Procurando Dory (Finding Dory, 2016)
“O que a Dory faria? O que a Dory
faria?”
Passei treze anos de minha vida esperando por isso! E saí do cinema quase
flutuando depois de um filme belíssimo, tão bom quanto o original. O que me
surpreendeu e me deixou contentíssimo! O filme conseguiu, de forma inteligente,
manter-se fiel a Procurando Nemo e,
ainda assim, perfeitamente independente dele. O que parecia complicado e
aconteceu. Procurando Dory funciona
muito bem, te envolve e te diverte, te emociona e traz toda a discussão
possível em relação à família, à amizade e ao problema mental de Dory. “Oi, eu sou a Dory. Eu sofro de perda de
memória recente”. Parece engraçado e divertido, mas é um caso seríssimo, e
diferente do primeiro, no qual ela não era o foco, dessa vez toda a
profundidade de sua condição pode ser explorada, além da diversão também como
algo grave, angustiante. Adorei o filme, adorei a experiência. E eu adorei ver
a capacidade do roteiro de libertar-se das amarras de Procurando Nemo inovando em personagens, cenários, motivações e plot. Me surpreendeu e de uma forma
extremamente positiva.
Treze anos esperando gerou uma expectativa alta!
Mas acredito que Procurando Dory
vem com o mesmo poder de Procurando Nemo.
Digo isso tudo porque, anos atrás, nós já sofremos uma triste decepção.
Eu adoro Monstros S.A. como uma das
minhas animações favoritas, mas Universidade
Monstros não apresenta nada de novo em relação a tantos filmes já feitos. Procurando Dory é diferente, tem sua
própria força e sua própria identidade. Tem personalidade. Conhecemos Dory
quando ela é apenas um peixinho muito pequenininho e EXTREMAMENTE FOFO, com os
pais, super amorosos, tentando ensiná-la a se virar sozinha no mundo, para o
caso de alguma eventualidade. Ensinar a explicar às pessoas que ela sofre de
perda de memória recente e como retornar para casa caso tenha se perdido: é só seguir as conchas. Mas então Dory
acaba mesmo se perdendo, e vários anos depois, inclusive depois de conhecer
Marlin e ajudá-lo a encontrar o Nemo (“Barco?
Eu vi um barco!”), ela começa a ter memórias de sua família, e decide
encontrá-los!
“Eu sou meio nova nesse
lance de memória”
O filme está incrível, essa é a verdade. E surpreendente! Ainda trazendo
o trio de Procurando Nemo (Marlin,
Nemo e Dory), o filme consegue mostrá-los durante todo o filme priorizando Dory
e definitivamente a elevando a um cargo de protagonista. É fofo e é perfeito.
Quando Dory consegue algum tipo de memória sobre onde morava e sobre seus pais,
ela sai desesperadamente (isso depois daquelas adoráveis cenas nas quais ela
chega até a ser assistente de professora e está hilária!), e Marlin e Nemo saem
atrás dela, porque precisam ajudá-la. Então começa a jornada de Dory em busca
de sua outra família. Eu não tinha muita noção do que esperar no encaminhamento
dessa trama toda, e fiquei satisfeito. Porque ela é diferente do primeiro
totalmente – temi que a Dory fosse pega no mar e colocada em um aquário, como
aconteceu com Nemo, mas é uma proposta inteiramente nova. Dory acaba pega, por
fim, mas é levada para o Instituto de Vida Marinha, que não é um lugar ruim e,
na verdade, é justamente o lugar onde ela nasceu, onde se perdeu dos pais!
Então não há sequestro nem desaparecimento, mas há uma intensa e
complicada jornada através dos mais inusitados cenários, cheios de
improbabilidades e muita diversão. Fiquei particularmente surpreso de saber que
a Dory não veio do oceano, que ela nasceu em uma exibição chamada Mar Aberto; mas também adorei descobrir
que, por isso mesmo, ela tinha uma amiga de cano, a fofa da Destiny (que é meio
eu, com aquela visão embaçada dela!), que ERA UMA BALEIA! Por isso que a Dory
sabia falar baleiês TÃO BEM! <3 Eu estava mesmo esperando que nós fôssemos
ter um pouco de baleiês em algum momento, e tivemos vários. E todos foram
divertidíssimos, não tinha como não se matar de rir! Outro momento fofura foi
descobrir os pais de Dory ensinando para ela a musiquinha do Continue a nadar / Continue a nadar…
“Eu gosto de areia. Areia é
fofa”
A Dory criança e seus pais aparecem o tempo todo no filme, e é
emocionante. E fofo, porque a Dory criança era MUITO fofa! Foi desesperador
quando ela se perdeu da família, quando ela ficou vagando perguntando por seus
pais, cantando encolhida Continue a Nadar
escondida embaixo de uma pedra… o filme alterna entre o presente, com a Dory
adulta, e o passado continuamente, em uma interessante maneira de apresentar
novos elementos conforme as ocasiões permitem que Dory se lembre de alguma
coisa. Como a concha roxa. Como a Destiny. E conforme peças vão se juntando em
sua cabeça, Dory vai buscando os seus pais e se aproximando cada vez mais
deles, com a ajuda constante de Hank, que quer a sua pulseira, e seguida por
Marlin e Nemo, nas maiores desventuras, que, quando estão estancados, conseguem
seguir em frente com o melhor jeito possível: pensando no que a Dory faria. Porque a Dory é isso: impulsiva e
determinada, e ela sempre consegue seguir em frente dessa maneira!
Continuando a nadar.
Personagens novos: ELES ESTÃO UM MÁXIMO! O polvo, Hank, é mesmo um fofo!
Ele é todo reclamão e cheio das armações, quando ele aparece, mas ele prova que
tem um coração (ou três!) bom, e continua sempre determinado a ajudar a Dory,
mesmo depois que consegue dela a pulseira que tanto queria. Então ele é um fofo
e nós acabamos o filme encantados por ele! A Destiny, a baleia amiga de cano da
Dory, é fofa e HILÁRIA! Fiquei com dó toda vez que ela batia numa parede, mas
eu ainda assim ria muito. Bailey, aquele golfinho divertidíssimo que era amigo
da Destiny, que chega a soltar um ótimo “Amiga,
sua louca! No oceano não tem parede!” e fica um máximo se sentindo o super
poderoso depois que reaprende a ecolocalização. Todos eles são fofos, todos
eles trazem um tom gostoso e único ao filme, e as interações são um máximo,
tipo a Dory toda animada por reencontrar sua amiga e tudo o mais… os diálogos
super inteligentes e interessantes. E ainda trazem cenas FANTÁSTICAS como
aquele momento da Dory e o Hank dirigindo o caminhão (ri muito com a
rotatória!) e a cena em câmera lenta deles caindo no mar!
EXCELENTE!
O filme traz, com propriedade, discussões seríssimas. E é tudo muito
bonito! Primeiramente, eu penso com força na família e na amizade. A maneira
como Dory queria encontrar os pais é tocante, e como o grande amor dela por
eles fez com que ela conseguisse, lentamente, lembrar de várias coisas. Essa
necessidade a obriga a lidar com sua condição de perda de memória recente, e,
ao fim do filme, não é que ela não tenha mais esse problema, mas ela aprendeu a
lidar com ele, a viver com ele, de tal maneira que é surpreendente! A rejeição
ocorre quando Marlin diz que esquecer é o que ela faz melhor, o que
definitivamente os separa, mas o remorso faz com que ele e Nemo constantemente
a busquem. E mesmo depois que a Dory encontra Jenny e Charlie, ela diz que ela
precisa salvar Nemo e Marlin (que ficaram em um tanque no caminhão), porque
eles são sua família! Isso é adorável. Dali vem toda a finalização tocante do
filme.
Mas antes disso, no entanto, temos toda a trajetória de Dory rumo a sua
família, que me comoveu verdadeiramente. Eu temi pesarosamente um final trágico
no qual os pais dela não estariam mais ali. Acho que o filme nos fez acreditar
nisso. Eles não estavam na exibição em que Dory nasceu, e é doloroso ver Dory
chegando até a sua casa, tendo todas suas memórias, pegando a concha roxa, e
estando sozinha… depois do lance da Quarentena e tudo o mais, eu temi que os
pais dela tivessem morrido, e seria pesado demais acabar o filme dessa maneira.
Mas foi incrivelmente bonito! Quando ela adentra os canos em busca dos pais e
se perde, me bate um desespero tão grande, tão imenso, é angustiante vê-la
completamente perdida, vê-la sem saber o que fazer, sofrendo por tudo. Até que
ganhemos uma das cenas mais lindas do filme: ela vê uma concha. E então ela vai seguindo as conchas, se
deparando com vários caminhos de conchas convergindo em um mesmo lugar… e ela reencontra os pais. A representação
daquele amor tão grande no qual eles passaram anos esperando a filha,
espalhando conchas que levassem a eles porque essa era uma das maiores
esperanças de como ela poderia encontrá-los caso conseguisse retornar.
E ela conseguiu.
Isso prova o quanto ela cresceu, o quanto aprendeu a se virar sozinha.
O quanto ela se tornou independente.
Procurando Dory, felizmente, é um IMENSO
acerto da Pixar. Saímos do cinema com lágrimas nos olhos e um sorriso
verdadeiro, contentes pela competência e respeito com que o roteiro foi
tratado. Acredito que eles esperaram mesmo todos esses anos porque só estavam
dispostos a continuar a franquia caso tivessem uma ideia no nível de Procurando Nemo para trazer às telas. E
isso me deixa feliz e faz com que eu respeite a empresa. Parabéns! Procurando Dory é EXCELENTE e marca
nossa vida adulta exatamente como Procurando
Nemo marcou nossa infância. Belíssimo, comovente, fofo e divertido, agora
nós temos uma dupla de filmes marcantes para guardarmos para a posteridade,
para apresentarmos aos nossos filhos e netos, e fazê-los perceber, conforme
eles crescem, que eles não são só peixes,
que eles têm uma história grandessíssima e bonita que pode e deve ser
explorada. Estou arrepiado, estou sorridente, e pensando seriamente em retornar
ao cinema para assistir ao filme mais uma vez…
Quer dizer, Procurando Nemo eu
vi trezentas vezes.
Procurando Dory merece a mesma dedicação!
P.S.: Os trailer já estavam um máximo, porque eu estou curioso
demais para ver Pets (embora eu ache
que pareça bastante com Toy Story,
inclusive a chegada do cachorro novo, que seria o Buzz Lightyear), porque
parece um filme fofo e divertido e tudo o mais. E eu adoro Carrossel, então o segundo filme da franquia me diverte já no
trailer, estou bem ansioso! A Larissa Manoela como Maria Joaquina (mais Isabela
que Maria Joaquina, mas tudo bem) diverte muito no fim do trailer com aquele
grito de “NÃO! É NORMAL!” sobre o
sorvete de chocolate!
P.P.S.: Gente, e que curta é esse? MUITO FOFO! Bem, vai
concorrer ao Oscar e é bem provável que venha a ganhar, mas acho que é
merecidíssimo, bem mais do que aquele curta dos vulcões (opinião pessoal). PIPER é o nome do curta e conta a
história de um pássaro filhotinho que está aprendendo a se alimentar sozinho.
Simples, rápido e perfeitamente fofo, o curta é realmente encantador!
P.P.S.: TEM CENA PÓS-CRÉDITOS! Fique se você está curioso para
saber o que aconteceu com os amigos de Nemo que dividiam um aquário com ele no
consultório do dentista do primeiro filme!
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