Doctor Who, 2009 Easter Special – Planet of the Dead
“Did I say I hated you? I was lying”
É, Doctor
Who sempre tem seus especiais de Natal, mas talvez seja o primeiro de Páscoa,
que veio em 2009, um ano marcado de especiais antes que David Tennant deixasse
o papel e o passasse a Matt Smith, no começo de 2010. É mais do que temos com
Peter Capaldi nesse ano, uma vez que desde The
Husbands of River Song, no último Natal, não tivemos mais nada, e não
teremos até o próximo Natal. De todo modo, Peter Capaldi [ainda] não está se
despedindo do papel. Com David Tennant se preparando para deixar a TARDIS, nós
temos um cargo sempre aberto a companion
do Doctor, sempre uma nova aventura a que ele chega sozinho e personagens com
um potencial gigantesco podem ser criados. É o caso de Lady Christina de Souza.
Eu realmente ADOREI a personagem, e acredito que ela e David teriam uma
excelente química para uma temporada completa. Em dúvida por conta de toda a
tensão sexual, até porque reclamaram tanto da Martha Jones por ter se
apaixonado pelo Doctor tão depressa, mas ainda acho que Christina seria uma
excelente companion. Quem sabe um dia
não vemos seu ônibus vermelho voador por aí novamente?
O episódio começa logo que Christina roubou uma
peça importante e antiguíssima e entrou em um ônibus na tentativa de fugir da
polícia – o Doctor entrou logo atrás. “Hello,
I’m the Doctor. Happy Easter!” Com toda a tensão de um turbilhão e um
aparelho alienígena funcionando errado, nós chegamos a uma paisagem desoladora
que proporciona uma premissa interessante para o Especial. Lembrando-nos de
quando paramos em Midnight, o Doctor reage às acusações contra ele de forma
muito natural: “Oh, humans on buses,
always blaming me”. Tudo é construído de forma a nos instigar, naquele
maravilhoso suspense que Doctor Who
sabe construir. Temos o misterioso transporte dos personagens em um ônibus de
um túnel em Londres até o meio de um deserto em um planeta alienígena com três
sóis. Com algo de errado em relação à
areia. Carmen é uma personagem interessante, carismática e pouco utilizada,
responsável por ouvir vozes, desde antes que eles passem pelo buraco de
minhoca. Ela sente a morte. “Death. Death
is coming”. Ela escuta todas as pessoas que morreram enquanto morriam.
Como companion,
Lady Christina de Souza funciona incrivelmente bem, e muito independente – toma
a liderança de cara, mostra conhecimento ao entender de pronto a ideia de uma
Gaiola de Faraday que os proteja no trajeto de volta, como os protegeu na
chegada ao planeta, e que os impeça de morrer carbonizados e chegar em Londres
como esqueletos queimados, como aconteceu com o piloto. Buracos de minhoca nem
sempre são assim tão assustadores, mas eu estava adorando! Foi linda a cena em
que o Doctor (e aí ele precisa assumir a liderança, porque ele sabe como fazer
isso) conversa com cada um para acalmá-los, perguntando para onde eles estavam
indo, e pedindo-lhes que foquem nessas coisas, na comida, nas casas e nas
pessoas que os esperam em Londres. E não ao planeta com três sóis, um buraco de
minhoca e areia alienígena. E então, todos juntos, eles começam a trabalhar
intensamente no ônibus para que ele possa ser usado como transporte para
voltarem para casa.
“I’m gonna get you home”
Grande parte do episódio trabalhou na construção
de uma relação entre o Doctor e Christina, que soou natural – uma pena que seja
algo tão rápido e que tenha que acabar tão depressa. Ela diz coisas como “Wait a minute, you’re the man of all the answers! I’m not letting you outta my sight” e
ele diz coisas como “, it’s like we’re
made for each other” quando ela responde ao seu “Allons-y!” em francês. Christina tinha toda a curiosidade, firmeza
e determinação de uma ótima companion.
E embora Doctor Who seja incrível na
criação de companions (minhas
favoritas continuam sendo Clara Oswald e Donna Noble!), esses especiais sempre
trazem tanto potencial que nunca mais é usado! No entanto, com a grata exceção
de Donna Noble, acredito que as companions
de David Tennant estavam muito fixadas na premissa de que ele é muito bonito (e
tudo bem, ele é, não tem como não se apaixonar por ele mesmo!), e isso diminuía
seus papéis. Eu gosto de personagens fortes e independentes como Donna Noble. E
como Clara Oswald. Curiosamente as minhas duas companions favoritas, e que não tinham uma queda gigantesca pelo
Doctor. Então isso deve querer dizer alguma coisa, acredito.
“You look
human”
“You look
Time Lord”
Ligando para a UNIT, temos novamente o retorno da
organização à série, com participações encantadoras como a do Malcolm, com um
final especialmente fofinho, todo feliz em conhecer o Doctor, abraçando ele e
dizendo que o amava. Ele era bem bobinho, mas mesmo assim tão compreensível!
Como não gostar dele? A comandante, no entanto, embora tenha gostado dela,
trabalhava com mais dureza. Mas batia continência ao Doctor mesmo que ele não
gostasse! E em contato com a UNIT, monitorando a Terra do outro lado do buraco
de minhoca, ajudando dentro do possível no retorno do Doctor ao mesmo tempo em
que impediria a passagem de algo mais que isso, o Doctor tenta fazer avanços,
tirando fotos das dunas de areia misteriosas, investigando a “tempestade”
assustadora que não era tempestade coisa nenhuma. Parecia haver metal. A
tempestade brilhava. Retinia. E o Doctor encontra Tritovores, divertidos
animais (big-eyed monsters) que parecem formigas gigantes (que o Doctor conhece
a língua!) e que, embora inicialmente tenham dado a impressão de vilões, eram
muito bonzinhos e simpáticos.
Pena que tenham tido que morrer tão brutalmente.
E descuidadamente.
Do outro lado do Universo, próximos à Nebulosa do
Escorpião, no Planeta de San Helios, eles lentamente desvendam os mistérios,
descobrem as verdades e se preparam para fugir, o que a intuição do Doctor diz
que eles precisam fazer desde o início. Uma cidade lindíssima, apenas um ano
atrás, completamente devastada, devorada,
e transformada em poeira. Gente morta no cabelo de Christina. A ideia é bem
inteligente, embora perturbadora. Um enxame de animais metalizados que passam
pelo buraco de minhoca, devoram todo o planeta, e depois passam adiante. Seu
número elevadíssimo e a velocidade com que viaja causa a ruptura no contínuo de
espaço-tempo que permite a viagem. O metal que comem e transformam em exoesqueleto
garante que eles sobrevivam à passagem pelo buraco de minhoca. E agora eles
estão indo para a Terra se o Doctor não os impedir. Infelizmente eu tenho que
admitir que eles eram impressionantes. Assustadores, sem sombra de dúvidas, mas
impressionantes.
Se é que isso faz algum sentido.
E eu acho que faz.
Assim, o Doctor e Christina se envolvem em uma
missão final que vai colocar o ônibus para voar, e assim eles poderão retornar
para a Terra em segurança e fechar a passagem, com a ajuda da UNIT, antes que
os monstros possam passar. Ali se justifica toda a ideia de Christina como uma
ladra, para que ela possa refazer a façanha e pegar da nave das Formigas
Gigantes o que vai ajudá-los. Ou até mesmo o ouro do roubo, que vai ser
importante no fim das contas para que a conexão entre o sistema da nave e o
ônibus possa funcionar. De todo modo, os dois apresentam uma sintonia
impressionante, e quando você acredita que o Doctor a está julgando, você
lembra da TARDIS roubada. De seu próprio povo. Talvez eles tivessem mesmo sido
feitos um para o outro. “The worst it gets the more I love it” “Me too”. Adoro ver o ônibus
voltando. Adoro ver as expressões de surpresa e deleite por estarem voando e
estarem de volta a Londres. Adoro a recepção. E o Doctor rejeita Christina como
sua companion em tempo integral, mas
a ajuda quando precisa.
E acho que isso é alguma coisa, embora sua
necessidade de ficar sozinho me preocupe.
Como uma finalização incrível e uma boa premissa
para o que veremos no próximo especial, nós temos um último aviso da Carmen,
uma última cena em que ela brilha. “You’re song is ending, sir. It’s
returning. It’s returning through the dark. And then, Doctor… oh but then… he
will knock four times”. E o Doctor fica ressabiado. O trailer de The Waters of Mars já deixa claro o tom de suspense/terror do episódio,
em um maravilhoso especial de Halloween. Mas o Doctor de David Tennant continua
sozinho, até o fim. Vagando pelo espaço e tempo sem uma companhia de verdade,
mais deprimido do que me lembro de tê-lo visto em outras encarnações, e isso é
triste. Christopher Eccleston teve Rose Tyler consigo até o final. Matt Smith
passou muito tempo sozinho, mas teve Clara Oswald para estar com ele. Até um
pouquinho de Amy Pond. O Doctor de David Tennant está sozinho. Sem Rose Tyler.
Sem Martha Jones. Sem Donna Noble. E por isso a sua partida é tão deprimente!
Mas eles podem explorar com uma liberdade incrível nos últimos episódios do
Tenth, então isso também é demais!
“We could have been so good together”
“Christina! We were”
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