente ao fabuloso livro de Malba Tahan, O Homem que Calculava. Me interessei com maior vigor pelo autor nos últimos tempos, ao buscar mais informações sobre sua história e ao conhecer suas outras obras, mas eu cresci lendo O Homem que Calculava. Na faculdade em que meu pai trabalhava, uma professora de matemática
me presenteou com um exemplar do ilustre livro de Malba Tahan quando eu ainda era muito jovem – por causa de minha paixão pela matemática. O li novamente mais tarde, e o emprestei em um trágico evento que levou o meu livro a nunca ser devolvido. Anos depois, comprei a edição comemorativa de 120 anos de nascimento do autor, e cá estou eu, escrevendo esse texto depois de ter lido mais uma vez e ter se encantado pela maneira como a matemática é apresentada. Eu sou um eterno apaixonado pela matemática. Fascinado por línguas e literatura, eu sou oficialmente dessa área, escrevendo livros, por exemplo, mas nunca vou deixar de lado minha eterna paixão pela ciência dos números, tão exata e tão brilhantemente fascinante!
E, modéstia à parte, nem minha aptidão.
Malba Tahan traz, em O Homem que Calculava, uma visão completamente inovadora da Matemática – ele consegue colocá-la no meio da história de um homem apaixonado por números e suas aventuras. Não é um livro de matemática, mas é um livro que vai lhe fazer gostar dela. Provavelmente. Ou pelo menos reconhecer seus encantos, com problemas e soluções interessantes e instigantes. O livro te faz pensar, isso é inegável. Nós conhecemos Beremiz Samir no primeiro capítulo de forma bastante absurda, sentado pela estrada enquanto contava folhas das árvores próximas, como se isso fosse possível ou como se tivesse algum tipo de utilidade. O livro é cheio de absurdos sem noção como ele contando pássaros em um cativeiro, ou contando camelos através do número de patas e orelhas que consegue enxergar. O que não faz sentido nenhum – são apenas divertidas desculpas para que ele possa apontar interessantes características de determinados números, como a amizade existente entre eles ou ainda a maneira como eles podem ser considerados cabalísticos, como o 142.857…
Afinal, qual o motivo de saber o número de palavras no Alcorão?
De todo modo, considero o livro um verdadeiro Ode à Matemática. O autor exalta, através da figura de Beremiz Samir, a matemática de uma forma irremediável – e nós nos apaixonamos por tudo mais a cada instante. Porque conhecemos muito da história dessa ciência, de forma interessante através de pequenas histórias, ou das aulas que o Homem que Calculava leciona a Telassim, a filha de Iezid. Temos a história dos números e dos algarismos, do sistema decimal, de vários matemáticos antigos que fizeram importantes contribuições à ciência. O número PI. Tudo é apresentado de forma bastante bela e envolvente, e você se vê querendo saber mais a respeito da história dessa ciência tão fascinante que é a matemática. E a beleza dela é ressaltada em todos os momentos, com sua precisão de números e cálculos, e também de formas. É a famosa precisão que leva tantas pessoas a se unirem a cursos de matemática, a precisão que torna a ciência tão exata e tão bonita, capaz de tantas e tantas coisas.
Sou, eu mesmo, um entusiasta pela matemática!
Mas como um profissional da área de humanas, um dos motivos pelos quais eu ADORO O Homem que Calculava é o fato de ele se passar no Oriente – e nós termos uma detalhada caracterização da cultura árabe de uma forma inteligente e bastante didática. Mas sem parecer maçante. Malba Tahan nos ensina a respeito da maneira como as coisas são naqueles países e como a cultura é organizada. Você começa o livro buscando conhecimento, e você se vê, próximo ao fim do livro, conhecendo muitas coisas e muitos dizeres mesmo sem as notas de rodapé que acompanham o livro do início ao fim. É interessantíssimo! Como as preces que são feitas no começo de cada narração de história, ou as frases que são proferidas depois dos nomes das pessoas, como “Alá o tenha em sua glória!” ou o que é dito ao falar-se sobre sábios, por exemplo, como “Alá, porém, é mais sábio e mais justo!” Com uma ambientação no século XIII, ainda, nós temos uma caracterização da época e de todo um período diferente de escravos e prisões.
Particularmente, eu nem sabia que árabes acreditavam em Jesus…
E uma das cinco preces diárias deles é dedicada a ele!
Além de tudo isso, no entanto, o livro é escrito, no fundo, por um professor de matemática. Então nós temos muita coisa acontecendo, muitos problemas para serem resolvidos – alguns são conhecidos casos curiosos, que não deixam de ser interessantes, como todo o problema dos 30 dinares, no qual um dos dinares “sumiu”. Outros são simples casos como o dos 21 vasos, que são resolvidos facilmente, e que eu fechei o livro para pensar em uma solução antes de continuar a leitura. Tudo isso é bastante curioso e instigante. Bem como momentos em que Beremiz nos explica o motivo de o número 7 ser um número sagrado, por exemplo (porque ele é a soma do número três –que é divino –, com o número quatro – que simboliza o mundo material), ou a fascinante história do jogo de xadrez, que é uma das minhas passagens favoritas do livro! Lembro-me sempre que isso foi algo que me impressionou muito quando eu era bem novo e li o livro pela primeira vez! Bem como toda a proposta de escrever qualquer número, de 1 a 100, usando 4 quatros e símbolos matemáticos.
Já escolhi números aleatórios e tentei chegar a um resultado.
Não tive lá tanto sucesso com alguns.
Como você percebe, a leitura de O Homem que Calculava é uma leitura interativa!
Mas particularmente, eu fico completamente encantado por problemas que envolvem ainda menos cálculos e equações, mas muito mais pensamento lógico. No fim do livro, Beremiz está em uma sessão de argüição por sete sábios para que ele também seja considerado um. E então passamos por alguns dos melhores problemas… o da pérola mais leve me parece bem natural, limpo e bonito. Mas eu me apaixonei pelo Problema dos Cinco Discos, contra o qual os três noivos de Dahizé foram colocados. É um pensamento puramente lógico que faz perfeito sentido, mas envolve uma elaborada astúcia e uma agilidade de pensamento inigualável. Mas fascinante. Bem como o problema final, das cinco escravas, duas de olhos negros que só diziam a verdade, e três de olhos azuis, que só mentiam. É um caso extremamente criativo e curioso, e parece-me mesmo que Malba Tahan guardou o melhor e mais interessante para o final, para que terminássemos o livro com um sorriso no rosto, fascinados uma última vez pela astúcia de Beremiz.
E então ele se casa com Telassim, que é um final fofo…
Livro incrível!

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Comentários

  1. Caraca, eu estava lendo este livro agorinha! Hoje em dia todo mundo parece ver a matemática como um bicho de sete cabeças indecifrável, mas é justamente a simplicidade e beleza com que o Malba Tahan aborda o tema que contradizem fácil, fácil esse conceito. Comecei a cursar matemática esse ano e, a cada dia que passa, fico mais apaixonada. Parabéns pelo texto, O Homem Que Calculava é realmente incrível! (e o Beremiz ganha meu respeito eterno toda vez que discursa, não importa sobre o quê, hahahah)

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    1. Muito obrigado pela visita e pelo comentário! :D
      Volte sempre!

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