Harry Potter and the Cursed Child, Part 1 – Act 1 (Texto 2 de 2)
“Well, there are times I wish you weren’t my son”
Acredito que, de certa forma, Harry Potter and the Cursed Child funciona como uma interessante
DESCONSTRUÇÃO daquilo que esperávamos de Harry Potter. Ron Weasley ainda é o
Ron que sempre conhecemos, mas às vezes queríamos que ele tivesse crescido
mais. Hermione Granger-Weasley é, agora, Ministra da Magia, o que é bem cara
dela. E o Harry Potter não é o pai que nós esperávamos que ele fosse. Nesse
segundo texto, ainda sobre o Primeiro Ato, vou falar um pouco mais sobre as
relações entre esses personagens (como as dolorosas coisas ditas entre Harry
Potter e Albus Potter, que foram angustiantes) e o começo de toda a aventura
através da reunião de informações e a proposta de viagem no tempo. Estamos
prestes a voltar para 1994, quando Cedric Diggory morreu no Torneio Tribruxo,
assassinado por Lord Voldemort porque ele e Harry Potter foram levados, juntos,
para o Cemitério. Uma das pessoas que The
Boy Who Lived foi responsável pela morte, e que talvez ainda possa ser
salvo.
Embora mexer com o tempo nessas proporções não
seja seguro.
Temos uma cena de Harry e Hermione no Ministério
da Magia em que ela conversa com ele sobre as pilhas de papel que ele não está
lendo (e ele ganhou sua nova cicatriz), sobre ser pai e mãe… e Harry fala sobre
Theodore Nott e o Vira-Tempo que eles pegaram dele. Não mais como o Vira-Tempo
de Harry Potter e o Prisioneiro de
Azkaban. É mais avançado, porque a magia evoluiu desde que eles estavam na
escola. Mas também os perigos. A fala de Hermione (“Coisas terríveis aconteceram com bruxos que mexeram com o tempo”)
continua valendo! E mesmo com o Vira-Tempo em mãos, Harry se recusa a ajudar
aqueles que lhe pedem ajuda. A cena de Draco Malfoy conversando com ele me
pareceu bastante forte, porque Draco me deu a impressão de estar mais envolvido
nos problemas do filho e mais preocupado em solucioná-los do que o Harry. Harry
não se mexe nem para ajudar Draco (ele podia desmentir a existência de
Vira-Tempos, que supostamente foram todos destruídos em A Ordem da Fênix, para acabar com os boatos de Scorpius ser filho
de Voldemort) nem o próprio filho.
Isso nos atinge.
O peso que Scorpius carrega é tão grande quanto o
peso de Albus, ainda que não seja verdade. Albus tem toda a pressão por ser
filho de Harry Potter, sendo constantemente comparado a ele de forma irritante,
com expectativas pesando sobre ele que ele não se dispõe a atender. Mas
Scorpius lida com os boatos de ser filho de VOLDEMORT! É claro que as crianças
de Hogwarts, maldosas, o destroçam por causa disso! E o único momento em que o
Harry tenta falar com Albus é pesadíssimo. Ele tenta lhe dar de presente a mantinha no qual foi enrolado e deixado na porta dos Dursleys, a última coisa
que tem de sua mãe – mas embora isso seja sentimental para Harry, não tem
significado NENHUM para Albus. Não são asas ou uma capa da invisibilidade, como
Lily e James ganharam. Albus cresceu interpretando uma frieza, marcado pelo
sarcasmo recorrente que usa para tentar lidar com a mágoa que sente. E Harry
não entende isso. Harry adorava Hogwarts, pelos feitos grandiosos que Albus
cita amargamente, mas Hogwarts não tem essa significância toda para ele. E
mesmo que Harry tenha tentado (Gina
acha que ele tentou), não foi o suficiente. “I’m done with being made
responsible for your unhappiness. At least you’ve got a dad. Because I
didn’t, okay?”
Aos 14 anos, Albus tem uma discussão TERRÍVEL com
o pai que moldará muita coisa em sua vida. Ele diz que talvez não tenha sido
uma falta de sorte tão grande o fato de Harry ter crescido sem um pai. E é
doloroso quando ele diz “I just wish you
weren’t my dad” para o Harry, mas acho que é simplesmente CRUEL que o Harry
responda com um “Well, there are times I
wish you weren’t my son”. Foi um angustiante momento de raiva, mas as
palavras foram proferidas, e elas machucam. Ele quis dizer aquilo de alguma
maneira, aquilo estava em sua mente. Acho que é crueldade que o Albus diga isso
ao pai, mas acho que é ainda pior que o pai diga ao filho, porque não era o que
o Albus precisava no momento. Aquilo machuca, e o Harry percebe o erro que
cometeu quase imediatamente, pelo silêncio que se segue enquanto Albus apenas
concorda com a cabeça. Bem, se eu estava aqui, aos prantos, lendo o livro, eu
só imagino como deve ter sido estar sentado no teatro vendo essa cena se
desenrolar, ouvindo essa palavra e as intensidades da raiva do Harry que saiu
de controle. A dor nos olhos de Albus Potter.
“No luck or love for me, then”
O passado referente a saga Harry Poter começa a retornar fortemente com as cenas que são
protagonizadas por Harry e não por Albus. Amos Diggory, por exemplo, visita
Harry em uma tentativa de pedir a sua ajuda referente a Cedrico, mas nada
adianta. “Meet the once-great Harry Potter, now a
stone-cold Ministry man”. Constrói-se um Harry influente que não está disposto a ajudar
muitas pessoas. Embora eu concorde com o Harry em relação ao pedido louco de Amos
de usar o Time-Turner de Theodore Nott para salvar Cedrico, afinal não se deve
mexer com o tempo de forma tão intensa assim. Mas Albus Potter, ouvindo no topo
da escada, vai levar isso adiante. Como uma maneira de fazer algo grande e, ao
mesmo tempo, se rebelar contra o pai. “How many people have died for the
Boy Who Lived? I’m asking you to save one of them”. Harry lida com a
amargura e o rancor de Amos, mas isso ainda dói nele mesmo também. “Kill the spare”. É assim que surge um
pesadelo de Harry Potter, completando 11 anos, de volta na casa isolada em uma
ilha a qual Hagrid invadiu para buscá-lo. É nostálgico estar lá de volta.
A mudança surge nos assobios e na inconfundível
voz de Voldemort chamando por ele.
Chamando Harry
Potter.
E então, depois de 22 anos, a cicatriz volta a
doer.
ASSIM, VAI TER VIAGEM NO TEMPO! Acho que é só
depois de tudo isso que a aventura começa de verdade a se delinear. Estava tudo
profundamente humano e emotivo até então. Mas aí Albus Potter decide chamar
Scorpius para voltar no tempo e salvar Cedric Diggory. E Scorpius o segue, todo
inteligente e nerd. E querido (“Okay. Hello. Um. Have we hugged before? Do we hug?”). Se Rose tem razão e o Ministério
encontrou um Vira-Tempo, eles só precisam invadir o Ministério, roubar o Vira-Tempo
e voltar ao último Torneio Tribruxo para salvar o bruxo que morreu ao lado de
Harry porque “estava sobrando”. Eu sei que as consequências são grandes e que
não se deve mexer com o tempo, mas é eletrizante pensar em uma viagem no tempo
tão grandiosa em Harry Potter. E é
bom pensar na proposta de estar de volta ao Labirinto e, dessa vez, ter Cedrico
salvo. Começa quando, com dificuldade, Albus e Scorpius fogem do Hogwarts
Express e vão ao St. Oswald’s Home for Old Witches and Wizards falar com Amos
Diggory sobre o plano, e assim Delphi se junta a eles. E Amos, ranzinza, duvida
deles. Um Potter na Slytherin e um Malfoy
que pode ser muito bem um Voldemort. Eles podem estar metidos com Magia Negra!
Mas acaba aceitando. Albus o convence.
“My father proved you don’t have to
be grown-up to change the wizarding world”
Enquanto
Albus convence Amos (“I know what it is
to be the spare. Your son didn’t deserve to be killed, Mr. Diggory. We can help
you get him back”), o desespero toma conta dos adultos com a chegada da
carta de McGonagall sobre como Albus e Scorpius não chegaram a Hogwarts. “Ginny, it’s Albus – Albus and Scorpius –
they never made it to school. They’re
missing”. E Albus e Scorpius seguem os passos de Harry Potter, usando
exatamente o mesmo truque que foi usado em Harry
Potter e as Relíquias da Morte por outro trio de alunos. Poção Polissuco
para invadirem o Ministério da Magia e roubar o Vira-Tempo do escritório de
Hermione. Depois é só voltar. Delphi vira Hermione. Scorpius vira Harry. E
Albus vira Ron. Entram em uma cabine telefônica, discam 62442, e entram no
mistério. É travesso e é bacana. Acho que o mais bizarro foi ter
Delphi/Hermione e Scorpius/Harry escondidos no escritório enquanto Albus/Ron
fica para o lado de fora obrigado a distrair a verdadeira Hermione e o Harry de
entrar. É meio estranho e meio bizarro, mas é divertido. Eu imagino o “Ron”
fazendo aquelas coisas…
Gosto cada vez mais de Draco, porque eu reconheço
nele e a dor e eu acredito na sua determinação em ajudar o filho. Os gritos e
as cobranças dele quando Scorpius desaparece são reais. A preocupação por causa
de seu filho, seu único herdeiro e sua única família. “I don’t care what you
did or who you saved, you are a constant curse on my family, Harry Potter”. E sobre Scorpius, eu O AMO
MESMO. Mas às vezes o vejo MUITO parecido comigo mesmo, então não sei se posso
dizer isso. Tipo quando o Albus se diz preparado para arriscar a própria vida e
ele solta uns “Do we?” e “Are we?”, ressabiado. Ele é um nerd,
expert em Poções, inteligente e fofíssimo. Até a sua reação sobre a Poção
Polissuco fez com que eu me identificasse! “Second point: Do either of you know
what Polyjuice tastes of? Beucase I’ve heard it tastes of fish and if it does I
will just vomit it back up. Fish doesn’t agree with me. Never has. Never will”.
Tive que me apaixonar por ele.
E depois de uma verdadeira luta contra os livros
no escritório de Hermione, o trio formado por Albus, Scorpius e Delphi
conseguiu: estão em posse de um Vira-Tempo, agora é só mudar a História. A jornada e a aventura apenas
começaram. “Only just begun and it’s
almost half killed us. Good. This is going to be good”.
Entendo
agora a epicidade de Harry Potter and the
Cursed Child! <3
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