Monstros S.A. (Monsters, Inc., 2001)
“Eu nada
seria se não fosse você”
Que experiência gostosa que é assistir a Monstros S.A., mesmo tantos anos depois
de ele ter sido lançado… eu sou um eterno apaixonado por essa animação (tinha
meus 8 ou 9 anos quando a vi pela primeira vez) por tudo o que ela representa,
cinematográfica e pessoalmente falando. É uma grande inovação (como os filmes
da Pixar costumam ser, vide a
complexidade e maravilha de Divertida
Mente), uma ideia incrível de uma cidade de monstros onde a energia é
gerada a partir do grito das crianças humanas, que explica todo o medo que as
crianças sentem de monstros saindo de dentro do armário, especialmente. No
entanto, aqui é que está a grande novidade e a grande astúcia do filme: os monstros têm medo das crianças. É
nesse universo que encontramos os monstros mais adoráveis, como James P.
Sullivan e Mike Wazowski, e nos apaixonamos pela garotinha mais fofa de filmes
infantis (convenhamos, ela é!), a Boo.
A ideia toda é peculiar e encantadora – o filme
nos envolve e nos diverte do começo ao fim. São uma infinidade de risadas (elas
não durarão até o final, lá virão as lágrimas) e momentos memoráveis, como
aquele comercial de TV da Monstros S.A. no qual o Mike Wazowski fica todo empolgado
porque vai aparecer na televisão, daí eles colocam o símbolo da empresa na cara
dele e ele fica com aquela boca aberta, chocado, o Sulley tentando pensar no
que dizer enquanto ele solta um quase desapontado “Eu não acredito…” seguido do mais empolgado possível “EU TÔ NA TV!” Sério, tem como não amar
Mike Wazowski? Acho que o amamos antes de amar Sullivan, mas com toda a relação
do Sulley com a Boo, então é impossível não cairmos de amores pelo grandão… ou,
melhor ainda, pelo “Gatinho”. Porque
toda vez que nós ouvimos isso, depois de assistir a Monstros S.A., o nosso coração dá um pequeno salto.
É tão fofo!
O filme é bastante inteligente ao introduzir seus
personagens e seus temas – ele apresenta a fábrica através de uma demonstração,
depois apresenta Mike e Sulley. E ele faz com que nos afeiçoemos aos
personagens, mostrando que os monstros não são, em seu cerne, lá tão diferente
da gente, com aquela caminhada pela cidade, indo até o trabalho. ADORO aquele “Monstros S.A., um momento. Monstros S.A.,
tô passando” da Célia! E então você entende mais ou menos como funciona
toda a questão de energia em Monstrópolis, com os assustadores entrando nos
quartos das crianças (através das portas que levam daquele mundo ao nosso) para
coletar gritos, o que gera força para a cidade toda. Adoro toda a questão da
empresa e as propagandas de TV – e nós também entendemos que eles são muito
parecidos conosco inclusive na rivalidade comum nesse tipo de negócio, com o
Randall sendo o vilão do filme, querendo bater o recorde antes de Sullivan,
enquanto Sullivan é um monstro muito mais íntegro.
“2319. Temos
um 2319!”
Crianças humanas são tóxicas, perigosas,
assustadoras. Pelo menos é nisso que os monstros acreditam, entrando para
assustar as criancinhas mas se esquivando delas – vide o sofrimento por causa
de um 2319. UMA MEIA! Mas na noite em que Sullivan vai entregar as papeladas de
Mike por ele, ele descobre Randall tentando trapacear com uma icônica porta
branca com florzinhas, rosas e roxas. E a garotinha mais adorável que existe, a
Boo. Tudo bem que ela ainda não é chamada de Boo, afinal o Sulley tem uma cena
divertidíssima tentando deixá-la de novo no quarto enquanto ela foge dele e
volta para o Mundo dos Monstros, enquanto solta deliciosas risadas e um sorriso
que não nos permite não rir com ela.
Boo faz bem! Todo o começo da interação de Sullivan com a Boo é hilário, com
ele pegando ela com a bolsa, ou então ela escapando no restaurante e criando
todo aquele caos… quem não se matou de rir com o jornal anunciando a destrutiva
criança solta e as entrevistas?
E AQUELA FOTO NO JORNAL IMPRESSO? Boo fofíssima.
Boo é uma criança adorável. E o próprio Sullivan
vai se dando conta disso – a premissa de que a risada é mais poderosa que o
grito é colocada na primeira noite de Boo no apartamento de Sulley e Mike,
quando ela chora por não ter o mini-Mike e as luzes piscam, mas ri com o
acidente de Mike e acende o prédio inteiro antes de gerar uma pane. É a noite
em que ela brinca um monte, em que ela desenha ela e o Sulley juntos, de mãos dadas,
em que ela tem medo do Randall sair de dentro do armário para assustá-la e
Sulley fica a protegendo até ela dormir. NA SUA CAMA! E Boo vai ganhando o
coração de todo mundo, os deles e os nossos. Com cada fala longa que não
entendemos nada; com a cantoria no banheiro; com cada “Gatinho!” ou “Mike Wazowski!”;
e aquelas deliciosas risadas contagiantes. E elas são muitas, e elas são sempre
muito envolventes, nos fazendo rir com ela também.
O sentimento envolvendo Boo é forte demais.
Sullivan se importa tanto com ela que chora segurando um lixo compactado
achando que ela está ali – e quando toda a maracutaia na empresa se revela, ele
faz de tudo para levá-la de volta em segurança, mesmo quando Waternoose, o dono
da fábrica, o exila e Mike no Himalaia. Com o Abominável Homem das Neves. E é
emocionante ver o quanto Sullivan não desiste, o quanto ele luta para retornar
ao seu mundo e resgatar Boo, quase submetida à perversa máquina de Randall de
extrair gritos das crianças à força. E Mike, mesmo depois da briga inicial, não
desiste do seu amigo e vai até ele. O “Ihh”
quando ele acerta a bola de neve no Randall, depois do “Ei, olha, é o Randall” é hilário! E então tudo vira uma loucura,
uma fuga desesperada de Sullivan, Mike e Boo, perseguidos por Randall, através
da fábrica e do lugar onde as portas estão guardadas, uma infinidade de portas
em um clímax impressionante que passa, de maneira divertida, por várias casas
de nosso mundo.
E o filme tem um final fantástico e emocionante…
Mike e Sullivan conseguem armar uma cilada para que Waternoose se entregue e
seja preso pela CDA, em uma das melhores cenas de nossa infância. Mike devolve
Boo para seu quarto em um momento comovente, no qual ela é uma criança
absolutamente normal, querendo mostrar todos seus brinquedos ao novo amigo. E
quando ele a coloca para dormir e vai embora, nós engasgamos – e ela abre a
porta do armário, encontrando só um armário, com um doloroso (para nós) “Gatinho!” E a porta é destruída. Depois
a fábrica, ao invés de fechar, volta a ser um estrondoso sucesso, e os monstros
não precisam mais assustar as crianças, nem terem medo delas – fazê-las rir é
10 vezes mais poderoso do que fazê-las gritar. E fábrica vira uma festa
colorida e lindíssima, cheia de bandeirinhas, balões, bolas e brinquedos infantis.
As crianças se divertem, os monstros se divertem, e a energia enche
Monstrópolis. Mas Sullivan sente falta de Boo…
Chorei vendo ele com a última lasca da porta dela.
Chorei com o Mike Wazowski e as mãos machucadas de
juntar os pedaços da porta.
Chorei com Sullivan abrindo a porta de Boo. “Boo?”
E chorei MUITO MAIS com o “Gatinho!”
P.S.: Vocês se lembram,
claro, do “Manda esse treco de volta se
não o bicho pega”? Os créditos de Monstros
S.A. são divertidíssimos com “erros de gravação” hilários, e no final ainda
temos o tal “musical da empresa” chamado Manda
esse treco de volta se não o bicho pega. E é tão fofo! É a história de como
a Boo chegou a Monstrópolis, conquistou o coração de todo mundo e mudou para
sempre a maneira como a cidade via as crianças humanas e como a energia era
gerada. Divertido, leve, gostoso. Uma música melhor que a outra, passos de
dança e tudo, um verdadeiro delicioso musical. Mas que acaba com a mais bonita
mensagem que é a que fica em sua cabeça quando o filme chega ao fim: “Eu nada seria se não fosse você”. E
isso faz todo o sentido? Deu para perceber o quanto eu AMO Monstros S.A., certo? Que filme maravilhoso! <3
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