[Season Finale] 3% 1x08 – Botão
“Eles só
querem os piores”
Com várias surpresas bacanas, eu acho que o último
episódio da temporada não veio tão bombástico quanto eu esperava, mas pareceu
mais com uma provocação para uma vindoura segunda temporada, que eu espero de
verdade. Cada um dos quatro candidatos remanescentes experimentam um fim
surpreendente, e nós ficamos pensando como serão as coisas a partir de agora –
enquanto isso, a injustiça e as barbaridades do Processo são evidenciados
através de cenários vazios, de flashbacks
e de um sentimento eletrizante de que ainda não chegamos ao fim. A Causa
verifica as fotos de seus infiltrados e percebe que Michele e Rafael são os
únicos que continuam lá dentro e, possivelmente, estão indo para o Maralto,
enquanto ganham novos reforços do Lado de Cá. No entanto, percebemos o jogo
baixo usado em ambos os lados e as injustiças não são exclusividade do
Processo, mas também da Causa, e é difícil saber em quem confiar. Se confiar em alguém. Me lembra um pouco
Jogos Vorazes ou, no cerne mais
íntimo da questão, Estado e Revolução,
de Lênin. Quer dizer, tirar do poder alguém para colocar outro igualmente
problemático.
Talvez Joana mude isso.
Fernando começa o episódio agradecido porque ele
passou, está entre os 3%, mas é ironicamente eliminado na mesma prova que ele
ajudou a melhorar, porque lhe é fornecida a “esperança” de ir embora por causa
da suposta eliminação de Michele – e ele sai desesperado. Sinceramente, eu
achei UM MÁXIMO, e ele bem que mereceu! Fiquei feliz ao vê-lo eliminado. Não
que aqueles aprovados tenham realmente tido algo que comemorar. Michele estava
em um estado deplorável, sendo torturada em busca de informações da Causa, e a
verdade mais reveladora lhe é feita: ANDRÉ SANTANA, irmão de Michele, NÃO ESTÁ
MORTO! Está entre os 3% que, 5 anos atrás, no Primeiro Processo de Ezequiel,
foi para o Maralto. Assim, a ideia toda da Causa começa a desmoronar frente às
mentiras contadas a ela sobre o assassinato de seu irmão para recrutá-la, e uma
revelação ainda mais surpreendente: que
Ezequiel mesmo já fora da Causa, mas escolheu o “lado certo”. Deixei de
saber em quem acreditar, no que acreditar, que lado defender, que opinião ter.
Decidi acompanhar indiferentemente.
Não apoiar nem um lado nem o outro, no fim das
contas.
Rafael, por outro lado, o meu personagem FAVORITO,
é levado para o Ritual de Purificação e fica horrorizado com a informação: a vacina esteriliza. Segundo as pessoas
do Maralto, a vacina coloca um fim no maior problema da humanidade, que é o ato
de ter filhos. “Vocês são os nossos
filhos do Maralto”. Portanto, NÃO HÁ crianças do Lado de Lá. E é claro que
o Rafael entra em choque – afinal de contas, o discurso dele incluía dar uma
vida melhor para seus filhos. Não achei que ele fosse conseguir seguir em
frente, inclusive com outras pessoas perto dele chorando. Mas ele se lembrou: “Filhos são todos. Não só os seus”. E
conseguiu. Tomou a vacina, “purificando-se” para o Maralto. “Eu aceito sacrificar minha capacidade
reprodutiva em troca de uma sociedade justa. E prometo só pisar no Maralto
purificado”. Fiquei inicialmente chocado, mas na verdade passou depressa.
Faz todo sentido. O desprezo com que eles tratam as crianças e os jovens
candidatos, a falta de empatia e de humanidade.
A esterilidade explica MUITA coisa.
BEM-VINDO AOS 3%
As coisas acontecem se sobrepondo, meio depressa.
Aline tenta conseguir o apoio de Cássia para provar sua inocência. Michele, com
o psicológico esmagado, é colocada ao lado dos outros escolhidos rumo a um
internamento no Maralto. Joana é levada para uma conversa com Ezequiel e um
último teste. UM BOTÃO. A ideia é simples: que ela se desligue definitivamente
dos 97% e do Lado de Cá, matando um cara que uma vez bateu nela pelo simples
ato de apertar um botão. O nervosismo, tensão e dúvida de Joana exemplificam a
diferença entre ela e as pessoas frias do Maralto, que não expressam humanidade
alguma, que não se importam com o Lado de Cá, que não os veem como “pessoas de
verdade”. Então ela não consegue: “Não.
Eu não sou uma assassina”. E NÃO aperta o botão. E quando Ezequiel se acha
no direito de fazer um discursinho para ela (“Eu me enganei. Eu tenho vergonha de ter apostado em você. Você é uma
fraca. Um nada”), ela ri. Sim, ela RI. E por mais estranho que pareça, você
só espera. Porque você sabe que vai vir coisa MUITO boa pela frente.
E vem.
Vem porque Joana não decepciona:
“Você pensa
que pode mudar a cabeça de todo mundo, mas não pode. Às vezes parece que sim,
mas não. […] Olha só você! Dizendo que o Lado de Lá foi feito pra gente como
eu! Não, foi feito para gente como você! Um coitado. Se acha melhor do que todo
mundo. Mas é um belo de um cuzão, um bosta, que só tem esse processinho de lixo
para brincar de reizinho. Você não consegue ver como isso aqui é um absurdo?
Porque não tem nada de gente mesmo! Agora, lixo, é o que você é”. Wow. Chegou
a me arrepiar! Ela disse todas as verdades que todos nós queríamos dizer,
colocou em palavras melhor do que qualquer um de nós poderia ter colocado, e
arrebentou com Ezequiel, provocando aquela deliciosa cena dele acabado,
destruindo aquela garrafa de vinho, lembrando de Julia, que disse coisas
similares a ele. Genial! Assim, Joana pega suas roupas, as coloca de volta e
sai, encontrando-se com Fernando, e ambos voltam para suas vidas do Lado de Cá,
não que elas realmente vão voltar a ser as mesmas um dia.
“Eles só
querem os piores”
Porque as coisas mudaram. Uma temporada nos mostra
que nada mais pode ser o mesmo. A sequência final, genial e perturbadora, nos
mostra que há muito o que acontecer. Rafael e Michele se encaminham para o
Maralto, só podemos ter um rápido vislumbre dele, mas não sabemos como é a vida
do Lado de Lá. Fernando escuta um discurso absurdo do pai que, só agora,
percebe o quão revoltante e ridículo soa. Joana olha para a Causa com
interesse. O quadro de Marco é pendurado na parede de sua casa como se ele
tivesse sido aprovado para o Maralto. Os cenários vazios das instalações do
Processo em paralelo com mortes sangrentas de episódios passados nos lembram
dos horrores presenciados num jogo absurdo, extremista e injusto – ao lado do
discurso de Ezequiel, que sempre fora revoltante, mas percebemos agora a que
extensão. “Você é o criador do seu
próprio mérito”. O absurdo é escancarado numa sequência final clara,
chocante, angustiante. Mas enigmática. Porque ainda há muito o que acontecer, e
só podemos esperar!
Rafael agindo do Lado de Lá.
Joana agindo do Lado de Cá.
A segunda temporada PROMETE! \o/
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