A Mediadora, Livro Dois – O Arcano Nove


Para uma adolescente, trocar de cidade pode ser um trauma. Para Suzannah, a mudança de Nova York para a Califórnia está sendo ótima: novos amigos, muitas festas e dois caras bonitões e muito interessantes.
Só que um deles é um fantasma. E o outro pode matá-la.
Suzannah é uma mediadora, uma pessoa capaz de se comunicar com os mortos e resolver as pendências deles na terra. A velha casa para onde se mudou com a mãe e o padrasto é assombrada por Jesse, um fantasma jovem e gentil.
Como Jesse não liga muito para ela (e, além do mais, está morto), Suzannah se entusiasma com o interesse de Tad Beaumont, o garoto mais cobiçado da cidade. Mas o fantasma de uma mulher, cujo assassinato pode ter relação com um mistério no passado de Tad, a atormenta. E a vida de Suzannah pode estar ameaçada.

“Talvez eu não fosse tão ruim nesse negócio de mediação quanto pensava”
Bastante diferente de A Terra das Sombras, a estreia de Meg Cabot em A Mediadora, eu acho que O Arcano Nove tem uma pretensão maior – as tramas, talvez mais complexas, se entrelaçam, e Suzannah Simon acaba presa em uma história perigosa investigando um assassino em série completamente por acaso. Quer dizer, tudo porque interpretou mal uma fantasma que aparece gritando em seu quarto toda noite e pede que ela conte a Red que ele não tem a matou. Com a divertida escrita de Meg Cabot que nos leva a um gostoso sentimento de volta à adolescência (e uma boa pitada de mistério, suspense e sensualidade), nós temos mais um livro acompanhando Suzannah e Jesse enquanto ela tenta a) ajudar as almas atormentadas que aparecem para ela pedindo ajuda; e b) não se apaixonar pelo fantasma gato do século XIX que mora em seu quarto. Não que isso seja particularmente fácil, quer dizer, o Jesse é uma delícia. Ah, a outra parte também não é fácil… mas ninguém disse que ser uma mediadora seria fácil.
Não é?
Desse modo, a leitura flui e você quer saber o que vai acontecer, enquanto Meg Cabot, brilhantemente, brinca entre o sério, o pesaroso e ainda mantém a narradora adolescente com um gostoso senso de humor… como aquela introdução na festa de Kelly Prescott em que Suzannah vê seu meio-irmão de quem menos gosta, Brad/Dunga, aos amassos com Debbie Mancuso… e esbarra em sumagre venenoso no meio do caminho. E vocês sabem, todo mundo falou das palmeiras da Califórnia, mas ninguém falou do sumagre venenoso! É nessa festa, também, que Suzannah é convidada para dançar por um verdadeiro GATO: o Tad Beaumont. E vai ser muito gostoso deixar o Jesse sentindo ciúmes dessa súbita aparição na vida da garota que divide um quarto com ele. De certa maneira. O livro traz uma participação menor do Padre Dom (porque não é a fantasma de uma aluna e ele ainda está meio debilitado por conta dos ataques de Heather) e menos cenas na escola, o que eu lamento… o que, talvez, me faça preferir A Terra das Sombras.
Mas é um gostoso livro diferente.
Uma mulher aparece, como eu disse, gritando no quarto de Suzannah no meio da noite. E o recado dela é: Diga ao Red que ele não me matou. Mas como Suzannah não sabe a quem ela se refere ao dizer “Red” e nem perguntou o nome da mulher, ela acaba meio perdida em relação a como entregar o recado… felizmente todo mundo conhece Red Beaumont, um grande empresário que, provavelmente, deve ser o Red a quem a mulher gritante se referia. Então Suzannah entra na maior confusão. Red Beaumont, obviamente o pai do lindo do Tad Beaumont, é bastante macabro, e não recebe tão bem a informação de que não matou aquela mulher. Bastante macabro, com dita sensibilidade à luz, janelas fortemente fechadas e um pouco de pavor ao olhar para o crucifixo de Suzannah, o Padre Dom vem com uma teoria MALUCA sobre Red Beaumont: ele é um vampiro. Bem, daí você acha que o negócio está virando festa. Como passamos de fantasmas a vampiros tão depressa? Não me lembrava exatamente o desenrolar da história, mas como sabia que A Mediadora não lidava realmente com vampiros, fiquei tranquilo.
E deu tudo certo.
Acidentalmente Suzannah esbarra em um caso sério, mas o problema não é realmente o Red Beaumont, como ela pensava, mas Marcus Beaumont, seu irmão macabro. Quando Suzannah conhece a tia de Cee Cee, Tia Pru, uma médium que joga as cartas de tarô e insistentemente tira o Arcano Nove, Suze começa a experimentar a invocação de fantasmas, trazendo a Sra. Dierdre Fiske à tona apenas ao pensar nela. Uma das mulheres mortas pelo Sr. Beaumont. Definitivamente perigoso, Marcus fez com que muitas pessoas “desaparecessem” (fossem brutalmente assassinadas) ao se colocarem no caminho da eterna expansão de seu capital/império. Nada amador. E infelizmente Suzannah se vê em situações perigosas com ele em eletrizantes cenas de ação nas quais nos decepcionamos cada vez mais com Tad Beaumont. As descrições de Suze sobre ele e seu corpo são tentadoras, ele é, definitivamente, um gato, mas é um mala inútil. Acho que sua grande participação, de fato, foi fazer o Jesse sentir ciúmes de Suze na MARAVILHOSA cena (que me marcou muito!) de quando ele fica revoltado porque, na sua época, as pessoas mantinham a língua na própria boca ao se despedir dos outros.
Uhm.
O livro é muito bem escrito, e a amplitude de tramas faz com que a narrativa flua de uma forma inovadora. Tudo passa depressa, e vemos um número maior de fantasmas. A mulher com o recado para “Red”. A Sra. Fiske. O pobre Timothy Mahern, um menino da Missão que morreu de câncer e agora quer que Suzannah encontre seu gatinho e o leve a algum lugar seguro… sua própria casa. E Spike é assustador, embora goste de Jesse! Depois de ajudar a parar um assassino em série perigoso (com uma belíssima ajuda de Jesse e uma eletrizante cena que envolve a quebra de um aquário imenso, fios de lâmpadas na água e um pulo mortal rumo à piscina no andar de baixo), Suzannah ainda precisa entender quem é a mulher que aparece gritando em seu quarto durante a noite e que insiste que “Red” não a matou. Um “Red” que ela conhece. É uma finalização belíssima, e novamente cenas lindas de Suzannah com David (Mestre), o seu meio-irmão caçula. Se em A Terra das Sombras ele a ajudou a descobrir sobre a morte de Jesse e a salvá-la na escola do exorcismo de Heather, aqui Suzannah ajudou-o a seguir em frente em relação à morte da mãe…
E A CENA FOI A COISA MAIS LINDA DO LIVRO!
Também porque eu adoro as cenas de Suzannah e Mestre, acho que ela gosta dele de verdade, e ele é realmente o seu melhor meio-irmão. E ele meio que sabe sobre os poderes dela de se comunicar com os mortos. Então tudo faz sentido. Acontece que Cynthia, a mãe de Mestre, ficou em coma por muito tempo e, então, eles acabaram desligando os aparelhos porque ela não ia querer viver assim. E Mestre, até hoje, se sente culpado por isso. Ele precisava saber que era isso mesmo o que ela queria, e que ele não tinha a matado. Foi muito emocionante quando a Suzannah lhe disse isso e, mais como o garotinho que é e menos como o supercomputador que finge ser, Mestre a abraçou e chorou, mesmo que ela estivesse molhada e fedendo a peixe. E quando o fantasma de Cynthia, a mãe de Mestre, apareceu atrás dele, chorando também e agradecendo a Suzannah pelo o que fez… bem, aquilo foi muito muito bonito! E não, Suzannah, ninguém a culpa por ter chorado, definitivamente. Foi uma cena digna de lágrimas, e um momento importante para todos vocês.
Agora andemos com a história de Jesse. A paixão. A morte dele.
“Jesse, se houvesse um modo de eu fazer com que você não estivesse morto, eu faria”.
Uhm, Meg Cabot já tinha Crepúsculo (A Mediadora #6) todo pensado!

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