[Season Finale] Sherlock 3x03 – His Last Vow


“Oh Sherlock, what have you done?”
Eu ainda acho que esse Season Finale de Sherlock foi um pouquinho abaixo dos das primeiras temporadas, talvez até pela ausência de Moriarty como o vilão principal (embora seu espírito esteja constantemente presente e eu esteja curioso para saber o que farão com esse plot final na quarta temporada), mas como a série cuidadosamente mantém um alto padrão de qualidade, ele foi extremamente bom. Cheio de reviravoltas frustrantes, nós tivemos um episódio eletrizante que me deixou embasbacado em vários momentos. Com o coração na mão. E uma raiva profunda. É estranho perceber o quanto você não conhece as pessoas, mesmo quando as dicas sempre estiveram ali, só você que não soube prestar atenção. Com uma direção incrível e sequências de tirar o fôlego, o episódio foi construído a partir de vários momentos e muitas surpresas, com histórias iniciadas (embora nem tenhamos percebido) no início da temporada e finalizadas só agora. Conhecemos, oficialmente, Charles Augustus Magnussen e a proposta de seu Appledore, um verdadeiro Napoleão da chantagem e supostamente o homem mais poderoso no país. Então, parando na Baker Street, a Sra. Smallwood tem um caso para Sherlock.
Um mês.
Faz um mês que John Watson se casou e deixou o amigo sozinho na Baker Street, mais ou menos. Encontramos um Sherlock completamente novo quando John o encontra, e eu achei particularmente perturbador. E você me perguntaria: o fato de ele estar drogado? Não, o fato de ele ter uma namorada. Felizmente isso é devidamente explicado ao longo do episódio. Quando John Watson vai até um antro de drogas atrás de Isaac Whitney e quase quebra o braço do cara que atende a porta, nem ele nem nós esperávamos encontrar ali, também, Sherlock Holmes. Mas foi uma cena divertida. Especialmente Sherlock, Wig e Isaac no banco de trás, com Mary e John como pais de três adolescentes que foram encontrados fumando droga. Mas não sei o que foi melhor, isso ou a Molly revoltada dando tapas na cara dele! “Seriously? Shezzer?” E então conhecemos, de fato, Wig. Wiggy. Bill Wiggins. Eu gostei dele desde o começo, com John, com aquele drama todo do braço “quebrado”, porque ele estava muito fofo, mas quando ele começa com as observações detalhadas a la Sherlock Holmes sobre como o John está indo trabalhar de bicicleta… bem, eu fiquei um pouco ressabiado. Mas passei a adorar o personagem.
Quero muito mais dele, como tivemos nesse episódio!
A situação começa a ficar deveras bizarra e preocupante quando Sherlock retorna para casa, ainda dizendo que todo o lance das drogas era para um caso, e o encontramos com Janine. Oi? Vocês devem se lembrar daquela dama de honra do casamento no episódio passado, que ficou o tempo todo atrás do Sherlock e tudo o mais. Sherl. Foi uma coisa extremamente confusa de acompanhar aquele Sherlock com NAMORADA, e não combinava em nada com o que conhecemos de Sherlock. Minha expressão era a mesma pasma de John Watson. Eita coisinha esquisita! Reação do John ao beijo, no entanto, foi IMPAGÁVEL! O Sherlock teve uma dificuldade tremenda para colocar o John por dentro de todo o caso de Charles Augustus Magnussen e o Appledore, porque ele estava preocupado demais em entender toda aquela situação e enquadrá-la dentro de sua concepção de mundo e do próprio Sherlock. Anyway. A distração se esvai quando ele aparece ameaçadoramente na Baker Street, falando sobre o Barba Vermelha.
Desprezível.
Mas como as cartas de Smallwood estão em Londres, o caso para o qual Sherlock foi contratado, só há uma coisa lógica a se fazer: invadir o prédio de Magnussen. De uma forma não tão lógica assim. Okay, talvez lógica, mas nada humana. “Did you just get engaged to break into an office?” Pelo menos toda a parte de Janine fez MUITO mais sentido quando coisas assim foram reveladas, quando entendemos que Sherlock não tinha qualquer tipo de sentimento romântico pela moça, apenas queria usá-la, já que ela era assistente pessoal de Magnussen, como uma forma de chegar até ele. E conseguiu. Certo, parece extremamente frio e terrível, mas se encaixa muito mais com o que conhecemos de Sherlock Holmes. Não deixa de ser terrível, though. Bem, então, assim como o lance das drogas, Janine era apenas para o caso. Pura manipulação. “Yes, like I said: human error”. Claro que eu, muito rapidamente, tive que deixar de lado toda a digestão do caso de Sherlock e Janine porque coisa muito mais surpreendente estava para acontecer.
E aconteceu.
Toda a cena da invasão foi REPLETA da mais pura tensão – um suspense angustiante. Toda a questão do perfume estava muito clara desde o princípio, desde que a Sra. Smallwood foi apresentada com o Magnussen, mas eu não me atentei longamente ao fato de Sherlock reconhecer o perfume e à informação de John Watson de que Mary também usava esse mesmo perfume. Quando Sherlock encontrou Magnussen prestes a ser assassinado, eu, como ele, também presumi que se tratasse de Smallwood. Foi um choque TREMENDO ver a Mary ali. LIAR pipocando pela tela. E no meio de um turbilhão de sentimentos confusos, em que não tínhamos tempo suficiente para processar, mais do que as informações, as emoções, Mary atira em Sherlock, porque é a única coisa que ela pode fazer. “I am sorry, Sherlock. Truly am”. Então Sherlock recebe o impacto do tiro, quase morto, e se refugia, nos poucos segundos que lhe restam para salvar sua vida, no Palácio da Mente, onde ele recebe visitas que podem ajudá-lo a se salvar, por mais que isso pareça muito difícil.
O Palácio da Mente.
SEQUÊNCIA INTEIRA FENOMENAL!
Tudo foi extremamente inteligente, um processo criativo impressionante, eu adoro o Palácio da Mente de Sherlock, particularmente. Primeiramente, Molly Hooper, novamente batendo nele. Pedindo foco. O cara do fã clube. Mycroft. A bala saiu do outro lado ou continua dentro dele? Espelho. Tinha um espelho atrás dele. Nenhum barulho de espelho se quebrando. Então a bala ainda estava dentro de seu corpo. Cair para trás então. 2. Choque. O choque pode matá-lo. Algo para acalmá-lo. Barba Vermelha, o cachorro da infância. Sherlock criança. Dor. Como controlar a dor. Foi angustiante ver o Sherlock sofrendo daquela maneira, cenas muito fortes que mostraram mais da atuação incrível de Benedict Cumberbatch, convincente e doloroso. O Moriarty preso lá dentro com o Sherlock foi digno de aplausos, mas de muito temor. Ele estava louco e preso. Fortíssimo. Bizarro. Assustador. “You’re gonna love being dead, Sherlock. No one ever bothers you”. Enquanto John Watson cuida de Sherlock lá na ambulância, pede para que ele fique com ele.
E é mesmo MUITO amor entre esses dois.
Porque é graças ao John que o Sherlock consegue voltar à vida.
Sherlock sobrevive assim que Moriarty cita John Watson e o lembra do quanto ele pode estar correndo perigo por causa de Mary. E Sherlock não pode deixar o amigo para trás, correndo perigo. Então ele abre os olhos. Foi uma luta terrível e muito bonita. De despedaçar nossos corações e destruir nossas unhas, claro. Sherlock lutando para subir aquelas escadas, dificílimas, até que conseguisse abrir os olhos. Foi linda a determinação e a força de Sherlock para, acima de tudo, salvar a vida de John. “His first word when he woke up: Mary”. Com Janine, depois de acordado, eu me diverti com a maneira como a história se resolveu bem e rápido. Não teve como não gostar dela. Ela se vingou um pouquinho com o lance da morfina, mas deu tudo certo. E ficou famosa e rica. Tudo bem então. Um manipulador frio e barato com uma oportunista amante de tabloides. Agora, duas coisas me chamaram a atenção na despedida de Sherlock e Janine: 1) que eles nunca chegaram a transar, o que só alimenta minhas teorias de que Sherlock é gay; e 2) o “You shouldn’t have lied to me. I know the kind of man you are. We could’ve been friends”.
Foi um baque forte demais!
Então Sherlock precisa confrontar Mary Watson. Não só no Palácio da Mente, mas na vida real. “Who are you?” E a cena na qual chegamos até ela é milimetricamente calculada para ser repleta de significado e dor. Revelações. Sherlock devolve a poltrona de Watson no loft e deixa o perfume ao lado. Confronta Mary com as caixas de fachada e a projeção de seu rosto, vestida de noiva. Fala sobre a identidade da Mary real, nascida morta em 1972, de quem ela roubou o nome, a certidão de nascimento e a identidade, 5 anos atrás. E as dicas estavam ali a temporada toda. O seu lado mais vazio na igreja. O número do quarto que ela lembrava no episódio passado quando o próprio Sherlock não lembrava. O código que ela decifrou quando o John estava correndo perigo. Tudo. Desde sempre. E eu estava querendo saber o que o Sherlock queria ao levá-la até ali. E eu temi que ela o convencesse a não contar ao John, mesmo que ele evidentemente PRECISASSE saber de tudo. Mas eu não precisava realmente ter me preocupado com essa parte.
“Sorry. Not that obvious a trick”
Não queria confiar na Mary. Não queria mais vê-la. Não queria ouvir o Sherlock a defendendo sobre como ela atirou calculadamente para hospitalizá-lo, mas não para matá-lo. Não queria. Eu compartilhava de toda a raiva e frustração de John Watson. Entendo o quanto ele estava FURIOSO. O quanto ele NÃO queria ver a Mary na sua frente. Talvez nunca mais. Mas o Sherlock estava mais preocupado em aceitá-la como cliente. “No, I have a better question: is everyone I’ve ever met a psychopath?” No lugar de John, eu não sei se saberia realmente lidar com a situação. Não que ele tenha lidado bem, mas ele lidou. Aquela cena em que ele coloca a cadeira e manda que ela sente-se, como qualquer cliente, porque ela não é mais do que isso, foi arrebatadora. Pesada. “Nós vamos escutar a sua história. E então decidimos se aceitamos o seu caso ou não”. Simples assim. Impessoal assim. A.G.R.A. As iniciais reais de Mary Watson e o pen-drive com todas as informações sobre quem ela era antes de se tornar Mary.
“John, Magnussen is all that matters now. You can trust Mary. She saved my life”
Curiosamente, o episódio conseguiu fazer com que eu me importasse novamente com Mary, e que eu quisesse voltar a confiar nela, que eu pudesse voltar a aceitá-la como esposa de John Watson e possível recorrente na próxima temporada. E parecia impossível. Com muita intensidade, senti a raiva profunda por Mary, mas também senti-a se esvaindo quando o Sherlock explicou toda a situação, quando entendemos razoavelmente seus motivos, quando John Watson a perdoou naquele estranho Natal na casa dos Holmes. “Is Mary Watson good for you?” Mas eu reconheço que não pode ser fácil para John voltar a confiar nela. De todo modo, isso é rapidamente obstruído pelo fato de que agora temos duas clientes, e uma delas é Mary Watson, para proteger. E depois de drogar toda a família em pleno Natal, com a ajuda de Wiggins (“Don’t drink Mary’s tea. Or the punch” – eu ri), Sherlock e John saem em um helicóptero atrás de Charles Augustus Magnussen. Para destruir as informações de Mary no Appledore. Toda a proposta de uma negociação, uma troca, os segredos do computador de Mycroft em troca de tudo o que ele tem contra Mary – afinal de contas, John Watson é e sempre foi a fraqueza de Sherlock Holmes.
“But look how you care about John Watson”
O problema, e então o episódio assume sua posição de tensão absoluta para uma finalização incrível, é que Appledore não existe, os cofres não existem, e as informações estão todas com Magnussen, em sua mente. O Palácio da Mente de Magnussen. “Sherlock. Do we have a plan?” Eu confesso que fiquei surpreendido. Não por essa parte, mas pelo término da história. John Watson e os petelecos, as ameaças e as risadas grosseiras. E certificando-se de que as informações contra Mary Watson só existiam na mente de Magnussen, Sherlock fez a única coisa que podia fazer para garantir a segurança dela: matar Charles Augustus Magnussen. De forma rápida e sem emoção. Friamente. Um sociopata funcional. Me preocupei com as consequências, me preocupei com tudo. Foi angustiante ver o Sherlock partir. Foi terrível ver a despedida dele e de Watson. E eu acredito piamente que “Sherlock is actually a girl’s name” é um verdadeiro “I love you”, quase gritado. Foi lindo. E quando achamos que vai acabar, Sherlock está no avião, a musiquinha do fim está começando…
Interferência.
Moriarty.
“Did you miss me?”
“There’s an East Wind coming”

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P.S.: Eu ADORO a Sra. Hudson, sempre amei. Me diverti muito com ela nesse episódio ao descobrir um pouco mais sobre o seu passado.     Tinha um cartel (na verdade do marido, ela só digitava! haha) e era dançarina exótica? A carinha dela com o Sherlock revelando essas coisas é um máximo! Ah, o pulinho dela de susto quando o John grita com o Sherlock para que ele cale a boca também foi um máximo. E o “Oh neighbors!” precedido de um pulinho e seguido de sua tímida saída quando o John grita de novo e começa a chutar a mobília. Perfeita.

Comentários

  1. O Sherlock provavelmente não é gay. É mais provável que ele seja um assexual, embora o Holmes original dos livros fosse mais para um celibatário, um homem (podendo inclusive ser hétero) que evitava envolver-se para evitar que as paixões nublassem sua mente. Nos livros nunca fica claro se o Sherlock transou ou não, mas em nenhum momento dá pistas de uma possível homossexualidade.

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